Primeiro Domingo do Advento

    Estamos iniciando o novo ano litúrgico de 2026. Este é o primeiro Domingo do Advento, o tempo de quatro domingos que nos prepara para o Natal do Senhor. Tudo, na liturgia, nos ajudará nessa santa preparação, na santa espera cheia de esperança: o roxo significa a vigilância de quem aguarda; a moderação das flores ajuda-nos a concentrar nossa atenção naquele que vem; o “Glória” não cantado prepara-nos para entoá-lo como novidade na Noite Santa do Natal.

    Os sentimentos do nosso coração devem ser a vigilância; a piedade humilde de Maria Virgem, de José, dos pastores, de Simeão, Zacarias e Isabel; o espírito de conversão anunciado por João Batista; o sonho de um mundo “cheio da sabedoria do Senhor como as águas enchem o mar” (Is 11,9), como Isaías profetizou. Aproveitemos essas quatro semanas tão doces, que recordam a espera de Israel e da humanidade pelo Messias!

    A palavra Advento significa “vinda”, “chegada”. Ela nos faz relembrar e reviver as primeiras etapas da história da salvação, quando os homens se preparavam para a vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar, hoje, em nossa vida, a vinda de Cristo por ocasião do Natal.

    Na primeira leitura (Is 2,1-5), Isaías fala com ênfase da era messiânica, quando todos os povos hão de se reunir em Jerusalém para adorarem o único Deus. Jerusalém é figura da Igreja, constituída por Deus “sacramento universal de salvação” (LG 48), que abre seus braços a todos os homens para conduzi-los a Cristo e para que, seguindo seus ensinamentos, vivam como irmãos, na concórdia e na paz. Cada cristão deve ser uma voz a chamar todos os homens, com a veemência de Isaías, à fé verdadeira e ao amor fraterno. Convida o profeta: “Vinde, e deixemo-nos guiar pela luz do Senhor” (Is 2,5).

    O Evangelho (Mt 24,37-44) convoca os cristãos à vigilância: “Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (Mt 24,42). São Paulo (Rm 13,11-14) lembra que a salvação já está próxima. Chegou a hora de acordar, pois o dia se aproxima. É preciso deixar as trevas e ser iluminados pela luz do dia, a luz de Cristo. Trata-se da conversão: deixar as obras das trevas e fazer o bem, revestindo-se do Senhor Jesus Cristo.

    Nos textos bíblicos que a Igreja hoje nos propõe, o Senhor sonda as angústias e saudades do coração humano e nos fala precisamente da esperança: Ele é o Deus que vem ao encontro dos nossos anseios mais profundos. Mas também nos exorta a vigiar, a nos preparar para acolher o Dom esperado. Aliás, esta é a miséria do mundo atual: busca a paz, procura a vida, mas não busca Aquele que é a saciedade do nosso coração e a salvação da nossa existência.

    O homem tem sede, e Deus, misericordiosamente, envia-lhe a água que é o Messias — e o nosso mundo não o reconhece, antes, renega-o! Vejamos se não é assim. Recordemos a palavra do Profeta:

    “Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas. A ele acorrerão todas as nações; para lá irão povos numerosos, porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do Senhor”.

    Vejamos bem: de Israel, Deus prepara uma salvação, uma luz, uma direção para toda a humanidade. O homem, sozinho, não encontra o caminho, por mais que teime em se julgar grande e autossuficiente. À nossa pobreza, o Senhor vem com uma promessa tão grande. E, se o coração da humanidade acolher a salvação que vem, a luz que brilha, então encontrará a paz:

    “Ele há de julgar as nações e arguir numerosos povos; estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices; não pegarão em armas uns contra os outros, nem travarão combate”.

    Eis a promessa de Deus: dá-nos a salvação. Eis o sonho do Senhor: encontrar uma humanidade que acolha o Salvador e, nele, beba a paz!

    Um dado desta liturgia de hoje é a expectativa. Por isso: “Vigiai! Não sabeis em que dia o Senhor virá”. Não se trata apenas da “parusia”, mas também da vinda do Senhor para cada homem no fim da sua vida, quando se encontrará face a face com o seu Salvador — e será esse o dia mais belo, o princípio da vida eterna! “Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá” (Mt 24,44).

    Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto. No Advento, porém, a Igreja ajuda-nos a pedir de modo especial: “Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador” (Sl 24).

    Façamos deste tempo do Advento um tempo propício para as nossas vidas. Acolhamos, em nosso coração, o Menino Jesus, pois Ele quer renascer em nossas vidas neste Natal. Que o Senhor possa nos iluminar e, assim, possamos irradiar sua luz para toda a nossa família, para a nossa paróquia e para o local onde trabalhamos.

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