QUARESMA: TEMPO DE REFLEXÃO PARA O AMOR

    Ao iniciarmos este novo tempo litúrgico, a Igreja nos convida a refletir sobre a renovação de nossas atitudes e pensamentos, voltando o nosso olhar para o cerne da nossa fé: o grande Mistério da morte e Ressurreição de Cristo. Ao qual nos instiga a sair de nossas “zonas de conforto”, através da oração, do jejum, do silêncio, da partilha para o alcance da conversão, vivenciando com intensidade e prévia preparação, a alegria salvífica da Páscoa!
    O nosso amado Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica Christus vivit menciona: “Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo” (n. 123). Ora, ao iniciar este tempo quaresmal, com esta perspectiva, nos enche de certeza que a ação da Salvação está mais que vivo em nosso meio, onde o mínimo que devemos fazer é buscar a conversão diariamente.
    Não é meramente uma conversão superficial, mas sim, uma conversão profunda, de coração; de envolver-se no Mistério Pascal, de confiar inteiramente sem medidas no Cristo. Despojar-se da mulher ou do homem “velho”, abstendo-se da condição de pecado para a condição de salvação. Mas isto deve ser realizado com AMOR, pois somente COM AMOR a ação da conversão se mantém por todos os dias de nossa vida, pois muitas vezes são realizadas promessas, “quarentenas” neste tempo favorável, que duram apenas por hora, assim como o fogo da paixão humana, rápida e passageira, sem objetivo, apenas por mero prazer.
    O Santo Padre, o Papa Francisco, também, não deixa de mencionar que há Urgência para a Conversão, afinal “é uma expressa necessidade corresponder ao amor de Deus, que sempre precede e sustenta” (Franciscus, cf. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/lent/documents/papa-francesco_20191007_messaggio-quaresima2020.html, último acesso 08 de março de 2020). É deixarmos envolver através da Palavra para romper as barreiras dos nossos corações, principalmente, nesta época contemporânea tão secular, onde a indiferença paira em nossa sociedade, a partilha da riqueza do Amor foi esquecida devida “as prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria” (Franciscus; cf. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/lent/documents/papa-francesco_20191007_messaggio-quaresima2020.html, último acesso 08 de março de 2020).
    Nosso querido Papa Emérito Bento XVI, em 2011, já nos alertava sobre o cuidado do irmão, ao dom da RESPONSABILIDADE DO IRMÃO, denunciando “a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo” (Benedictus PP. XVI; cf. http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/lent/documents/hf_ben-xvi_mes_20111103_lent-2012.html, último acesso em 08 de março de 2020), aos quais são resquícios de uma cultura contemporânea que perdera o sentido do bem e do mal; corações endurecidos devido a “uma espécie de anestesia espiritual” (Benedictus PP. XVI, cf. http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/lent/documents/hf_ben-xvi_mes_20111103_lent-2012.html, último acesso em 08 de março de 2020) onde se perderam o interesse pelo irmão. Assim, fica mais este item de conversão: sermos capazes de sermos misericordiosos por quem sofre.
    Ligado a tudo isto, a Campanha da Fraternidade 2020, com o seu tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”, e com o lema: “Viu, sentiu compaixão e cuido dele” (Lc 10, 33-34), tem como objetivo geral “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum” (cf. CF 2020, 25).
    Tecendo as nossas ações à compreensão para a busca da caridade perfeita, iniciando através das pequenas práticas, assim como a missionária do amor, nossa Santa Dulce dos Pobres, que vivenciou sem medidas servir a Deus por intermédio do próximo, sendo “presença e imagem de Cristo que cuida e conforta a todos aqueles que se encontram em estado de miséria e sofrimento” (cf. CF 2020, 29).
    Enfim, fica a proposta de vivermos radicalmente esta experiência de conversão em favor do irmão ao sair de nossa comodidade e zona de conforto. Espelhando-se ao exemplo do Anjo Bom, Santa Dulce dos Pobres, a qual nós pedimos sua fiel intercessão a Deus para seguirmos a socorrer o irmão que sofre em todas as esferas espirituais e temporais, não somente nesta Quaresma, mas a todos os tempos até a volta do Salvador!

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