Proximidade para evangelizar

    Dentro do tempo Natal e ao iniciar um novo ano civil a Arquidiocese do Rio de Janeiro criou mais um vicariato episcopal totalizando assim nove (9) Vicariatos. Nessa ocasião celebramos as missas no primeiro final de semana do ano criando um novo vicariato e remodelando outro, assim como também dando posse aos Vigários Episcopais que fizeram a sua Profissão de Fé como é exigida pelo Direito Canônico.

    Mesmo em tempo de pandemia, com o necessário distanciamento entre as pessoas a nossa Arquidiocese dá esse passo de maior proximidade para melhor evangelizar. É o crescimento de uma área que necessita de mais presença e maior número de evangelizadores e missionários.

    Essa nova organização do então vicariato Santa Cruz se deve ao crescimento da região e a necessidade de uma proximidade maior da estrutura arquidiocesana tanto das paróquias como um planejamento para novas presenças.

    E isso é a presença da Igreja em meio ao crescimento do Povo de Deus e quer aprofundar ainda mais a sua missão. Portanto, um momento muito bonito o importante para todos ao iniciarmos o ano com essa expansão da Igreja do Rio de Janeiro, com mais presença e mais próximo das pessoas também. Para isso estudos de viabilidade foram feitos, assim como a facilidade para deslocamentos. Agradeço a todos que fizeram os estudos, assim como aos padres que assumiram essa nova organização da região. Tenho certeza de que é um crescimento ainda maior do trabalho pastoral.

    A Igreja do Rio de Janeiro organizada em Vicariatos tem uma longa e bela história: de acordo com as orientações do Concílio Vaticano II, nosso predecessor, D. Jaime de Barros Câmara criou seis vicariatos, com a finalidade de facilitar a organização do trabalho pastoral. No ato da criação, realizado no dia 12 de setembro de 1966, o então arcebispo definiu o oficio de vigário episcopal e aprovou as instruções para o exercício pastoral. Os vicariatos criados foram: Sul, Urbano, Suburbano, Leopoldina, Norte e Oeste.

    O sétimo, Vicariato Jacarepaguá, foi criado por D. Eusébio no dia 1º de abril de 2006. A maioria das paróquias do novo vicariato pertencia aos vicariatos Suburbano e Sul. Ficaram integradas ao novo vicariato da arquidiocese, paróquias situadas nos bairros da Barra da Tijuca, Itanhangá, Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes, Rocinha, São Conrado e Vargem Grande.

    O oitavo, Vicariato Santa Cruz, foi criado em nossa gestão no dia 18 de dezembro de 2014. A decisão foi confirmada nesta data, durante reunião com os bispos auxiliares, realizada na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Esse novo vicariato foi constituído por 37 paróquias, divididas em quatro foranias, num território que incluía os bairros de Campo Grande, Sepetiba, Senador Vasconcelos, Paciência, Cosmos, Guaratiba, Ilha de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Santa Cruz. O território foi totalmente desmembrado do Vicariato Oeste, que, na época, constava de 64 paróquias.

    Agora, com o Decreto da Cúria Metropolitana, no dia 1º de janeiro de 2021 criamos o Vicariato Episcopal de Campo Grande, o nono de nossa arquidiocese, desmembrado do Vicariato Santa Cruz.

    Dessa forma continuamos com a riqueza que é uma única Circunscrição Eclesiástica em uma única metrópole podendo ter diálogos com as diversas autoridades e, ao mesmo tempo, com as várias presenças diferenciadas através de vicariatos, foranias, paróquias. É muito importante essa unidade na diversidade. A unidade deve ser também essa presença de comunhão entre nós através dos diversos vicariatos territoriais. Sabemos que, além desses vicariatos, temos também os vicariatos não territoriais que organizam situações e presenças diversas em nossa complexa cidade (Caridade Social, Educação, Cultura, Comunicação, Irmandades). Graças a Deus a caminhada segue com um dinamismo muito belo e profundo.

    A necessidade da presença da Igreja mais próxima é justamente aquilo que a Palavra de Deus sempre nos coloca e também as preocupações do Papa Francisco. Ao assumirmos as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil através do nosso 13º Plano de Pastoral Arquidiocesano, atualmente em vigor, vimos a importância e a necessidade de um trabalho ainda mais coordenado nesta cultura urbana.

    Terminada a Oitava de Natal, mas vivendo ainda o tempo do Natal até a festa do Batismo do Senhor, nós vemos as várias manifestações que a Liturgia da Igreja vai nos proporcionando. Nasceu o Messias em Belém, os pastores foram lá. Nasceu o Messias para toda a humanidade, os magos vieram do Oriente e foram lá; Ele é apresentado como filho de Deus, na Festa do batismo do Senhor, “este é meu Filho muito amado” e inicia a sua vida pública. São as manifestações do Senhor a quem nós queremos anunciar.

    A proximidade da Igreja junto ao povo de Deus e o crescimento também das cidades faz com que nós nos angustiemos santamente nessa procura de evangelizar, catequizar, formar comunidades, levar as pessoas ao conhecimento de Jesus Cristo com todas as suas consequências. Claro que uma vez se encontre e se conheça Jesus Cristo, têm as consequências morais, éticas, práticas da vida. Quando nós nos defrontamos com toda situação que acontece no mundo de hoje, onde valores tão essenciais como a própria vida, muitas vezes a família não ter o seu lugar de importância, a preocupação com o ser humano e sua dignidade, a questão do trabalho, da saúde e tantos outros valores não serem valorizados ou respeitados, e muitas vezes combatidos, vemos a que distância estamos dos valores cristãos. Enfim, essas questões todas também são consequências da falta de encontro com o Senhor Jesus Cristo.

    Nós não podemos querer que aqueles que não conhecem a Cristo e aqueles que não são cristãos, que possam entender tudo isso, mas é papel dos cristãos encontrar-se com Jesus Cristo de tal maneira a viver e anunciá-lo e contagiar a sociedade no diálogo, na fraternidade como somos “todos irmãos”, como lembra o Santo Padre. Para levar à sociedade esses valores que são humanos, além de serem cristãos, principalmente supõe proximidade. Portanto, a proximidade de uma capela, de uma pequena comunidade, do círculo bíblico, de uma paróquia, faz com que essa capilaridade da Igreja permeie o tecido social e aconteça a missão evangelizadora para levar as pessoas à vida, ao encontro com Jesus Cristo e que dá a verdadeira vida para todos nós.

    Por termos encontrado com o Senhor é que nós também somos capazes de dialogar com os diversos tipos de cristãos, com as diversas religiões e também com as diversas culturas, porque nós sabemos em Quem colocamos a nossa esperança, e em que acreditamos.

    Portanto a presença multiplicada da Igreja é uma necessidade: vemos isso acontecer quando a Igreja cria as arquidioceses, multiplica as Dioceses. Isso também acontece na circunscrição eclesiástica que cria as Paróquias e, também, quando ela organiza as paróquias, no caso nosso do Rio de Janeiro em foranias (um grupo um pouco menor), para ter uma convivência maior entre o clero de uma forania e também cria vicariatos, que organizam uma região mais ou menos homogênea de uma parte da cidade, como é o caso agora dos Vicariatos de Campo Grande e Santa Cruz.

    A presença multiplicada nesta região é uma necessidade e um antigo desejo de uma antiga situação que nós constatamos que era necessário resolver, e que levou anos para podermos assim reorganizar. Mas fico feliz de poder ver essa proximidade, a Igreja que vai ficando cada vez mais próxima, de uma região muito importante, o portal da nossa Arquidiocese, onde se entra no Rio de Janeiro vindo do sul.

    E ao mesmo tempo, nesta região, aqui vive um povo animado e fervoroso que necessita cada vez mais de aprofundar a sua fé. Até hoje nós somos herdeiros de tantos homens e mulheres que trabalharam na questão da fé e da doutrina como consequência do primeiro momento de encontro com o Senhor.

    Que sejam, cada vez mais animados pela missionariedade, pela evangelização, pela presença da criação de novas comunidades, novas paróquias, de presença ainda maior junto àqueles que vem aqui residir nos novos condomínios. Enfim, esse dinamismo que vem daqueles que tenham o ardor missionário de não ter outra razão a não ser a de anunciar Jesus Cristo Nosso Senhor.

    Encontramos muitas situações de pessoas que vivem muitas vezes amarguradas, desanimadas, sem compreender a história e muitas também com tantos problemas ao nosso redor, e ultimamente, em especial da Saúde. Nós vemos como nós precisamos ainda mais anunciar a esperança (tema de nossa trezena de São Sebastião) e a confiança nessa presença do Senhor mesmo na hora da dificuldade e, também, de uma doença grave.

    Tenho certeza que esse passo dado é para que realmente a presença da Igreja se qualifique muito mais e chegue até as pessoas para que com renovado ardor, nós trabalhamos com renovado ardor. É o nosso desejo e é a nossa oração, e ao mesmo tempo a nossa confiança de cada vez mais que a chuva mansa que caiu nesses dias nesses locais vá regando essas sementes que nós plantamos nesse solo tão fértil. Amém.

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