São Lourenço e o Dia dos Diáconos

    Na primeira semana de agosto, mês vocacional nós rezamos e refletimos sobre os ministérios ordenados. Já tivemos oportunidade de fazê-lo sobre os presbíteros no dia de São João Maria Vianney, o cura d’Ars. Agora, no dia de São Lourenço, diácono e mártir rezamos e refletimos sobre o Diaconato.

    Diaconia significa literalmente serviço. Através do rito da ordenação, o diácono é introduzido para fazer parte do clero. O primeiro grau do sacramento da Ordem é o diaconato. O diaconato se compreende de duas formas, o permanente e para aqueles que se destinam ao presbiterado.

    O diaconato é um serviço ministerial da Igreja no grau do ministério ordenado. Os padres antes de serem ordenados recebem o diaconato por um certo período que pode variar de seis meses, um ano ou mais. Os futuros presbíteros desempenham o diaconato por um tempo que os prepara para o sacerdócio pelo anúncio da palavra e o serviço sacramental. Uma vez ordenado diácono não poderá constituir família pelo matrimônio.

    O diaconato permanente é conferido aos homens solteiros ou casados, e, diferentemente dos padres e bispos, o diácono permanente antes da ordenação diaconal pode constituir família e deve uma vida de trabalho profissional habitual como qualquer outra pessoa. O diácono é chamado a viver sua vida matrimonial e diaconal dedicando a vida ao serviço profissional e à missão, em especial, à família, seguindo os ensinamentos de Cristo. Entre outras atividades, além da questão social, pode celebrar batismos e casamentos, abençoar os fiéis assim como conduzir algum grupo de comunidade, pastoral ou movimento.

    É importante recordar os diáconos permanentes neste dia do seu patrono, neste mês das vocações: somos chamados a render graças ao Senhor por este ministério do serviço, da caridade e da palavra. Que nossas Dioceses e Paróquias possam acolher e incentivar cada vez mais a vocação ao diaconato permanente. Dar-lhes espaços e motivação necessária para o desempenho da missão e ministério a serviço do povo de Deus.

    O diaconato permanente foi restaurado pelo Concílio Vaticano II (1962-1965) que em seus documentos (entre os quais a Lumen Gentium) propôs essa restauração. Os primeiros diáconos brasileiros foram ordenados pelo Papa Paulo VI em Medellin (1968) na Colômbia há 50 anos e logo depois começariam a ser ordenados outros no Brasil. Aqui no Rio de Janeiro temos 31 anos dos primeiros diáconos permanentes ordenados graças à audácia de D. Eugênio Araújo Salles que, apesar das dificuldades impostas pelo Conselho de Presbíteros da época, assim mesmo deu esse grande passo importante para a caminhada eclesial.

    O dia do diaconato é celebrado neste mês vocacional no dia de São Lourenço, diácono e mártir. O mártir São Lourenço é patrono dos diáconos.

    São Lourenço, mártir, nasceu na Espanha em 225 d.C., no reino de Aragão, quando jovem, mudou-se para Saragoça para terminar seus estudos teológicos, lá ele conheceu o futuro Papa Sisto II, eles eram grandes amigos e cultivam uma recíproca e fraterna estima um pelo outro. Em 257 d.C., Sisto foi eleito bispo de Roma, logo acolheu o amigo Lourenço a quem confiou-lhe o diaconato permanente e o cuidado dos pobres da cidade. O seu martírio aconteceu no período de grande perseguição aos cristãos, provocado pelo Imperador Valeriano, que mandava os cristãos serem queimados vivos. São Lourenço Mártir foi colaborador direto do Papa Sisto II e responsável por um centro dedicado ao serviço dos pobres de Roma. Ele foi capturado em 6 de agosto de 258 pelos soldados do Imperador Valeriano nas catacumbas de São Calisto, juntamente com o Papa Sisto II e outros diáconos da Igreja de Roma. Enquanto o Papa e os outros diáconos foram imediatamente mortos, São Lourenço foi inicialmente poupado sob a condição de que ele entregasse ao imperador em três dias, todos os tesouros da Igreja Romana. Lourenço foi perseguido até a morte por causa de sua fé cristã.

    Na manhã de 10 de agosto, Lourenço se apresentou ao Imperador Valeriano, liderando uma procissão de pobres, doentes e necessitados, e exclamando: “Aqui estão os tesouros da Igreja”. Ele foi então amarrado a uma grande grade, e foi queimado vivo, seu corpo foi levado para o Campo Verano. Segundo os relatos históricos e a tradição martirial daquele século, conta-se que São Lourenço São Lourenço foi colocado em uma grade sobre o fogo, e aí entregou sua vida por amor ao Jesus Cristo.  Durante a tortura, voltando-se para os seus torturadores, exclamou: “Estou cozinhado de um lado, vire-me do outro”. Conta-se também que um soldado presente na execução do mártir retirou algumas gotas de sangue e suor com um trapo. O local ainda hoje é visitando por inúmeros peregrinos cristãos. Foi martirizado em 10 de agosto de 258, d.C. em Roma.

    Naquela ocasião do seu martírio o jovem Lourenço tinha apenas 33 anos. Entre os diáconos dos primitivos da Igreja de Roma, São Lourenço é visto como modelo de entrega total a graça de Deus através da escuta da Palavra e do serviço aos pobres porque viveu radicalmente o seguimento a Jesus Cristo pelo seu discipulado.

    Estes diáconos primitivos romanos eram considerados os guardiões dos bens da Igreja e dispensadores de ajuda aos necessitados. São Lourenço desempenhou sua missão cristã através do serviço aos pobres e o anúncio da Palavra isto se deu através do diaconato, os diáconos compõem a hierarquia da Igreja assim como os padres e os bispos, eles são configurados ao sacerdócio de Jesus Cristo, por isso ministros ordenados.

    O nome Lourenço significa coroa feita de ouro, o ouro era símbolo e recompensa dada aos guardiões, estes recebiam após suas vitórias. O Papa Sisto III mandou edificar uma majestosa basílica com três naves na colina onde o mártir foi enterrado, no século XIII o Papa Honório III, unificou a antiga igreja existente Basílica, denominando a grande Basílica de São Lourenço Fora dos Muros, lá existe uma caixa de madeira e ferro onde se encontra o corpo do Santo Diácono Lourenço.  São Lourenço a partir do século IV, tornou-se e continua a ser um dos mais venerados mártires da Igreja de Roma, a quem ele dedicou-se como diácono servidor. São dedicadas ao mártir igrejas e basílicas em toda a Itália e no mundo.

    Neste dia do diácono, e comemorando os 50 anos da ordenação dos primeiros diáconos permanentes brasileiros, saúdo a todos os diáconos permanentes de nossa Arquidiocese e abençoo o seu trabalho e as suas famílias. Que o exemplo do mártir São Lourenço, seu exemplo de cristão servidor do Evangelho testemunhado através do Martírio por amor a palavra de Deus, acolhida e vivida através do seu diaconato de amor e serviço aos pobres, possa nos incentivar e iluminar nossa caminhada de fé, e esperança e caridade a serviço do Reino de Deus.

    São Lourenço, Diácono e Mártir, rogai por nós!

     

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