“Mestre o que devo fazer para herdar a vida eterna”? Quer saber o doutor da Lei. O quê? “O que diz a Lei”, pergunta, então Jesus. (Lc 10,26) Ele responde: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma, com toda a sua força e com todo o teu entendimento; e a teu próximo, como a ti mesmo”. (Lc 10,27) Hoje, as dúvidas do doutor da lei e as omissões de muitos cristãos acomodados, são ainda as mesmas. Quem, afinal de contas é o meu próximo no dia-a-dia? A resposta à pergunta, não é meramente teórica, mas prática: meu próximo é quem necessita de mim, o doente, o empobrecido, o necessitado, o infeliz. Não basta, portanto, saber quem é nosso próximo, mas, fazer algo por ele: agir. Ir ao encontro, servindo-o e valorizando-o. Estamos de acordo, ou ainda temos dúvidas?
Hoje, na pós modernidade, no Brasil e no mundo, estão descendo muitos, não tanto de Jerusalém para Jerico, mas do Haiti para o Brasil, do Nordeste para o Sul, da pobreza à miséria. É a luta por uma vida melhor, por vezes, até somente, para conseguir sobreviver. Certamente, também hoje, alguns eclesiásticos (ou não…) estarão andando, meio apressados e passando para o outro lado do caminho, para não se comprometer, com os necessitados. Não têm tempo, para descer do seu comodismo e fazer algo pelos carentes. Tem desculpas, até inteligentes, mas, no fundo, o que lhes falta é o amor cristão. Por isso, os assaltados continuam pedindo ajuda, ao longo dos caminhos da vida.
“Vai e faça o mesmo” (Lc 10,28), falou Jesus ao doutor da lei, outrora e a nós, hoje. Agora, penso que saibamos, muito bem, quem é nosso próximo, e o que é preciso fazer. No inferno, infelizmente, dizem ao menos, alguns entendidos (…), que há muitos conhecedores da religião e talvez, até, mesmo teólogos, ou exegetas da Bíblia, que citaram, até capítulos e versículos do Evangelho. Tem cabeça, mas não pensam bem, tem coração, porém, não sabem amar. Ainda não compreenderam que o coração tem razões, que a razão desconhece. Querem ser amados por todos, mas não sabem estar próximos, dos que precisam ser amados. Deixam os infelizes assaltados, caídos ao longo dos seus caminhos, pois, estão sempre com pressa, e apresentam toda espécie de desculpas, às vezes, até inteligentes. Chegará, no entanto o momento, em que será, tarde demais, para apresentar escusas.
+ Dom Carmo João Rhoden – SCJ
Bispo Emérito de Taubaté –SP
Presidente da Pró Saúde.