Celebramos no dia 11 de julho a memória litúrgica de São Bento Abade. Nosso patriarca São Bento é patrono dos monges do ocidente em suas diversas famílias surgidas no decorrer dos séculos, que seguem o carisma do santo, que é o trabalho e a oração. São Bento é nosso intercessor na luta contra o mal e na contemplação diária do sagrado. São Bento nos ajuda a persistirmos numa vida de oração e a vencermos a preguiça ou aquilo que atrapalha nos colocarmos na presença de Deus. Para vencermos as ciladas do inimigo, São Bento nos ensina que podemos rezar em vários momentos ao longo do dia, sobretudo, em nosso trabalho com o intuito de santificá-lo e santificar aqueles que estão próximos a nós.
Ele é um santo bem popular para todos os cristãos, sendo bem conhecida atualmente na devoção popular a “medalha de São Bento”. Essa medalha contém um significado bem especial para quem a usa e é utilizada hoje por muitos fiéis.
Quando fomos batizados, recebemos o Espírito Santo, dom de Deus, e segundo diz São Paulo temos que direcionar a nossa vida sob a orientação do Espírito Santo recebido no batismo. Não podemos direcionar a nossa vida segundo a carne, pois a carne nos leva ao pecado e o Espírito Santo nos conduz a fazer a vontade de Deus. O Espírito Santo nos ajudará no combate contra o mal. Os sacramentais, em eles, a medalha de São Bento pode ser um instrumento que nos ajuda a ouvirmos a voz do Espírito Santo e não da carne.
Normalmente, os mosteiros são locais dedicados à oração e ao silêncio contemplativo. Existem mosteiros que são abertos ao público e outros que são mais reservados e dedicados à prática de retiros espirituais. Os cânticos usados em geral nas celebrações litúrgicas e momentos de oração são conhecidos como “cantos gregorianos”. São cânticos que convidam mais à introspecção e à oração, sem nenhum tipo de acompanhamento instrumental ou, no máximo, acompanhamento de um órgão. O canto gregoriano foi organizado na Igreja pela Papa São Gregório Magno, no século VI.
Bento nasceu na Itália, por volta do ano de 480. Ainda jovem foi a Roma estudar ciências liberais. Nessa época, havia uma pressão muito grande em cima do império romano por conta da invasão dos bárbaros. Diante de tal situação e com o coração indignado, ele acabou optando por se retirar e manter-se isolado em uma gruta, que ficava em um penhasco, no alto das montanhas.
Enquanto esteve nessa gruta, dedicou-se à oração e à vida eremita, sendo alimentado por um outro monge, através de um cesto erguido até o penhasco. A alimentação era basicamente pão, pois a alimentação naquele local era escassa. Permaneceu nesse local por três anos. Com certeza, nesse tempo de isolamento, São Bento teve que lutar contra as tentações do mal e não ouvir a voz da carne, e sim a do Espírito Santo. O principal alimento de São Bento nesse período foi a palavra de Deus.
Aprendamos da espiritualidade beneditina o silêncio e a contemplação, e escutemos o que Deus tem a nos falar. Muitas vezes, usamos muitas palavras para falar com Deus, mas não é necessário, é no silêncio e na contemplação que Ele nos escuta. Cada um de nós pode ter a experiência de passar por um retiro espiritual em algum mosteiro, ou simplesmente visitar um mosteiro passando um dia, participando da missa e conhecendo os monges e a estrutura do mosteiro.
Que possamos criar o hábito de rezar mais, de ter uma vida de oração constante, pois através de uma vida de oração vencemos o inimigo, a exemplo de São Bento.
Nesse período de solidão e isolamento, São Bento inspirou outros jovens que também queriam cultivar seus valores cristãos. Esses jovens começaram a visitá-lo constantemente e, em pouco tempo, a sua vida de solidão e isolamento terminava. A partir dessa experiencia com os jovens, São Bento começou a pensar seriamente na ideia de fundar um mosteiro e colocar em prática os ideais que ele acreditava, que eram sobretudo: oração e trabalho.
Aos 40 anos, Bento resolve sair da gruta e assume alguns mosteiros a pedido dos monges e mais tarde terá a oportunidade de fundar o que viria a ser o grande centro da vida beneditina, o mosteiro de Monte Cassino. Ao contrário do que era a sua vida na montanha, no mosteiro vivia-se a vida comunitária e sob a direção de um abade. Mas a oração e a contemplação tinham papel fundamental. Após esse, São Bento teria fundado mais 12 mosteiros.
A regra beneditina dominou toda a Europa, e muitos jovens se sentiam atraídos e queriam ingressar no mosteiro. O lema principal da congregação era “Ora et labora” (oração e trabalho), onde a oração era transformada em trabalho e o trabalho em oração, através da fé e da obediência. A regra de São Bento deixava todos bem à vontade, e era aplicada e moldada de acordo com as capacidades e limitações de cada um. Por isso, muitos optavam por abraçar a vida monástica.
Normalmente, os beneditinos vivem uma vida de clausura, ou seja, se retiram do mundo, para interceder pelo mundo através de uma vida de oração e contemplação. Dentro do mosteiro também realizam trabalhos comunitários, como cuidar da horta, cozinha, limpeza entre outras tarefas. Por essa razão, o lema é: “Ora et Labora”, porque não devemos esquecer da oração e nem deixar de trabalhar, até mesmo o próprio trabalho, podemos fazê-lo rezando.
As moças que queriam se dedicar a uma vida de oração e contemplativa também tiveram oportunidade dentro do carisma beneditino. Por meio da irmã de São Bento, Santa Escolástica, adotaram a regra de São Bento e, mais tarde, ficaram conhecidas como monjas beneditinas.
Após a morte de São Bento, em 547, a imagem e figura de São Bento propagou-se mais e mais e, posteriormente, recebeu o título de patrono da Europa.
Segue a oração que consta na medalha de São Bento e nos posiciona para uma vida de oração e trabalho:
“A Cruz Sagrada seja a minha Luz
Não seja o dragão o meu guia
Retira-te satanás
Nunca me aconselhes coisas vãs
É mau o que tu me ofereces. Bebe tu mesmo o teu veneno.”
São Bento, rogai por nós.
