Psicastenia

    A psicastenia é uma neurose caracterizada por queda do nível de tensão psicológica, fazendo o paciente ter depressões, obsessões, compulsões, perda do sentido da realidade e perda gradual da personalidade. Caracteriza-se também por esgotamento nervoso, com traços de fadiga mental, impotência diante do esforço, cefaléias, distúrbios gastrointestinais, inquietude, tristeza.

    A psicastenia, a partir dos trabalhos de Pierre Janet, é caracterizada pelo esgotamento nervoso com estigmas, orgânicos (astenia muscular, perturbações gastro-intestinais, cefaléias) uma astenia mental (fatigabilidade, impotência diante do esforço, desespero em face do obstáculo; inserção difícil no real e no presente: o que Janet chamava “a perda da função do real”) enfim perturbações da emotividade (tristeza, inquietude, ansiedade paroxística).

    Pierre Janet, (1859 -1947) foi um psicólogo, psiquiatra e neurologista francês que fez importantes contribuições para o estudo moderno das desordens mentais e emocionais envolvendo ansiedade, fobias e outros comportamentos anormais. Está classificado ao lado dos célebres psicólogos   William James e Wilhelm Wundt como um dos fundadores da psicologia. A divulgação dos estudos e dos métodos terapêuticos de Janet o tornaram mundialmente conhecido, e ele expôs suas ideias até mesmo em Harvard (onde deu aulas em 1906), mais tarde publicadas sob o título The Major Symptoms of Hysteria (“Os principais sintomas de histeria”). Janet trabalhou com o renomado médico e cientista francês Jean Martin Charcot no Hospital de la Salpétriere em Paris.

    Diagnóstico difícil

    O indivíduo que tende a ser obsessivo, luta contra suas próprias ideias, suas ações obsessivo-compulsivas podem adquirir caráter ritual para aliviar a ansiedade, sentindo um desejo veemente de executá-las, bem como a necessidade de repetir certos comportamentos. Os atos rituais ou obsessivos, consomem muita energia mental e física, daí a fadiga, o cansaço e o esgotamento.

    O psicasténico é incapaz de resistir certas ações ou pensamentos. Tem incompatibilidades de articular frases para serem entendidas. Além dos comportamentos obsessivo-compulsivos, fobia, autocrítica, dificuldades para concentrar-se, sentimento de culpa, portador de desordem emocional e dúvidas excessivas.

    As manifestações do problema variam de acordo com a estrutura da personalidade de cada pessoa, além da sua história de vida. Não há um perfil definido de pessoas mais propícias à psicastenia, o que influencia é o histórico individual. Por ter um diagnóstico difícil em função dos inúmeros sinais do problema.

    É na infância que a personalidade se forma e, em cada fase do período, assim como a estrutura física, a psique vai amadurecendo e sendo construída. É nesse período do desenvolvimento que o indivíduo passa a consolidar a confiança em si mesmo. Dessa forma, os sinais de manifestação da doença estão relacionados à parte falha de cada um, ou seja, o ponto fraco que ficou na formação da personalidade. As condições atuais da vida do paciente também irão influenciar.

    Os traços comuns são o excesso de trabalho, as metas e objetivos cada vez mais difíceis e as cobranças externas. Tendemos a cobrar mais de nós do que podemos e fazemos de modo tão natural, que não percebemos o quanto nos prejudicamos, afirma o psiquiatra do Hospital São Camilo (Unidades Santana e Ipiranga-São Paulo/SP) Dr. José Paulo Pinotti.

    Tratamento

    O foco da psicoterapia, no primeiro momento, não deve ser a doença em si, mas sim os aspectos saudáveis que a pessoa possui. Antes de qualquer coisa, é preciso que ela volte a acreditar em si mesma, melhorando a autoestima e enxergando resultados positivos em suas iniciativas e decisões. A partir do momento que o paciente começa a observar esses resultados, ele pode iniciar a caminhada em busca de melhorar a saúde diariamente, com hábitos saudáveis. Boa alimentação, exercícios físicos, lazer, arte e espiritualidade. Os remédios envolvidos no tratamento devem ser prescritos por um psiquiatra e variam de acordo com os sintomas apresentados. No geral, são utilizados antidepressivos e ansiolíticos (medicamentos contra a ansiedade).

    Conclusão

    Vivemos a era de profundas incompatibilidades, os transtornos da vida acelerada, acesa, veloz e sem tempo de fechar a agenda. As transformações seguem na velocidade da internet e o ser humano tenta responder como máquina. A ciência e a tecnologia avançam sem prisão e o indivíduo cada vez mais preso. Há uma grande dissimulação de liberdade, no entanto, as redes sociais, os aparelhos eletrônicos, os vícios e a carência afetiva podem configurar cadeias mentais e mortais. A falência psicológica, a decadência física e a perda paulatinamente do bem-estar, levam o indivíduo as patologias mentais. Dentro desse contexto, os traumas e acontecimentos dramáticos alojados no inconsciente. Sem psicoterapia e sem ansiolíticos, ou seja, sem ajuda de profissionais, o quadro clínico do indivíduo torna-se sofrimento e dor, não só para ele, mas com quem se relaciona. Qualquer sinal da psicastenia ou congêneres, deve buscar ajuda de profissionais da saúde mental.

    Dr. A. Inácio José do Vale

    Psicanalista Clínico, PhD

    Capacitado em Psicologia Clínica

    Professor no Centro Educacional Católico Reis Magos

    Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ.

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