Santíssima Trindade: comunhão de amor e de vida doada!

    Retornamos ao Tempo Comum, depois de termos celebrado com grande entusiasmo a Solenidade de Pentecostes, com a efusão dos dons do Espírito Santo em toda a Igreja e em nossa vida. A primeira, das três, Solenidades que são celebradas no Tempo Comum é a Santíssima Trindade. A Solenidade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. Deus, Uno e Trino, é comunidade de amor e se revela na pessoa do Pai, exclusivamente bom, na pessoa do Filho, Redentor da humanidade e na pessoa do Espírito Santo, Dom de amor.

    Na primeira leitura (Ex 34,4b-6.8-9), o Deus da comunhão e da aliança, apostado em estabelecer laços familiares com o homem, auto-apresenta-Se: Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia. Depois do povo deixar-se levar pela idolatria (Ex 32-33), Moisés subiu ao monte Sinai com as duas tábuas nas quais o Senhor “escreveria” as palavras de sua Lei, para que fosse transmitida ao povo. No alto do monte, no momento em que invocava o Senhor, pelos lábios de Moisés sobressaem os atributos de nosso Deus. Primeiro e maior: Deus é perdão e inclinado a perdoar, por dom generoso, nossas faltas e pecados. Segundo: o Senhor é “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”.

    Na segunda leitura (2Cor 13,11-13), São Paulo expressa – através da fórmula litúrgica “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco” (2Cor 13,13) – a realidade de um Deus que é comunhão, que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor. Se quisermos ser de fato “imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26), devemos seguir as orientações de São Paulo ao coríntios. Ora, em Deus não há discórdias e disputas. No seio de Deus, certamente, vigoram e circulam amor sem fim e comunhão perfeita. Encorajar uns aos doutros na vivência da fé, cultivar a concórdia e buscar, em todas as circunstâncias, a primazia da paz se faz necessário para que estejamos na graça do Senhor Jesus, no amor do Pai e na comunhão do Espírito Santo.

    No Evangelho (Jo 3,16-18), São João convida-nos a contemplar um Deus cujo amor pelos homens é tão grande, a ponto de enviar ao mundo o seu Filho único; e Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até à morte na cruz, a fim de oferecer aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor (que vai até ao dom da vida do Filho único e amado), plasma-se a grandeza do coração de Deus. Sabemos qual grande é o amor de Deus pelas criaturas, especialmente, pelo ser humano, a sua criatura predileta (Sl 8,4-10). Deus se revelou amor e perdão. Deus nos criou para o amor, perdão e comunhão. Vamos, com alegria, pedir a Deus, Uno e Trino, para vencer o pecado e restabelecer entre nós a comunhão, para que sejamos novamente divinizados e participantes da divina e perfeita comunhão trinitária!

    A Santíssima Trindade se manifesta a nós como um Deus que é amor, acolhida e ternura. As três Pessoas divinas formam perfeita comunhão. Deus não é um ser solitário e distante da humanidade; ele partilha seu amor com todos nós, seus filhos e filhas. Mais do que uma doutrina e uma verdade, a Trindade santa é presença viva a ser acolhida e contemplada: Não há dúvidas que estamos diante do maior mistério que os olhos não viram, os ouvidos não escutaram, nem a mente conseguiu compreender. Por isso Deus continua incessantemente criando, redimindo e santificando, sempre com amor e por amor, e a cada criatura que o acolhe faz refletir um raio de sua beleza, bondade e verdade. O cristão não é uma pessoa isolada, pertence a um povo, esse povo que Deus forma. Não se pode ser um cristão sem tal pertença e comunhão: somos povo, o povo de Deus!

    Rendemos louvores e graças a Deus, Uno e Trino, Deus Santíssimo, pleno de amor e de misericórdia! Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, Amém!

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