Depois do momento profundo das “24 horas para o Senhor” celebrado em toda a Arquidiocese, começam as celebrações penitenciais em todas as paróquias dando oportunidade para o povo de Deus fazer a experiência da misericórdia de Deus e, assim, estar preparado para celebrar a Páscoa do Senhor.
Agradeço a Deus por ver toda essa vitalidade e os sacerdotes empenhados em irem de paróquia em paróquia de sua forania para atenderem as confissões das pessoas nestas duas semanas que antecedem a semana santa. Além disso existe a oportunidade de confessar-se em suas paróquias durante o tempo da Semana Santa quando as celebrações nos impelem ainda mais a renovação de nossas vidas à luz da Páscoa.
Portanto, a minha palavra é de gratidão a todos os padres que trabalham em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro pelo empenho, em todos os Vicariatos, Foranias e Paróquias, nas celebrações penitenciais preparam o povo para as celebrações da Semana Santa e da Páscoa do Senhor, consequentemente para a nova vida em Cristo. Agradeço a dedicação de nossos sacerdotes para o atendimento das confissões auriculares que enche o meu coração de pastor de viva consolação e de alegria. Graças a Deus nossos sacerdotes tem um grande empenho no atendimento das confissões, não só no tempo da quaresma e do advento, mas em todo o ano litúrgico. Nossos sacerdotes zelosos têm o confessionário como uma das prioridades de seu ministério presbiteral!
O pecado é uma falta ao amor verdadeiro que devemos a Deus, a nós mesmos e ao próximo, por causa de um apego perverso a certos bens que aparecem como atrativos por efeitos da tentação, mas que na verdade são daninhos para o homem. No fundo, é uma falta contra a razão, a verdade e a reta consciência.
O Sacramento da Penitência é o caminho ordinário para obter o perdão e a remissão de todos os pecados graves cometidos depois do Batismo. Aquela falsa premissa de que confessar é somente com Deus é presunçoso. Quem prescindir arbitrariamente dos instrumentos da graça e da Salvação que o Senhor Jesus dispôs, prescindindo do Sacramento da Reconciliação, é um caminho não querido pelo próprio Senhor.
Nestes dias em que caminhamos para a celebração da Semana Santa, em que aqueles que ainda não se confessaram, muitos às vezes por um bom auxílio neste sentido, proponho um itinerário simples para nos aproximarmos do confessionário.
- Exame de consciência: antes da confissão devemos examinar a nossa consciência e ver se estamos andando nos caminhos do Senhor! Se fazemos a sua vontade. Se participamos da missa todos os domingos, se retribuímos a Deus com o nosso dízimo, se vivemos a nossa vida como discípulos-missionários do Senhor? E como anda a nossa vida familiar? Como anda a nossa vida social? Como anda a nossa vida eclesial? Nesse momento nós dispomos em fazer uma relação minuciosa de tudo aquilo que ofende a Deus, à comunidade e aos irmãos. Para os que quiserem ofereço este site em que há um completo exame de consciência: https://www.acidigital.com/sacramentos/penitencia/exame.htm, último acesso em 31 de março de 2019.
- Dor e propósito: um dos atos centrais do sacramento da confissão é a contrição. Um rechaço claro e decidido do pecado cometido, junto com o propósito de não voltar a cometê-lo, pelo amor que se tem a Deus e que renasce com o arrependimento. Desta contrição depende a verdade da penitência. Segue uma fórmula do ato de contrição: “Meu Deus, eu me arrependo, de todo coração de todos meus pecados e os detesto, porque pecando não só mereci as penas que justamente estabelecestes, mas principalmente porque Vos ofendi a Vós, sumo bem e digno de ser amado sobre todas as coisas. Por isso, proponho firmemente, com a ajuda da vossa graça, não mais pecar e fugir das ocasiões próximas de pecar. Amém”. Nestes dias últimos da Quaresma seria oportuno refletirmos muitas vezes pelo ato de contrição.
- A acusação do pecado: é necessário que o penitente compareça diante do Juiz (o padre, em nome de Deus e da Igreja) e acusar os seus pecados. A palavra pode chocar num mundo como o de hoje. Mas é isso mesmo: devemos “cortar na carne e no coração” tudo aquilo que nos afasta de Deus e acusar, ou seja, dizer todos e cada um de nossos pecados. Caberá ao padre fazer o julgamento do arrependimento do penitente. Não basta apenas acusar (dizer) os pecados, mas, sobretudo é necessário arrepender-se dos seus pecados. A acusação dos pecados é também o gesto do filho pródigo que volta ao pai e é acolhido por ele com o beijo da paz; gesto de lealdade e de valentia; gesto de entrega de si mesmo, por cima do pecado, à misericórdia que perdoa. Tenham presente que ainda está vigente e o estará para sempre na Igreja a necessidade da Confissão íntegra dos pecados mortais
- O momento do perdão: O padre, como confessor, com a missão de juiz e de médico, imagem de Deus Pai que acolhe e perdoa àquele que volta: é aquele que, em nome de Deus e da Igreja, oferece ao penitente a absolvição. Pela fórmula sacramental da Absolvição, livre de todos os pecados, o penitente retoma a graça batismal. É o momento no qual, em resposta ao penitente, a Santíssima Trindade se faz presente para apagar seu pecado e devolver-lhe a inocência, e a força salvífica da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus é comunicada ao mesmo penitente. Somente a fé pode assegurar que naquele momento todo pecado é perdoado e apagado pela misteriosa intervenção do Salvador.
- A penitência: terminada a confissão caberá ao penitente perdoado cumprir a penitência. A satisfação da penitência coroa o sacramento. A penitência tem por missão conseguir a remissão das penas temporais que, depois da remissão dos pecados, ficam ainda por expiar na vida presente ou na futura.
O Papa Francisco, que tanto tem se empenhado em difundir a importância desse sacramento, reafirmou a atualidade do sacramento da confissão: “Jesus veio para nos salvar, revelando-nos o rosto misericordioso de Deus e aproximando-se Dele com seu sacrifício de amor. Por isso, devemos sempre lembrar que o Sacramento da Reconciliação é um verdadeiro e apropriado caminho de santificação; é o sinal eficaz que Jesus deixou à Igreja para que a porta da casa do Pai permanecesse sempre aberta, sendo assim sempre possível o retorno dos homens a Ele”, ressaltou. Nesse sentido, enfatizou que “a confissão é o caminho de santificação para o penitente e para o confessor”… “A própria reconciliação é um bem que a sabedoria da Igreja sempre salvaguardou com toda a sua força moral e jurídica com o segredo sacramental. Isso, embora nem sempre entendido pela mentalidade moderna, é indispensável para a santidade do Sacramento e para a liberdade de consciência do penitente, o qual deve estar certo, em qualquer momento, que o colóquio sacramental permanecerá no segredo do confessionário, entre a própria consciência que se abre para a graça e Deus, com a necessária mediação do sacerdote (“.https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-defende-a-atualidade-do-sacramento-da-confissao-12944, último acesso em 31 de março de 2019.)
Vamos acorrer ao confessionário e nos preparar condignamente para a celebração da paixão, morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sejamos santos! Não tenhamos medo de exalar o bom odor da santidade. E esse testemunho inicia-se pelo exame de consciência, pela acusação dos pecados, pelo arrependimento, pela absolvição sacramental e pela satisfação da penitência. Na alegria da reconciliação sejamos testemunhas do Ressuscitado! Boa confissão para todos!