Restaurados em Cristo, por Maria Santíssima!

    Chega mais um doce e feliz dias 12 de outubro. Nossos olhares se voltam para a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Aparecida, SP. Lá, queremos venerar a Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e pedir a sua proteção em favor do nosso Brasil, neste momento histórico em que vivemos. Terminado o primeiro turno das eleições, rezamos pelos que foram eleitos e pedimos as graças divinas para os que ainda colocam seus nomes para a escolha dos eleitores em alguns Estados e em nível nacional.

    No ano de 1717 três humildes pescadores realizaram uma pesca milagrosa para dar de comer ao Conde de Assumar. Ao puxarem de volta para seu barco as redes lançadas, descobriram dentro delas uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Quebrada em duas partes e escurecida pela lama, Nossa Senhora “Aparecida” foi destinada a tornar-se o consolo, o amparo e a glória do povo brasileiro. A imagem foi guardada na casa de um dos pescadores até 1732, quando seu filho construiu um oratório para ela. Já naquela quadra, os fiéis se reuniam toda a semana, no dia de sábado, para recitar o terço. Como a imagem começava a fazer favores milagrosos, em 1745 a primeira capela foi inaugurada. Coube ao grande mineiro, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, primeiro Arcebispo Metropolitano de Aparecida, transferir a imagem da Basílica Velha para a Basílica Nova, que é a Igreja Catedral de Aparecida. Por Aparecida passaram, como peregrinos de Nossa Senhora, o Papa São João Paulo II, em 1980, que consagrou a Nova Basílica Nacional; o Papa Bento XVI, em 2007, para a abertura da V Conferência do Episcopado Latinoamericano e Caribenho e o Papa Francisco, em 2013, para consagrar a JMJRio 2013.

    A primeira leitura(Est 5,1b-2;7,2b-3) mostra que Ester aborda o rei em sua sala do trono para pedir-lhe a clemência real por todo o seu povo. Este ato exigia muita coragem, porque a etiqueta do palácio não permitia que ninguém entrasse na sala do trono – nem mesmo a rainha – sem um convite pessoal do rei. Somente se o rei, ao ver o “intruso”, baixasse a ponta do seu cetro a vida desta pessoa seria poupada. Se não baixasse a ponta, a pessoa seria sumariamente executada. Por amor ao seu povo e ao seu Deus, Ester enfrenta o desafio. Graças a Deus, o rei baixa a ponta do cetro, concede o pedido de Ester e faz com que Amá cumpra a pena de morte, mandando-o ser enforcado na forca que Amã tinha construído para por fim a Mardoqueu. A Igreja contempla na personagem de Ester uma prefiguração de Nossa Senhora Aparecida. Certamente, foi por meio de sua intercessão que os humildes pescadores do Rio Paraíba conseguiram a pesca milagrosa e evitarem os efeitos do descontentamento do governador português presente na vila de Guaratinguetá em visita oficial.

    Através de Ester, a Igreja quer proclamar Nossa Senhora Aparecida como intercessora – e intercessora eficaz – em todas as necessidades do povo brasileiro. Mesmo o diabo, a personificação do mal, é impotente diante das orações de Maria, assim como Amã diante da intercessão da Rainha Ester. A nossa rainha, Maria, é humilde, como Ester, é de ascendência judia, como Ester, tem de enfrentar o dragão, como nos ensina a segunda leitura(Ap. 12,13.15). Mas Maria consegue tudo.

    No texto do Apocalipse(cf. Ap 12,1.5.13a.15-16a), aparece a mulher que luta com o dragão, representante das forças das trevas e da morte. É uma mulher coroada, mas sua realeza provém exclusivamente da realeza do Filho, que “governa todas as nações com cetro de ferro” (v. 5a). O Filho é “levado para junto de Deus e do seu trono” (v. 5b), alusão à ascensão de Cristo ao céu. Isso significa que o Filho é vencedor contra as forças representadas pelo dragão. E, para usufruir dessa vitória, é necessário que cada cristão sustente a luta. No combate contra as forças do mal, o ser humano é sustentado pela fé e pela graça. Sustenta-o também a materna proteção de Maria, que não cessa de interceder a seu Filho para que a humanidade alcance a vida em plenitude.

    A ideia da intercessão, na presente liturgia, concerne sobretudo à pátria brasileira, portanto uma realidade histórico-material.  Pode-se, então, pedir a Maria que a ninguém faltem as condições necessárias para viver dignamente. Mas esse pedido deve traduzir também nossa disponibilidade para colaborar e participar na grande obra de amor que Cristo iniciou e assinalou em seu primeiro “sinal”, em Caná(Cf. Jo 2,1-11). Ou seja, os pedidos devem exprimir a vontade de colaborar no reino de paz e amor, pois esse reino é o meio mais seguro para fazer acontecer a realização daquilo que pedimos. Se pedimos bênçãos pela pátria, devemos estar dispostos a nos tornarmos instrumentos daquilo que pedimos (integração de todos numa sociedade justa e fraterna etc.).

    No Evangelho Maria é aquela que intercede a Cristo. Ela pede o vinho da nova aliança, que significa ter vida em plenitude. E, para experimentarmos o vinho novo, é preciso fazer tudo o que Cristo nos disser (cf. Jo 2, 5). Maria é aquela que nos aponta o Filho. Seu desejo maternal para conosco é que sejamos verdadeiros seguidores de Jesus. A certeza com que Maria se dirige a Jesus, apesar de não ser ainda a hora, reflete seu verdadeiro discipulado, porque ela acreditou muito antes de ver o sinal. Por isso, Maria é verdadeira intercessora da Igreja. Ela acredita e confia na ação de Deus em favor de seu povo. Ela pede o que é mais importante para nós, cristãos: a plenitude da vida. E, se seguirmos realmente sua indicação e fizermos tudo o que Cristo nos disser, jamais nos faltará o “vinho bom”, pois o teremos em abundância. Se aprendermos isso, certamente viveremos com maior profundidade nossa devoção a Nossa Senhora Aparecida.

    A dona da festa é “Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil”. O povo a chama simplesmente de Nossa Senhora Aparecida. Para a “Imaculada Conceição” temos outra festa, em 8 de dezembro. Todavia, vale a pena, apoiados na liturgia, estabelecer um nexo entre a “imaculada conceição” (=a eleição de Maria desde a sua concepção) e seu papel de intercessora e padroeira do nosso povo. Tal nexo se encontra na ideia da “eleição”. Maria não é intercessora e padroeira por mérito próprio, mas porque Deus assim quis que fosse e a elegeu para colaborar na obra a ser levada a termo pelo filho. Toda a vida de Maria foi dedicada a Deus: este é o sentido de sua concepção sem o pecado original, conforme a Tradição da Igreja. E nesta total dedicação a Deus se baseia a sua “liberdade régia” (cf. Ester) para intervir junto a seu filho – o filho de Deus –, para apontar a necessidade de seu povo, como narra o evangelho de hoje.

    Jesus, atendendo ao pedido de sua Mãe, Maria Santíssima, transformou água em vinho. Agora cabe a cada um de nós fazer comunhão no pão e vinho consagrados como uma antecipação do banquete do céu e um estímulo eficaz para a nossa colaboração na construção do Reino de Deus.

    O nosso amor para com Maria há de ser amor a Jesus, e aos irmãos e irmãs. Que Nossa Senhora Aparecida, cujos os 40 anos estamos comemorando de sua restauração, depois daquele malfadado atentado, nos ajude a sermos, com Ela, restaurados em Cristo, para darmos testemunho do Ressuscitado e santificarmos o mundo, com a graça de Deus!

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