O Papa Pio V é venerado por ter unido a Europa, acabando com as guerras internas para que todos se voltassem contra o verdadeiro inimigo, os turcos, vencidos finalmente em 1571.
Mas é preciso lembrar que ele implantou reformas essenciais também dentro do cristianismo, acabando com o nepotismo na Igreja, um mal que até hoje afeta as comunidades no âmbito político. Também não se pode esquecer que defendeu o catolicismo com corpo e alma, unhas e dentes, quando preciso, chegando a excomungar a Rainha Elisabete I, da Inglaterra.
Miguel Ghisleri nasceu em 1504, em Bosco Marengo, na província de Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara na congregação dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua carreira correu na Terra como um raio. Foi professor, prior de convento, superior provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois cardeal, grande inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566, tomando o nome de Pio V.
Assim que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes. Não deu “emprego” a nenhum, afirmando ainda que um parente do papa, se não estiver na miséria, “já está bastante rico”. Implantou ainda outras mudanças no campo pastoral, aprovadas no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões e a censura das publicações, para que não contivessem material doutrinário não aprovado pela Igreja. Depois de conseguir a união dos países católicos, com a conseqüente vitória sobre os turcos invasores e de ter decretado a excomunhão e deposição da própria rainha da Inglaterra, o furacão se extinguiu. Papa Pio V morreu em 1572, sendo canonizado em 1712.
Sua memória, antes homenageada em 5 de maio, com a reforma do calendário litúrgico passou a ser festejada nesta data, 30 de abril.
São José Benedito Cottolengo
José Benedito Cotolengo nasceu em Brá, na província de Cuneo, no norte da Itália, no dia 3 de maio de 1786. Era o mais velho dos doze filhos de uma família cristã muito piedosa. Ele tinha apenas cinco anos quando sua mãe o viu medindo os quartos da casa com uma vara, para saber quantos doentes pobres caberiam neles. Dizia que quando crescesse queria encher sua casa com esses necessitados, fazendo dela “seu hospital”. O episódio foi um gesto profético. Na cidade de Brá, ainda se conserva esta casa.
Com dezessete anos ingressou no seminário e aos vinte e cinco se ordenou sacerdote na diocese de Turim. Seu ministério foi marcado por uma profunda compaixão pelos mais desprotegidos, esperando sempre a hora oportuna para concretizar os ideais de sua vocação.
Em 1837, padre José Benedito foi chamado para ministrar os sacramentos à uma mulher grávida, vítima de doença fatal. Ela estava morrendo e mesmo assim, os hospitais não a internaram, alegando que não havia leitos disponíveis para os pobres. Ele nada pôde fazer. Entretanto, depois que ela morreu e ter confortado os familiares, o padre se retirou para rezar. Ao terminar as orações, mandou tocar os sinos e avisou a todos os fiéis que era chegada a hora de “ajudar a Providência Divina”.
Alugou uma casa e conseguiu colocar nela leitos e remédios, onde passou a abrigar os doentes marginalizados, trabalhando ele mesmo como enfermeiro e buscando recursos para mantê-la, mas sem abandonar as funções de pároco. Era tão dedicado aos seus fiéis a ponto de rezar uma missa às três horas da madrugada, para que os camponeses pudessem ir para seus campos de trabalho com a palavra do Senhor cravada em seus corações.
Os políticos da cidade, incomodados com sua atuação, conseguiram fechar a casa. Mas ele não desistiu. Fundou a Congregação religiosa da Pequena Casa da Divina Providência e as Damas da Caridade ou Cotolenguinas, com a finalidade de servir aos pequeninos, aos deficientes e aos doentes. Os fundos deveriam vir apenas das doações e da ajuda das pessoas simples. Padre José Benedito Cottolengo tinha como lema “caridade e confiança”: fazer todo o bem possível e confiar sempre em Deus. Comprou uma hospedaria abandonada na periferia da cidade e reabriu com o nome de “Pequena Casa da Divina Providência”.
Diante do Santíssimo Sacramento, padre José Benedito e todos os leigos e religiosos, que se uniram a ele nesta experiência de Deus, buscavam forças para bem servir os doentes desamparados, pois como ele mesmo dizia: “Se soubesses quem são os pobres, os servirias de joelhos!”. Morreu de fadiga, no dia 30 de abril de 1842, com cinqüenta e seis anos.
A primeira casa passou a receber todos os tipos de renegados: portadores de doenças contagiosas, físicas e psíquicas, em estado terminal ou não. Ainda hoje abriga quase vinte mil pessoas, servidas por cerca de oitocentas irmãs religiosas e voluntárias. A congregação pode ser encontrada nos cinco continentes, e continua como a primeira: sem receber ajuda do Estado ou de qualquer outra Instituição. O padre José Benedito Cotolengo foi canonizado por Pio XI, em 1934, sua festa litúrgica ocorre no dia 30 de abril.