Presidência da CNBB concede entrevista coletiva a jornalistas de Aparecida (SP) e região

O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, atenderam aos jornalistas no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, logo após a Celebração Eucarística de abertura da Campanha da Fraternidade 2020. Participaram da coletiva de imprensa veículos como a rádio Jovem Pan, a TV Canção Nova, a Globo e os anfitriões da Rede de Comunicação Aparecida. Seguem abaixo as principais perguntas dos jornalistas:

Como ver, sentir compaixão e cuidar dele em tempos de coronavírus?

Dom Walmor: Nós precisamos ter as precauções indicadas pelos médicos e profissionais da saúde. E precisamos ter as indicações que fazem parte da nossa vida, do nosso dia a dia, estendendo mais amplamente esses caminhos, mudando hábitos, mudando modos de a gente ser, conviver, se tratar, tratar a natureza. Portanto, essa é uma oportunidade de fazer um grande exercício para que possamos fazer muito mais, porque o nosso cuidado tem que ser profético e chegar a muitas situações que estão nos envergonhado como sociedade brasileira, quando vemos tantos extermínios, tantos pobres, tantas coisas que mostram a força maldosa e perversa da ganância pelo dinheiro.

Como se inspirar em Santa Dulce dos Pobres?

Dom Walmor: Temos a clareza que a nossa fé é uma espiritualidade, é uma experiência espiritual que deve tocar o fundo do nosso coração. Mas a fé para ser autêntica, para ter o selo da autenticidade, se desdobra no cuidado com a vida. Portanto, com efeito e com uma amplitude social muito forte. Por isso, nos incomoda profundamente olhar a nossa sociedade brasileira cristã, majoritariamente cristã e, no entanto, injusta, desigual, com cenários tão vergonhosos. A nossa fé nos compromete e exige a atitude bonita de promover a vida. Santa Dulce dos Pobres é um exemplo. Quando nós pensamos em sua fragilidade, na sua condição religiosa, quando olhamos suas raízes, desde a sua infância e na sua juventude, vemos um exemplo. Nós podemos fazer muito, precisamos fazer mais porque as urgências são muito grandes. Que ela nos inspire e até nos desconcerte, no sentido de apontar o que cada um de nós precisa ver e fazer, não só no nosso trabalho e naquilo que é do nosso interesse pessoal ou familiar, mas de fazermos como ela o fez pelo bem, pelo outro e por todos que precisam. Que nós nos deixemos desconcertar por Santa Dulce dos Pobres e tenhamos atitudes concretas de cuidado com a vida.

O que o senhor destaca na carta do Papa para a Campanha da Fraternidade 2020?

Dom Walmor: Destaco da carta do Papa Francisco a sua insistência neste grande convite da Quaresma: que nós possamos, sobretudo enquanto Igreja no Brasil, nos fortalecer com o caminho da Campanha da Fraternidade, abrir novas frentes e fazer com que os cristãos todos, profundamente inflamados, dêem uma nova resposta. E precisamos porque estamos num tempo de muitos obscurantismos, de muitos autoritarismos, de muitas coisas que estão mostrando que é preciso que os cristãos se deixem iluminar e não se iludam por paixões político-partidárias e por paixões e idolatria a pessoas. Que nós possamos pela força de nossa conversão, e essa é a grande tônica do convite que o Papa nos faz em sua carta, dar uma nova resposta. É tempo de um novo começo. É tempo e é hora de abrir um novo ciclo e a Igreja tem que se comprometer profundamente, porque ela está no coração do mundo e é servidora, com o anúncio e a proclamação da Palavra de Deus. Eu diria que se alguém quer entender, com uma boa síntese e com rapidez, o que é a Campanha da Fraternidade é só ler a carta do Santo Padre. Ele chama atenção a partir de sua encíclica Laudato Sí que é preciso encontrar um outro rumo para o mundo.

Que tipos te atitudes o cristão é convidado a ter, nesta campanha, em defesa da vida?

Dom Walmor: A grande palavra é cuidar. Por isso, toda atitude de cuidado deve ser assumida pelo cristão, na Campanha da Fraternidade, motivado por ela e ao longo dela rumo à vida, para se tornar uma pessoa que cuida. Primeiro, cuidar de si, material e espiritualmente. Cuidar de si para cuidar dos outros, uma segunda atitude. Uma sensibilidade muito grande diante de quem está abandonado. Terceira, de quatro, cuidar da sociedade. Transformar o Brasil e o mundo numa sociedade de fraternidade, palavra que usamos muito neste período. Quarta atitude todos juntos cuidados do planeta, nossa Casa Comum tão ameaçada. Outro rumo é conversão. E ali, então, o Papa vai explicar e vai lembrar que Santa Dulce, frágil fisicamente, na verdade é uma mulher super forte. Este é o convite que ele nos faz.

Por que a abertura da Campanha foi realizada na Casa da Mãe Aparecida?

Dom Joel: A Campanha da Fraternidade é eminentemente um ato religioso. Durante 56 anos, ela tem uma cerimônia de lançamento em Brasília e continuará tendo. Mas este ano nós quisemos lançar, em clima de oração, naquela que é a casa de todo brasileiro e brasileira. Segundo: através dos meios de comunicação e do alcance que a TV Aparecida e as coligadas têm, chegamos a mais lares e a cada coração das pessoas. Permita a Deus que todos os anos possamos fazer isto.

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