Por que precisamos fazer amigos quando moramos longe de casa?

Uma das dificuldades de quem mora em outro estado ou país é enfrentar a solidão e a saudade da família

Embora as novas tecnologias e as redes sociais permitam a comunicação em tempo real e nos ofereçam a ilusão de aproximação, a presença e o carinho de nossos parentes e amigos não são substituídos por nada.

É por isso que as novas amizades que fazemos em um novo país se tornam fundamentais para nos ajudar a enfrentar o sentimento de desarraigamento e a difícil experiência de adaptação a uma nova cultura.

Morar longe da terra natal e dos pontos de referência, que ajudam a orientar a vida das pessoas, costuma produzir uma grande nostalgia, que se torna uma companheira de viagem (às vezes, permanente).

Se não conseguimos lidar com isso, esses sentimentos e emoções nos paralisam, tirando de nós a energia necessária para o processo de adaptação a um novo estilo de vida, atrapalhando, assim, os objetivos que traçamos com a mudança.

As relações de amizade que pouco a pouco desenvolvemos no novo lugar que nos acolhe tornam-se fundamentais nesse processo, já que os amigos verdadeiros ouvem com respeito o nosso desabafo. Em certas ocasiões, pode acontecer de não querermos contar para nossa família uma situação desagradável (um ato de discriminação, por exemplo), pois nossos pais poderiam ficar muito preocupados, já que é difícil entender as diferenças culturais.

Pode ocorrer também de sentirmos vergonha de revelar que a realidade é muito mais difícil do que esperávamos e que atingir os objetivos a que nos propusemos levará muito mais tempo do que o previsto.

Nesses casos, uma boa amiga ou um bom amigo pode compreender o que estamos passando, principalmente se temos em comum o fato de sermos estrangeiros. Talvez com o apoio dos amigos, em outro momento, conseguiremos falar também com nossa família.

Por outro lado, as relações de amizade não só nos brindam com apoio emocional, mas também permitem a troca de experiências, ideias e conselhos sobre como enfrentar determinadas situações.

Quando existe em vínculo comum, as dificuldades de adaptação são compartilhadas. Uma amiga que já vive há mais tempo no novo país pode, por exemplo, nos orientar sobre onde devemos ir quando estivermos doentes, além de nos ajudar a entender como funcionam os serviços de saúde. Compartilhando nossas experiências e sentimentos entre amigos, poderemos saborear melhor os bons momentos e amenizar aqueles mais amargos.

Quanto atingimos uma meta, podemos comemorar o sucesso com os amigos. Às vezes, o ritmo de vida e o tempo de trabalho que assumimos quando vivemos fora deixam pouco espaço para celebrarmos as pequenas coisas.

Da mesma forma, durante os momentos mais difíceis, como num problema de saúde ou na perda de um trabalho, precisamos nos sentir acompanhados e amparados.  Como a família está longe, os amigos podem nos brindar com seus apoios concretos.

Mas como fazer novas amizades em um país que nos acolhe? Primeiramente, precisamos procurar ocasiões para conhecer pessoas. Os sites e as redes sociais nos ajudam a encontrar pontos de encontro de compatriotas, associações interculturais, atividades esportivas, recreativas etc.

Depois que conhecemos as pessoas, devemos aproveitar as oportunidades e ir desenvolvendo as amizades. Precisamos nos dar um tempo para isso, já que, quando estamos vivendo fora, acabamos vivendo exclusivamente para o trabalho ou o estudo.

Por outro lado, devemos evitar fazer amizades somente com pessoas da mesma região de onde somos. Isso nos tira a possibilidade de conhecer as pessoas do novo país e de outras culturas e de entrarmos em contato com hábitos e costumes diferentes.

Enfim, é fundamental fazer amizades verdadeiras através de uma relação de reciprocidade e respeito. Assim como gostamos de ser ouvidos, precisamos ouvir o outro; assim como precisamos de apoio, temos que ajudar o outro.

Quando estamos longe, as amizades e as relações de solidariedade se transformam em uma rede, que nos protege e nos ajuda a atravessar a aventura de fincar raízes, permitindo-nos sentir que também fazemos parte da terra que nos hospeda.

 

Fonte: Aleteia

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