Que mais eu poderia ter feito?

    Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum

    A liturgia deste Vigésimo Sétimo Domingo do Tempo Comum, nos apresenta a temática da vinha. A liturgia de hoje, recorda-nos uma história de amor, misteriosa, triste e destinada a nos fazer pensar. É a história do Povo de Israel. Não sua história simplesmente na forma de crônica, de rosário de fatos, um após o outro, no correr do tempo. Aqui a história é apresentada em forma de parábola, uma parábola do amor de Deus, o Amado, por sua vinha; uma parábola de decepção, de vinhateiros assassinos, de um Filho querido jogado fora da vinha.

    Dentro da história do Povo de Deus – que peregrina neste mundo – neste final de semana iremos celebrar o Círio de Nazaré – a maior procissão mariana do mundo – em Belém do Pará que tem como tema: “Maria, sinal de esperança para o Povo de Deus em caminho!”. E, em todo o Brasil, nós continuamos a rezar a Novena em Honra de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, que tem como tema: “Maria, ensinai-nos que vocação é graça e missão”. Também, neste domingo dia 08 de outubro de 2023, é o Dia do Nascituro. A Semana Nacional da Vida e do Nascituro é uma ação da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), neste ano com o tema: “Adoção: Amor com laços do coração”. A iniciativa é concluída com o Dia do Nascituro, neste dia 8, momento para o qual são motivadas manifestações públicas em favor das crianças que ainda estão no ventre materno e contra o aborto. Continuamos a viver o mês do Rosário e das missões. Rezemos para que sejamos animados missionários.

    Na primeira leitura deste domingo – Is 5,1-7 – a vinha de Deus, no Antigo Testamento, é o povo de Israel. Quem usou esta figura foi o profeta Isaías, no “Cântico da vinha” (Is 5,1-7): o proprietário dedicou todos os cuidados à vinha, mas ela não produziu frutos, e sim, espinhos: em vez do direito, produziu assassinatos; em vez de justiça, lamentos… (Is 5,7).

    No Evangelho – Mt 21,33-46 – Jesus conta a seguinte história: o proprietário de uma vinha manda seus empregados aos meeiros que exploram a vinha, para cobrar a parte do produto que lhe cabe. Mas os meeiros maltrataram os empregados. O proprietário manda uns empregados, pela segunda vez, e os meeiros reagem da mesma maneira. Na terceira vez, ele manda seu próprio filho, achando que a este respeitarão. Mas os meeiros, pelo contrário, raciocinam que ele é o herdeiro e que, matando-o, eles vão ficar com a vinha, porque não haverá mais ninguém para reclamá-la. Então, Jesus pergunta aos chefes dos judeus (os sacerdotes e os anciãos) o que esse proprietário fará, e eles respondem: “certamente vai arrasar esses criminosos e passar a vinha para outros, mais confiáveis”. Sem lhes dizer expressamente que são eles mesmos os tais meeiros, Jesus lhes faz entender que aquele que é rejeitado é aquele sobre quem se deve construir o edifício – ele mesmo: “A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular” (Sl 118, 22-23).

    No Evangelho, não é o povo de Israel que não corresponde ao Deus que espera dele. São os seus “gerentes”, os anciãos e os sacerdotes, que se apropriam da herança de Israel como se fosse sua e excluem os enviados de Deus (os profetas) e o próprio “filho de Deus” – Jesus, quando eles reclamam frutos de justiça.

    Nas mãos de suas lideranças, o povo de Israel tinha praticamente deixado de ser o povo de Deus. Tornara-se o povo dos anciãos, dos escribas e dos sacerdotes, que o impediam de produzir os frutos que escribas e dos sacerdotes, que o impediam de produzir os frutos que Deus esperava, além de matarem os enviados de Deus, principalmente Jesus. O povo deveria ser como que a casa e família de Deus no meio do mundo (Ex 19,6), para que o mundo pudesse reconhecer o jeito de Deus na justiça do povo, tornou-se joguete da arbitrariedade dos chefes. É isso que Jesus crítica, ainda que lhe custe a morte. Mas a sua morte será a pedra angular (a pedra de sustento do edifício) do novo povo de Deus. E este novo povo será bem mais amplo que aquele que foi constituído pelas tribos de Israel. Será o novo Israel da comunidade cristã aberta a todas as etnias e culturas.

    Este Evangelho dominical nos leva a refletir a respeito: devemos, sim, perguntar pela nossa fidelidade a Deus que, em Jesus, nos fez ramos da sua nova vinha! Que frutos, caríssimos, estamos dando? Uvas doces? Uvas azedas? Nenhuma? Quais são nossos frutos? São nossas obras, são nossas atitudes, é nosso modo de viver! O Senhor espera de nós uma vida segundo a sua vontade, segundo aquilo que o Senhor Jesus nos mostrou e viveu; o Senhor espera de nós um testemunho de amor profundo a ele, para que o mundo descubra e corresponda ao seu amor!

    Na segunda leitura do domingo – Fl 4,6-9 –, o Apóstolo nos exorta: “Irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor. Praticai o que aprendestes e recebestes. Assim o Deus da paz estará convosco” (Fl 4,8-9). Eis aqui um belo programa de frutos dados por um ramo enxertado em Cristo!

    A parábola que o Senhor Jesus nos contou no dia de hoje é um resumo de toda a história da salvação com os seus progressos e os seus regressos. Da parte de Deus, ele sempre a fez progredir. No que diz respeito ao ser humano, havia progresso quando ele correspondia à vontade de Deus; regresso, quando as pessoas se rebelavam contra o querer de Deus. Finalmente, “Deus enviou o seu próprio Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei, a fim de remir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a sua adoção” (Gl 4,4-5). Desta maneira, o homem pôde corresponder perfeitamente à vontade do Pai. Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, viveu intensamente a vontade do seu Pai do céu.

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