“Ressuscitado”, de Kevin Reynolds, projetado no Vaticano

Foi projetado no Vaticano na tarde desta quinta-feira, 4, na Sala do Palácio São Carlos, “Ressuscitado”,  último filme do Diretor estadunidense  Kevin Reynolds. O filme tem como protagonista o tribuno romano (ndr – magistrado da Roma antiga) Clavio, encarregado de investigar o desaparecimento do sepulcro de um corpo recém crucificado, Jesus.

Foram três dias cruciais desde que Jesus foi estendido sobre a pedra fria no sepulcro. Sua Mãe, seus discípulos e Maria Madalena, na dor de uma morte, na expectativa de uma promessa. “Ressuscitado” inicia pela cruz e termina com a Ascensão do Senhor num facho de luz. Com liberdade narrativa e respeitando o Evangelho, Kevin Reynolds dirige um enredo investigativo – que lembra, num certo sentido, “A investigação”, de Damiano Damiani – que tem como protagonistas o tribuno Clavio, encarregado por Pilatos de desvelar o mistério do desaparecimento do corpo de Jesus;  Pilatos, que ordena a ele tal missão, sem desconfiar a fissura que a Ressurreição e a missão apostólica provocarão no Império que representa; Caifás e o Sinédrio, tomados pelo pânico e os onze, que depois das dúvidas e os temores, se alegrarão pela Ressurreição e receberão a missão de levar a Boa Nova até os confins da terra. O ator Joseph Fiennes, protagonista do filme, participou da Audiência Geral com o Papa Francisco na última quarta-feira, 3. Eis a sua recordação a respeito:

“O tempo passado no Vaticano foi fantástico e nunca poderíamos pensar que o destino final de nosso filme teria sido Roma, Vaticano. Assim, este foi um momento muito especial, precioso. Do filme não foi dita nenhuma palavra, porque não era o momento de falar do filme; era sim o momento para centenas de pessoas usufruírem da experiência de um verdadeiro, extraordinário cavalheiro, que é o Papa Francisco”.

RV: Por que você aceitou participar da realização do “Ressuscitado”?

“O que me atraiu neste filme é que chegamos a ver a crucifixão, a ressurreição – muitos acontecimentos em um único filme – através dos olhos de um não crente. Existe um elemento na história da investigação que é a versão “fiction” das Escrituras. Temos, portanto, uma espécie de matrimônio – por assim dizer – entre a Escritura e a fiction história”.

RV: Como você interpreta a dimensão espiritual de seu personagem?

“Considerando o aspecto espiritual – que é a pergunta que você fez – naturalmente Clavio faz uma viagem muito interessante. Daquela viagem, eu penso que a redenção é o elemento principal. A ideia de uma segunda possibilidade”.

RV: Você interpretou também Lutero. O que lhe atrai nestes personagens?

“Penso ter uma forte atração, consciente e inconsciente, em relação a determinados personagens – históricos, não de fantasia, como por exemplo, como você falou, Martinho Lutero que levou a Reforma à Igreja, talvez cem anos antes do devido. Estas pessoas exercem em mim um chamado especial, porque eles levantaram a bandeira da integridade humana ou de sua evolução pessoal e porque têm uma fé à qual permanecem fieis. Sabem superar a tempestade, quando às vezes eu não sou capaz de fazê-lo. Gosto de pessoas que têm uma integridade moral que as leva a uma evolução mais elevada. A palavra “fé” está ligada a esta viagem, a este percurso; talvez seja este o elemento pelo qual me sinto atraído”.

RV: “Ressuscitado” chegará às telas em todo o mundo no Ano Jubilar da Misericórdia. Como você contextualizaria o filme na atual situação histórica e política?

“Acredito que estamos atravessando uma época particular hoje, como aconteceu, na realidade, ao longo de toda a história da humanidade. Penso que n]ao temos conceito ou ideia do êxito que esta revelação poderia ter. Se trabalha com uma ideia voltada ao público: eles são os destinatários finais. E tu esperas que filme possa iluminar, estimular e entreter. Gosto de pensar que o sucesso deste filme possa ser encontrado no fato de que aqueles que valorizam as Escrituras e aqueles que não acreditam, possam sentar juntos no mesmo ambiente e apreciar o filme. Não seria maravilhoso se todas as pessoas de cada ambiente da vida e de cada denominação e fé pudessem sentar no mesmo ambiente e usufruir algumas coisas juntos? Penso que este poderia ser o verdadeiro sucesso do filme”.

Fonte: Rádio Vaticano

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