Coordenado pela Congregação das Irmãs Carmelitas Evangelizadoras de Santa Terezinha na diocese de Bragança (PA), o Projeto “Gente Nova: Superando Violências contra crianças e adolescentes” tem mudado uma triste realidade de abuso e exploração de meninas do município de São Miguel do Guamá, cidade a cerca de 200 km da capital Belém (BA) e que fica às margens da BR 010. Uma conhecida rota de exploração sexual.
Desde abril de 1996, o projeto que atende meninas de 10 a 18 anos que se encontram em situação de vulnerabilidade social, se utiliza de atividades socioeducativas por meio de rodas de conversa, oficinas de artesanato e diversas atividades culturais para tirar as jovens dessa posição de risco, além de promover uma consciência social junto à sociedade alertando sobre a importância da prevenção de abusos. As atividades são realizadas durante a semana, sempre no contra turno escolar.
“O projeto também faz atendimento psicossocial, realiza visitas domiciliares e reúne as meninas para formação social, humana e espiritual. É o momento onde a gente ensina a elas a lutarem pelo direito delas ”, explica uma das coordenadoras a irmã Rosimeire de São Bento.
Em outubro de 2018, o Projeto Gente Nova, realizado na comunidade Diocese de Bragança há 23 anos, foi um dos contemplados com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Inspirados pela Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema foi “Fraternidade e superação da violência”, eles buscaram o apoio do FNS para ampliar o atendimento com a oferta de oficinas semanais de música (teclado, violão e percussão), teatro, artesanato. Além de mais atividades recreativas para as meninas e a Formação para educadores: cuidando do cuidador.
“Esses momentos de recreação são importantes pois muitas das vezes essas meninas não têm oportunidade de brincar pois já começam bem novas a ajudar nas tarefas da casa. Além disso, muitas delas já passaram por situação de violência sexual, exclusão familiar e outras violências”, destaca a irmã Rosimeire.
Segundo representantes do projeto, o dinheiro está sendo utilizado na compra de equipamentos musicais e na contratação de profissionais qualificados para as oficinas, formações e lanches. Além disso, o projeto pretende realizar atividades preventivas para evitar os riscos sociais (drogas, prostituição, gravidez na adolescência, violência domesticas, trabalho infantil, entre outros).
O Fundo Nacional de Solidariedade foi instituído pela CNBB, em 1998, durante a 36ª Assembleia Geral da entidade, com o propósito de promover a sustentação da ação social da Igreja católica no Brasil. Todo ano a campanha mobiliza todas as dioceses, paróquias e comunidades para doarem recursos no Dia Nacional da Coleta da Solidariedade, sempre no domingo de Ramos, este ano dia 14 de abril.
Todos o recurso arrecadado é aplicado em projetos sociais em todo o país que que estejam em sintonia com os objetivos gerais e específicos da Campanha da Fraternidade do vigente no ano.
Transparência na gestão dos recursos
Desde 2018, segundo o coordenador de projetos do Fundo, Franklin Ribeiro, é possível acompanhar a prestação de contas dos projetos, por meio do Portal da Transparência que pode ser acessado pelo site: fns.cnbb.org.br. Nele, há uma relação completa dos projetos aprovados. A CNBB também presta contas ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Ministério Público (MP), Ministério da Justiça (MJ) e Conselho de Assistência Social (CAS).
A cada ano, no texto-base da Campanha da Fraternidade, a CNBB e o FNS divulgam uma prestação de contas anual com o detalhamento do quanto é doado pelas dioceses no Dia Nacional da Coleta da Solidariedade, sempre em cada domingo de Ramos. A prestação de contas inclui ainda o total arrecado ano a ano bem como o número de projetos beneficiados por cada macrorregião do Brasil.