POLÍTICOS COM PRAZO DE VALIDADE

Padre Di Lascio

Surpreendente: eis uma verdade que nos cala e nos move em direção ao óbvio. Qualquer semelhança com uma situação análoga é mera coincidência. Uma parábola torna compreensível certa verdade que se esconde por de trás das máscaras do sarcasmo, das fraudes e mentiras.

Assim, os produtos são garantidos quanto à sua qualidade e eficácia, através do rótulo indicativo de seu prazo de validade. Uma vez vencido esse prazo, o produto é desqualificado e, por se tornar uma ameaça à vida e à saúde dos consumidores, deve ser retirado de circulação e incinerado.

Transportemos agora essa abordagem para o mundo político. Estamos em época de eleições, que estão aí, nesse próximo mês de novembro. É desanimador observar e constatar o pouco caso com que a maioria dos eleitores encara esse nobre exercício de cidadania: o direito de votar.

Votar é mais que escolher um candidato e assim ajudar na luta por um país a  ser governado por cidadãos com competência, justiça e ética. País de mulheres e homens ilibados, comprometidos com a causa do povo, dispostos até ao sacrifício de suas próprias vidas.

Uma pergunta que está na mente dos eleitores brasileiros é: como avaliar um candidato sabendo se ele é bom, digno de ser  eleito, ou não? Na proliferação das fakenews e sob o crescente domínio do monopólio das redes midiáticas por certos grupos de comunicação… Profissionais treinados e muito bem remunerados, cujo mister é distorcer fatos e espalhar notícias falsas, criando um clima de intrigas. Capazes de rastrear minuciosamente nas malhas da informação a privacidade dos candidatos concorrentes, buscando assim  eliminá-los, tal como se procede naquela aberração ideológica e pervertida do Big Brother.  

Que tal colocar em prática a averiguação do Prazo de Validade para os políticos? Isso é simples e fácil de se  fazer. Tendo em vista a análise e conclusão de que o tempo ideal máximo de um politico no exercício de seu mandato deveria ser de 8 anos, pergunta-se: será que tal ou qual candidato que se apresenta nestas eleições já adquiriu uma cadeira parlamentar cativa? Assim, corroborando a máxima da estupidez politica: Daqui eu não saio, daqui ninguém me tira.?

Há quanto tempo ele se mantém no cargo?  Seu mandato já vem se estendendo há  quantos anos; 10, 15, 20  ou 30 anos? Vem se tornando já um fator que atravanca e impede que forças novas deem sua contribuição, um eficaz serviço à sua cidade, seu estado, seu país?

Um politico com prazo de validade vencida é uma bactéria maléfica e mortal que atua no tecido social e nas estruturas da sociedade, favorecendo e legitimando a corrupção, o legado do apadrinhamento, o trafico de influência, a riqueza ilícita, a legitimação do trafico de armas, de drogas, da prostituição, do retalhamento e negociações das riquezas naturais, do analfabetismo, da manutenção da indústria da miséria e do aumento do abismo que se abre  entre a vergonha pecaminosa dos poderosos e a imensa legião dos empobrecidos. É um vírus cancerino que, proliferando, vai corroendo as pessoas e os cidadãos através dos vícios lícitos e ilícitos, e que toma conta das consciências inoculando nelas o delírio dos sonhos perdidos, cujo destino é o suicídio coletivo, irreversível. .

Quando o povo percebe que foi ludibriado e não há  mais tempo de voltar atrás, o politico já está vivendo numa outra classe social com seus carrões blindados, em seus condomínios fechados… Ostentando um aparato de segurança inviolável, fomenta festas bilionárias custeadas através de falcatruas e desvios de dinheiro, trapaças articuladas pelos cérebros com a inteligência do Maligno.

A perpetuação no cargo enseja ao politico uma mudança de lugar no estrato social. De sua condição, limitada pela origem humilde e popular,  passa para o grupo dos produtores de empobrecidos, de marginalizados e esquecidos, que, ludibriados, acabam caindo  no conto de fadas dos espertalhões e oportunistas.

Na política suja da compra de votos, trocados por adereços, bugigangas, bijuterias e bagatelas, favores pessoais, vantagens, resta deformada e profanada a sagrada consciência do cidadão, corroída no seu processo de pensar, refletir e decidir por uma plena liberdade, livre escolha.

Diante dessa milícia de parlamentares desonestos fica a triste conclusão:  a leviandade de se julgar a todos por esse mesmo parâmetro, denegrindo os bons políticos, aqueles realmente vocacionados, juntando-os todos como, – no dizer do povo – “farinha do mesmo saco”.

Os marqueteiros a serviço da cultura do ilícito agem como aves de rapina, na calada da noite. Alteram os produtos vencidos, o seu prazo de validade, com a substituição da embalagem. Dão um novo nome ao produto repaginado, enganando assim o consumidor. Com a ganancia do lucro e imbuídos da filosofia popular do “nada a perder”, estão pouco ligando para os efeitos colaterais dessa barganha diabólica. Quantas enfermidades o povo adquire ao consumir produtos vencidos! Que gravíssimas sequelas vêm se manifestando    ao longo dos anos, se não para o resto de suas vidas!…

Isso ocorre com os políticos que. fazem de tudo para permanecer em seus tronos. Trocam de partido, mudam o discurso e a cor da gravata, repaginam seus visuais, contratam personal stile, (fazem transplante de cabelo), colocam botoques, adquirem corpos sarados, implantes dentários, foto shop, corrigem cacoetes… Aparecem nas redes sociais sempre sorrindo, e com um ar de quem se satisfaz com a desgraça do povo. Estão sempre cercados por oportunistas coniventes com essa falsidade toda.

Durante quatro anos esses políticos traidores da Pátria Amada, hibernam nos seus escritórios de fachada,  e, justo  na época das eleições eles ressurgem, sustentados pelos assessores e os empreendedores da campanha, que passa a ser um movimento para impedir e bloquear a entrada de candidatos novatos, sangue novo, nova safra que vem para somar e contribuir com vistas ao Bem desta nação.

Cabe ao político assumir com consciência a Verdade de seu Código de Ética, e levar a sério o juramento que proferiu no dia da sua posse. Que ele se lembre e aceite que também políticos têm prazo de validade.

É o momento de se fazer constar nos regulamentos do PROCON, uma cláusula que contemple sobre a fiscalização dos políticos, com a lista de seus nomes. Isso daria ao eleitor mais segurança, e à política brasileira, maior credibilidade.

Estamos nessa luta! É Davi contra Golias! Mas, Davi tinha as pedras no seu alforje, e  o povo… o voto em suas mãos.

Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio

Arquidiocese de Campinas – SP

Vigário Paroquial na Basílica Nossa Senhora do Carmo

E-mail: padredilascio@uol.com.br 

Fone (19) 99704-7070

 

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