Manila (RV) – “Matar também pode ser tornar uma droga”: foi o que disse o Padre Peter Geremia, missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores, que atua nas Filipinas ao lado dos pobres, autóctones e marginalizados na ilha de Mindanao.
A declaração do religioso está contida numa carta dirigida ao Presidente do país, Rodrigo Duterte, diante da campanha de justiça sumária e de execuções extrajudiciais contra traficantes e comerciantes de droga que há meses toma conta das Filipinas, e que fez cerca de 3500 vítimas.
Violência
“Matar pessoas doentes pode parecer fácil, os assassinos podem se sentir onipotentes, mas podem sentir também um profundo sentimento de culpa, muitas vezes inconsciente, que pode causar distúrbios da personalidade, levando a várias formas de violência, inclusive o alcoolismo e a própria toxicodependência”, disse o sacerdote.
Para o Pe. Geremia, a guerra às drogas deve estar atenta aos homicídios, especialmente aqueles cometidos por justiceiros ou também pela polícia que se comporta como justiceira. “Podem se tornar também eles dependentes da violência”, adverte.
Luta limpa
“O presidente Duterte – prossegue – nos desafia a nos reerguer da nossa acomodação. Gostaria que o nosso presidente, porém, levasse avante a guerra às drogas evitando a ‘droga dos homicídios’. Gostaria que fosse capaz de convencer mais pessoas a apoiar uma luta limpa, não uma guerra suja contra as drogas e a corrupção”.
O texto se conclui com um apelo à nação: “Muitos toxicômanos tomaram a decisão de se libertar da dependência da droga. Precisam de reabilitação, o que é um problema de saúde: o governo, as Igrejas e a sociedade civil são capazes de colocar em prática o mesmo esforço global para a reabilitação que colocaram para a guerra às drogas?”.
O missionário faz votos de que a nação filipina possa “libertar-se da escravidão da droga e da corrupção”, evitando se tornar, porém, “dependente da droga da violência”.
Fonte: Rádio Vaticano