SECRETÁRIA ADJUNTA DA CONFERÊNCIA DOS BISPOS DO CHILE DEFENDE O PONTO DE VISTA ORIGINAL DAS MULHERES NOS ESPAÇOS DA IGREJA

A secretária adjunta geral da Conferência Episcopal do Chile, Valeria López, presente na Assembleia Regional do Cone Sul, em Brasília (DF), afirmou em entrevista ao padre Luis Modino que a escuta ao povo de Deus, na etapa das Igrejas Particulares do processo sinodal, fez emergir a questão da mulher e a sua participação na Igreja como um clamor.

Ela aponta que a que as escutas permitiram perceber que nas paróquias e comunidades católicas dos países do Cone Sul, a ação pastoral é realmente levada a cabo por um grande número de mulheres que colocam as suas vidas a serviço da missão da Igreja, mas o mesmo não se traduz nos espaços de decisão.

Leiga, advogada e casada, ela defende uma maior participação das mulheres nos espaços de poder da Igreja porque elas trazem um ponto de vista diferente e original. A representante da Igreja no Chile reconhece que, com o impulso do Papa Francisco, pequenos passos que ajudam a avançar estão sendo dados e significam muito para o futuro da Igreja.

“O papel das mulheres é decisivo, mesmo ajudando a curar feridas, como está acontecendo no Chile com a questão do abuso sexual, com muitas mulheres ‘nas nossas mesas de reparação, naquelas que concebem e implementam as diretrizes em cada diocese’”, argumentou

Ela conta que o tema das mulheres têm estado muito presente na reflexão da Igreja no Chile nos últimos anos tanto no processo de discernimento desencadeado pelo Sínodo, no marco da 3ª Assembleia Eclesial em seu país e também com participação expressiva na Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.

Um fato que tem marcado a Igreja no Chile, segundo ela, é o percurso de discernimento muito particular desde 2018 com a crise do abuso sexual, com um  reconhecimento e valorização da perspectiva feminina neste processo. “Tudo o que temos como mulheres na esfera materna, com o modelo de Maria, significa também que a nossa abordagem às vítimas de abuso, o tratamento, as boas práticas, o acolhimento, a escuta e também a reparação, como mulheres temos algo muito original e muito específico para contribuir para isso”, compartilhou.

Olhar específico e escuta ativa

As mulheres, segundo Valeria López, também têm uma contribuição especial no processo de escuta sinodal, com um olhar “nem melhor nem pior”, mas como apontou  São João Paulo II, complementar no povo de Deus, ao olhar dos homens, ao olhar dos religiosos e dos clérigos.

“O olhar das mulheres tem a sua peculiaridade e estamos muito habituadas à escuta ativa, nós mulheres temos essa capacidade de escuta, essa paciência que, insisto, mesmo quando a maternidade não é ativa, como pode ser no caso das religiosas, esse dom maternal, seguindo o exemplo de Maria, faz com que a nossa escuta, a nossa paciência, a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros, a empatia, se desdobre de uma forma especial neste caminho que estamos a aprender, porque é um processo, o caminho sinodal”, refletiu.

A secretaria adjunta da Conferência Episcopal do Chile vê o futuro das mulheres na Igreja com muita esperança em razão dos pequenos passos que estão sendo dados. “Para mim é uma bênção estar neste momento a cumprir este serviço, com o meu trabalho na Conferência Episcopal como mulher, e como estrangeira, porque também sou estrangeira no Chile. (…) Acredito realmente que para as mulheres na Igreja é um pequeno passo, mas tudo o que significa para atrás é muito valioso e sinto-me muito responsável por isso também, sinto-me muito comprometida com ele”, disse.

Com informações do padre Luis Modino – Equipe de Comunicação da Assembleia Regional do Cone Sul

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