Quarta-Feira de Cinzas

    “Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte a terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Gn 3,19).

     A Quarta-feira de Cinzas abre o tempo quaresmal em toda a Igreja. Nesse dia, a Igreja pede aos fiéis que façam jejum e se abstenham de carne vermelha, em reparação ao sofrimento de Cristo por nós na Cruz. Nesse dia, o sacerdote impõe as cinzas na fronte dos fiéis e faz o convite: “Convertei-vos e crede no evangelho” (Mc 1,15). Com o início da Quaresma, somos convidados a uma mudança de vida, deixar para trás velhos hábitos e assumir novos. Devemos entrar na Quaresma de um jeito e chegar na Páscoa de outro.

    Na Quarta-Feira de Cinzas, com o início do tempo quaresmal, a Igreja no Brasil realiza a Campanha da Fraternidade, sempre com um tema específico de impacto social, para que as pessoas mudem de atitude em relação às outras, sobretudo, as mais vulneráveis. Durante a quaresma, somos chamados a realizar três práticas espirituais: jejum, oração e caridade. Uma está interligada à outra.

    A Campanha da Fraternidade de 2023 terá como tema uma realidade que tem afetado milhões de brasileiros: a fome. Desde a pandemia da covid-19, muitas pessoas ficaram desempregadas, muitos comércios fecharam e, com isso, as pessoas tiveram dificuldades de se manter. Infelizmente, com o desemprego em alta, a fome atingiu muita gente, alguns conseguiram aos poucos se recuperar, mas muitos outros ainda se encontram em situação difícil.

    Por isso, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) teve a feliz iniciativa de, nesse ano de 2023, realizar a Campanha da Fraternidade sobre a fome, com o intuito de alertar tanto a sociedade como o governo para essa situação. O problema da fome não é apenas de uma pessoa ou somente do governo, mas deve ser uma preocupação de todos. A Campanha da Fraternidade traz o seguinte lema para esse ano: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

    Em resumo, a Campanha da Fraternidade nos ajuda a viver bem o tempo quaresmal e em nosso caminho de conversão. Depois da festa de carnaval, a Quaresma é um período em que somos convidados a fazer uma pausa e rever a nossa vida. Durante o tempo da Quaresma, somos convidados a realizar a nossa confissão sacramental auricular para celebrarmos de coração puro a festa da Páscoa. O tempo da Quaresma não é para ser um período de tristeza ou luto, mas deve ser um tempo de reflexão e de mudar os velhos hábitos.

    A Quarta-Feira de Cinzas é celebrada na Igreja há muitos anos e marca, como já dissemos, o início do período quaresmal, tempo de penitência e oração mais intensa. Durante o tempo da Quaresma, a Igreja se reveste de roxo e convida os fiéis a refletirem sobre as tentações que Jesus sofreu no deserto e os 40 anos que o povo de Deus peregrinou no deserto até chegar à Terra prometida. A Igreja admoesta aos fiéis a, do mesmo modo que Jesus venceu as tentações no deserto, vencerem todo o tipo de mal.

    O significado das cinzas vem desde o judaísmo e podemos nos aprofundar sobre isso em textos da Sagrada Escritura. Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. No antigo testamento, o povo vestia-se de sacos e sentava-se sobre as cinzas em sinal de penitência. O significado de colocar as cinzas bentas sobre as cabeças dos fiéis na Quarta-Feira de Cinzas recorda que do pó viemos e para o pó voltaremos (Gn 3,19).

    A intenção de irmos à missa da Quarta-Feira de Cinzas, e receber a imposição das cinzas na cabeça, é nos levar ao arrependimento dos pecados. Também nos recorda que as coisas desse mundo são passageiras e que almejamos a vida eterna. Deus deve sempre estar em primeiro lugar na nossa vida. Se não for possível ir à missa da Quarta-Feira de Cinzas, devido ao trabalho ou algum outro compromisso, as cinzas podem ser recebidas em um outro momento.

    Ao impor as cinzas na cabeça dos fiéis, o padre diz: “Convertei-vos e crede no Evangelho”, pois o tempo da Quaresma é propício para a conversão e para a mudança de vida, além de recordar que somos frágeis diante do pecado e necessitamos da misericórdia de Deus. Recorda ainda que do pó viemos e para o pó voltaremos, assim como está descrito no livro do Gênesis: “Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte a terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará” (Cf Gn 3,19).

    Não deixemos de participar da missa da Quarta-Feira de Cinzas e iniciar bem o tempo da Quaresma. Façamos o nosso jejum e abstinência de carne, e façamos o jejum, sobretudo, daquilo que nos afasta de Deus e do nosso próximo. Coloquemos mais amor em nosso coração e olhemos com atenção ao nosso redor, pois pode ter alguém precisando de nossa ajuda. Coloquemos em prática aquilo que nos pede a Campanha da Fraternidade, partilhando o alimento com aquele que pouco ou nada tem. Aquilo que fizermos em favor do próximo, fazemos para Deus.

    Temos um longo período de 40 dias pela frente. Que possamos chegar na celebração da Páscoa transformados e libertos de todo o pecado. O tempo da Quaresma é um grande retiro espiritual de 40 dias. Que tenhamos um bom retiro ao longo desses dias.

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