Santa Dulce dos Pobres

    Ontem, sábado – dia 13 de agosto –  celebramos a memória litúrgica de Santa Dulce, conhecida como a santa dos pobres, tinha um carinho especial pelos menos favorecidos da sociedade e era criticada por isso, inclusive por membros da própria Igreja. Santa Dulce é conhecida ainda como o “anjo bom da Bahia” e é uma santa genuinamente brasileira. A sua canonização gerou uma grande comoção nacional e mundialmente.

    Santa Dulce nasceu em 26 de Maio de 1914, em um tempo difícil para a humanidade, pois estava em meio a primeira guerra mundial. Filha de Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes. Santa Dulce nasceu em uma família bem humilde, por isso mesmo ela toma a atitude de ter um olhar diferente para os mais pobres, pois, além de ser um mandato de Jesus, ela viveu na pele a pobreza.

    Desde pequena era bem religiosa e tinha uma intimidade com Jesus e nutria no coração o desejo se consagrar inteiramente a Deus, como religiosa. Ela pensava que o melhor modo de agradar a Deus era servindo aos mais pobres.

    Santa Dulce se tornou religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, ela escolheu o nome de Dulce para homenagear a sua mãe. Em muitas congregações religiosas aqueles que se consagram escolhem um nome em sinal de consagração a Deus.

    Determinada e com uma fé inabalável, dedicou os anos de sua vida religiosa aos mais pobres. Irmã Dulce saía pelas ruas de Salvador, muitas vezes arriscando a sua vida e, em busca dos mais pobres e excluídos pela sociedade. Irmã Dulce batia na casa das pessoas no centro de Salvador pedindo doações para aqueles que não tinham dignidade e direitos reconhecidos.

    Um fato inusitado na história de vida de Santa Dulce, foi no ano de 1949, onde ela improvisou no galinheiro do Convento, um abrigo para acolher os doentes que eram resgatados por ela nas ruas de Salvador. Ela foi muito criticada por essa atitude, inclusive pela Madre superiora do convento. Santa Dulce muitas vezes saía a noite para visitar os doentes e pobres e isso quase causou a sua expulsão do Convento. A Madre superiora chamou Irmã Dulce e o Arcebispo Primaz dizendo que se ela não parasse com essas atitudes teria que deixar a ordem religiosa.

    A insistência de Irmã Dulce gerou resultados e suas preces foram atendidas por Deus, no ano de 1959, um terreno foi doado para a construção do Albergue Santo Antônio. Anos mais tarde, ao lado do albergue, foi fundado o Hospital Santo Antônio, coração das obras sociais de Irmã Dulce. Ela desejou sempre em seu coração esse hospital para poder atender os seus doentes, como ela dizia.

    Anos mais tarde, por volta do ano de 1990, foi a irmã Dulce que ficou doente, sofrendo de problemas respiratórios. Deixou grandes lições para nós e para aqueles que admiravam o seu trabalho e que foram beneficiados por ele. Uma das grandes lições que Irmã Dulce deixou é sempre persistir naquilo que quer e nunca desistir, pois Deus sempre escuta as nossas preces. Com tantos anos de incompreensão por algumas autoridades eclesiásticas o fim da vida de Irmã Dulce foi mais ameno porque contou com o incondicional apoio do Arcebispo Primaz de então, o Cardeal Lucas Moreira Neves, OP, que foi seu protetor e incentivador de sua memorável obra de caridade e de evangelização. Um outro legado que ela deixa é cuidar sempre dos mais pobres e servi-los com amor.

    Santa Dulce morreu no dia 13 de Março de 1992, em sua casa, no Convento Santo Antônio. Uma grande comoção tomou conta da cidade, do País e do mundo. Muitos dos que foram beneficiados por ela, foram ao seu velório e sepultamento e já a declaravam Santa, devido ao grande amor que tinha por eles.

    Sua beatificação aconteceu bem depois de sua morte em 22 de Maio de 2011. A celebração reuniu mais de 70 mil fiéis para a coroação da primeira beata nascida na Bahia. Santa Dulce passou a ser conhecida como Bem- Aventurada Dulce dos Pobres, tendo o dia 13 de Agosto como data oficial de sua celebração litúrgica.

    No dia 13 de Outubro de 2019, em missa presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano, Irmã Dulce foi declarada Santa. Recebendo o título de Santa Dulce dos Pobres, tornando-se a primeira Santa Brasileira.

    Santa Dulce dos Pobres é o exemplo para as obras católicas de filantropia e assistência social hospitalar. O seu exemplo de socorrer e dar dignidade para os doentes é vivo e eloquente serviço em nome de Cristo e da Igreja.

    Recordemos a memória litúrgica de Santa Dulce dos Pobres, pedindo a Deus sobretudo, que a exemplo de Santa Dulce tenhamos carinho pelos mais pobres e fragilizados da nossa sociedade, e ainda confiemos sempre em Deus, pedindo que Ele atenda as nossas preces.

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