Instrumentos da vida divina!

    A liturgia de hoje garante-nos que Deus tem um projeto de salvação para que o homem possa chegar à vida plena e propõe-nos uma reflexão sobre a atitude que devemos assumir diante desse projeto.

    Na segunda leitura(cf. 1Cor 2,6-10), São Paulo apresenta o projeto Salvador de Deus (aquilo que ele chama “sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Deus preparou desde sempre “para aqueles que o amam”, que esteve oculto aos olhos dos homens, mas que Jesus Cristo revelou com a sua pessoa, as suas palavras, os seus gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz (pois aí, no dom total da vida, revelou-se aos homens a medida do amor de Deus e mostrou-se ao homem o caminho que leva à realização plena).

    A primeira leitura(cf. Eclo 15,16-21) recorda, no entanto, que o homem é livre de escolher entre a proposta de Deus (que conduz à vida e à felicidade) e a autossuficiência do próprio homem (que conduz, quase sempre, à morte e à desgraça). Para ajudar o homem que escolhe a vida, Deus propõe “mandamentos”: são os “sinais” com que Deus delimita o caminho que conduz à salvação.

    O Evangelho(cf. Mt 5,17-37) completa a reflexão, propondo a atitude de base com que o homem deve abordar esse caminho balizado pelos “mandamentos”: não se trata apenas de cumprir regras externas, no respeito estrito pela letra da lei; mas trata-se de assumir uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas, que tenha, depois, correspondência em todos os passos da vida.

    Jesus, à primeira vista, age com mais dureza do que a própria Lei. Na verdade, é justamente o contrário! Jesus não era mais rigoroso e nem contra a Lei(cf. Mt 5,17); era contra o uso da Lei como um tipo de comércio: “Façamos exatamente o que manda a Lei, porque em compensação Deus deverá nos conceder a salvação”. O que Jesus deseja é a perfeição da Lei, realmente uma observância do coração: não simplesmente matar fisicamente, mas evitar matar psicológica e moralmente o irmão por desprezo, depreciação e inveja(cf. Mt 5,21-22). Não basta não cometer adultério; é preciso também não alimentar no coração a cobiça por mulher casada ou homem casado, e ser fiel ao compromisso assumido no casamento(cf. Mt 5,27). Repudiar a esposa ou o esposo por um motivo ou crise que pode ser superada nunca foi a vontade de Deus(cf. Mt 19,1s).  No matrimônio não se pode pensar só em si mesmo; é uma vocação de amor oblativo, total doação um ao outro; é uma vocação em que os dois deverão enfrentar os desafios, sofrimentos e crises juntos. Se o divórcio é um mal menor, nunca poderá ser um bem! Deus quer que sempre se diga a verdade, se é necessário fazer um juramento a Deus, significa que a pessoa nem sempre falou a verdade(cf. Mt 5,33-37).

    Peçamos a Jesus Cristo a graça de sermos instrumentos de vida, não de morte. Sempre instrumentos de vida, não de morte. Sempre instrumentos de união, e não de separação. Sempre instrumentos de união, e não de separação. Sempre garantia da verdade, e não da incerteza ou mentira.

    No sermão da montanha (cf. Mateus 5 a 7), bem como no diálogo com o jovem rico (cf. Mateus 19;16ss), ao Cristo tratar do verdadeiro espírito da lei Ele lembra que Deus leva em conta não só a mera obediência ao seu texto, mas as reais e íntimas intenções do indivíduo quanto a tal obediência. Nenhum dos mandamentos da Lei de Deus tem aplicação limitada a Israel. O próprio princípio do sábado foi estendido aos “filhos dos estrangeiros” (cf. Isaías 56;2-8), e todas as pessoas de todas as nacionalidades têm necessidade de um dia regular de repouso, daí porque “o sábado foi feito por causa do homem” (cf. Marcos 2;27).

    No novo concerto os princípios básicos da lei divina são escritos por Deus nos corações e mentes dos Seus filhos, judeus ou gentios, nos moldes do que havia sido prometido ao antigo Israel em Ezequiel 36,26, 27 e Jeremias 31,31-33.

    Nos debates de Cristo com os escribas e fariseus sobre o sábado Ele está corrigindo a prática extremada e insensível deles do Decálogo, e não combatendo uma norma estabelecida por Ele próprio como Criador e Legislador (ver Mateus 12:1-12; Heb. 1:2).

    João no Apocalipse (1,10) refere-se ao “dia do Senhor” que para nós católicos é o Domingo, como sendo um dia especial dedicado a Deus. Portanto, ele mantinha um dia especial de observância, como estabelecido no 3º mandamento da lei de Deus: Santificar os Domingos e Festas de Guarda.

    Que tuas palavras expressem o que trazes no teu coração. Que tua boca diga aquilo que o coração está cheio. Enquanto é tempo, acerte o passo! Reconcilia-te como Deus e o irmão!

    Senhor, purifica os meus lábios com o fogo do teu Espírito. As palavras que saem da minha boca possam ser reflexo da eterna Palavra, viva e eficaz, a ponto de penetrar a alma dos meus irmãos, que revela os pensamentos do coração e como o bálsamo que alivia as chagas!

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