Manoel Tavares – Cidade do Vaticano
O prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, fez um pronunciamento aos participantes do Congresso Mundial da Signis 2022, que se realiza na Universidade de Sogang, em Seul, de 15 a 18 de agosto.
Em seu discurso, Ruffini expressou sua satisfação em participar presencialmente deste Congresso, embora a tecnologia em nossos dias permita tomar parte, virtualmente, nas diversas atividades que se realizam no mundo. De fato, a tecnologia nos permite hoje, coisas que no passado eram impensáveis, como teleconferências, telemedicina, e-Commerce.
A tecnologia não só transformou o nosso mundo, mas faz parte de nós, da nossa inteligência e se baseia em nossos pensamentos e capacidade de transmitir nossos conhecimentos e invenções. A técnica concretiza a ideia humana e leva ao mundo um produto, fruto do espírito humano, com base nas possibilidades incalculáveis do homem e da natureza.
O trabalho do homem e sua criatividade, artística e técnico-científica – afirma Paolo Ruffini – são uma característica divina, um sopro divino. Assim, tornamo-nos protagonistas do futuro. No entanto, há coisas que a tecnologia não pode substituir: a liberdade, o encontro das pessoas, conversão, engenhosidade, amor gratuito. Podemos estar hiperconectados, mas, ao mesmo tempo, também sozinhos e fechados em nós mesmos.
Quando não conseguirmos mais transmitir uma mensagem ou não houver mais comunicação, mas apenas conexão, devemos nos interrogar sobre a nossa conexão, solidão, unicidade e diálogo, diante dos desafios da tecnologia.
Neste sentido, recordou a viagem que o Papa Francisco fez à Coreia onde, no Santuário de Solmoe, propôs a chave para encontrarmos a felicidade na sociedade telemática: “A felicidade não se compra. A felicidade do amor perdura no tempo!”.
Às vezes, corremos o risco de sermos tratados como coisas ou objetos, comprados ou vendidos. Isto se chama ‘consumismo’, um paradigma que define a nossa identidade: “ter” ou “ser”? Aqui, entra o vírus da solidão. Porém, somos muito mais que uma “coisa ou objeto”. O nosso modo de interagir, baseado no amor, torna-nos menos sozinhos e mais felizes.
Neste sentido, Paolo Ruffini citou uma frase da Mensagem do Papa para o Dia das Comunicações Sociais: “Comunidades de redes sociais não são, automaticamente, sinônimos de comunidade”. Aqui entra em ação o nosso testemunho de comunicadores e jornalistas, a busca de uma verdade transcendente, que oferece à tecnologia uma perspectiva de serviço ao bem comum: eis o remédio para nossa infelicidade e solidão.
Poderíamos dizer que “vivemos em uma era da sabedoria e da ingenuidade, da comunicação e da incomunicabilidade, da globalização consumista e da indiferença”. O jornalismo, muitas vezes, é corrompido pelo poder. Por isso, cabe a nós servir à verdade, através dos olhos e ouvidos da fé, criando comunhão, unidade, diálogo e encontro. Este é o desafio da boa comunicação e do bom jornalismo, logo, também da Signis.
Falando da tarefa dos homens e mulheres da Signis, Paolo Ruffini afirmou: “A Signis deve ser uma rede que une, liberta, entrelaça a verdade, a fé e a esperança! Como diz o Papa ‘precisamos de meios para construir pontes e abater os muros’. Não podemos mudar o mundo digital. Por isso, devemos fortalecer, em nível global, a nossa rede de comunicação. Deste modo, a Signis pode ajudar a Igreja a tecer uma rede, que não seja apenas uma conexão, mas traduza a mensagem evangélica ao mundo, no respeito das histórias e das culturas. Devemos, com humildade, ser instrumentos de uma missão transcendente, mantendo a comunhão através da comunicação”.
Na conclusão do seu discurso, Paolo Ruffini fez uma recomendação: “Comunicadores e jornalistas católicos, queridos amigos da Signis: diante desta difícil e grandiosa missão de comunicação, devemos ser protagonistas de um novo humanismo; cabe a nós enriquecer nossa comunicação, criando um novo universo, guiado pelo Espírito Santo, para sermos mais dignos de credibilidade; devemos construir projetos comuns, pois a ‘unidade é força, divisão é fraqueza’.”
Enfim, dirigindo-se, de modo particular, aos membros da Signis, o prefeito do Dicastério para a Comunicação ponderou: “A Signis pode ser, cada vez mais, um sistema arterial da comunicação mundial ao transmitir a verdade, no respeito de todas as culturas, mediante uma comunicação confiável e crível. Por isso, precisamos de pessoas de boa vontade, voluntários, profissionais e transmissores da verdade; precisamos fortalecer o vínculo entre a Igreja de Roma e as Igrejas locais, a fim de que todos possam contribuir para a construção de um sistema de comunicação, baseado na humanidade e na verdade”.