Saudação

    1º  Motivação bíblica de minha mensagem. Certa-vez, há quase 2 mil anos atrás, Jesus, já ressuscitado, apareceu junto do lago de Tiberíades, quando então perguntou a Pedro: “tu me amas mais do que estes”? (Jo 21,15). Fê-lo, 3 vezes, e Pedro compreendeu bem o porquê da tríplice pergunta. Comoveu-se e convertido pediu no fim da vida, para ser crucificado, de cabeça para baixo, pois não se considerava digno de o ser, como seu mestre Jesus Cristo. Há uns 50 ou 60 anos atrás, Jesus também, te perguntou, talvez, no mais profundo do teu inconsciente. Anuar: “tu me amas mais, que o matrimonio, que a riqueza, a liberdade, e mais do que a ti mesmo”? Então parta, para trabalhar na minha vinha (Mt 20.4). Tu foste e ainda hoje, estas bem ativo nela.

    • Excelentíssimo Dom Anuar Battisti. DD. Arcebispo Emérito de Maringá.
    • Estimadas religiosas.
    • Caros seminaristas.
    • Amadas autoridades.
    • Queridos leigos e leigas, que estais construindo o Reino de Deus na sociedade toledana, em nossos, certamente conturbados dias.

    2º Dom Anuar: que te direi, hoje, na celebração feliz do teu septuagésimo aniversario? Dir-te-ei, o óbvio, o essencial para nós cristãos: que é preciso ser sempre grato a Deus, pois, tudo que existe de bom e verdadeiro, vem direta ou indiretamente de Deus. Dele procede a vida, a inteligência, a liberdade, bem como a vocação e a missão. Tudo é dom, por isso, repito uma vez mais: é necessário ser sempre grato a Deus, como, já o havia afirmado Paulo aos colossenses: “estote semper grati Deo” (Cl 3,15). Quem não o for, nem autêntico cristão é. Poderá, até ser, um batizado. Nada mais. Afirma Santa Terezinha: somente pode pretender receber novas graças, quem foi grato, pelas já recebidas. Tinha razão. Todos os grandes personagens bíblicos foram gratos. O maior, sem dúvida, foi o próprio Jesus Cristo. Basta meditar o Evangelho de João, onde, isso se pode constatar, sem dúvida alguma. Na belíssima oração sacerdotal (Jo 17), Ele o demonstra, incontestavelmente: fala com seu Pai, tratando-o de “Abbá”.  Como, se isso não bastasse, fala em Pai santo, Pai justo. Fala filialmente. Em Mateus, temos um texto, que nem parece ser mateico (talvez seja de João). De fato, Jesus, ora dizendo: “Eu te louvo, o Pai Senhor do céu e da terra, por teres ocultado isso aos sabidos e revelado aos pequeninos. Sim Pai, foi assim que dispuseste na tua benevolência e acrescentando, disse: “vinde a mim, todos vós que estais caindo, sob o peso do fardo e Eu vos darei descanso” (Mt 11,25-30). “Entre estes, estou eu. Estamos todos nós”. Jesus foi, amorosamente, grato. E Maria? Não foi diferente. Quando enriquecida, pelo dom da divina maternidade e visitando sua prima, Isabel, também agraciada, pela concepção do precursor, proclamou “seu magnificat” (Lc 1.46), onde abrindo seu coração, canta os louvores ao Deus libertador e salvador. Vale a pena meditá-lo. E São Paulo? Ele, também, normalmente, abre suas missivas, tecendo louvores ao salvador crucificado e ressuscitado. É grato. A gratidão é então a flor mais bela, que nascer pode, no coração humano, vivificado pelo amor de Deus.

    3º Deus é Amor, afirma São João, na primeira epístola (4,8.16) e completa, dizendo, ainda, que Deus nos amou, por primeiro (1Jo 4,10,19). Somos amados, para podermos amar. Por ser amor, Deus é também misericórdia, ternura e perdão. Por isso mesmo, no coração transpassado de Jesus, continuava a habitar a Trindade: o mistério dos mistérios, ou seja, o mais sublime e profundo. Quem é amado, ama, quem ama, ora, obedece e assumi sua missão. É fiel. Por isso mesmo, precisamos cultivar nossa pessoal e filial experiência de Deus, principalmente, em nossos tempos, religiosamente tão instáveis. O vocacionado ministerialmente, ao patamar presbiteral ou episcopal, deve ser alguém que tem especial e terna vivência da união com Deus: mantendo diálogo filial com o Pai, fraternal com Cristo e os irmãos e comportando-se como um eterno educando do Espírito Santo. O cristão é, portanto, um apaixonado por Deus e seu Reino.

    4º Por isso, Excelentíssimo Srº Dom Anuar, eu te convido a lançar um olhar discipular retrospectiva, circunspectiva e prospectivamente, pois houve em tua vida, um chamado que resultou em missão, para continuar a obra do mestre Jesus. Ele, outrora, chamou os que quis, para permanecerem com Ele, para formando-os, enviá-los, afirma São Marcos (3.13) Verdadeiramente, Ele não precisa de conselheiros ou assistentes ao trono. Chama para enviar. Por isso, te inspirou, dizendo, “vai, também, tu para minha vinha (Mt 20.4). Vai livre e amorosamente evangelizar, para fazer crescer o Reino de meu Pai. Não somos funcionários de uma empresa religiosa, onde a teologia do dízimo, é constantemente apresentada, mas integrantes de uma Igreja toda missionária, servidora e sinodal. Por isso, falei em lançar um olhar circunspectivo, para constatar quais são as grandes lacunas de nossa era, que Bento XVI denomina de “neopagã”, com origem na ditadura do relativismo (Bento XVI), bem como da omissão dos evangelizadores e da falta de testemunho de todos nós, cristãos. De fato, o mundo atual é acéfalo, desnorteado, agressivo, quando não sem sentido. Conhecemos a doença, usamos a profilaxia correta, além do método oportuno, para a transformação desta realidade? Como somos homens e mulheres de esperança, devemos lançar, ainda, um olhar prospectivo: iluminado pela palavra de Deus e pelo ensinamento da Igreja e assim continuar a semear. Temos nossas preocupações, mas não somos pessimistas ou derrotistas, pois o Senhor garante que estará, sempre conosco. Que Maria, a mãe de todos os cristãos e do sumo e eterno sacerdote, Jesus Cristo, de cujo sacerdócio ministerial participamos, esteja sempre conosco. A ti feliz aniversariante, no invejável patamar do teu septuagésimo ano de vida, que Deus sempre te inspire, ilumine e acompanhe, para que possas, com saúde e alegria, continuar a aprofundar tua missão apostólica e pastoral. Ad multos multosque annos. Parabéns.

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