Piedade, ó Senhor

    1º Domingo da Quaresma

    Iniciamos na última quarta-feira a quaresma. Agora, celebramos neste domingo o primeiro do Tempo da Quaresma, iniciado na quarta-feira de Cinzas, que iniciou também a Campanha da Fraternidade. Um tempo de reflexão e penitência para nos preparar bem para a paixão, morte e ressurreição de Jesus, ou seja, para o mistério pascal. Durante esse período, somos convidados a intensificar as nossas orações e a praticar o jejum e a caridade. Somos convidados a nos aproximar mais de Deus e dos irmãos.

    Do mesmo modo que Jesus venceu as tentações no deserto, nós também somos convidados a vencer, guiados pelo Espírito Santo. O maligno quer nos afastar de Deus e de nossa consagração batismal, temos que vencer as tentações do mesmo modo que Jesus venceu e renovar nossa pertença a Deus.

    A cor litúrgica durante o tempo quaresmal é o roxo, pois é um convite à penitência e a reconciliação com Deus. Ao longo do tempo quaresmal, omite-se o hino do Glória e o Aleluia, que retornarão na grande Vigília Pascal. Não é um tempo triste ou de luto, pelo contrário, é um tempo de alegria e reflexão, pois Jesus morreu e ressuscitou por amor a nós. Não celebramos um Deus “morto”, mas um Deus “vivo”, esse é o sentido na nossa fé.

    Somos convidados pela Igreja a trilharmos esse caminho quaresmal e a buscar tenazmente a nossa conversão diária. Que possamos olhar para as necessidades do próximo, como nos motiva a Campanha da Fraternidade desse ano (dai-lhes vós mesmos de comer). Do mesmo modo que partilhamos a Eucaristia na missa, partilhemos o pão material com o próximo.

    A primeira leitura da missa deste domingo é do livro do Genesis (Gn 2,7-9;3,1-7). Esse trecho da leitura do livro do Gênesis retrata a criação do homem e o primeiro sopro de Deus dando vida à humanidade. Após a ressurreição de Jesus, no dia de Pentecostes, Ele sopra sobre os discípulos o Espírito Santo, além dele os enviar para a missão, Ele realiza o sopro da nova criação. Essa leitura ainda relata como entrou o pecado no mundo, e foi por desobediência. Deus recomendou que eles não comessem do fruto da árvore que estava no meio do jardim, mas eles acabaram comendo (não obedeceram ao Senhor). Seduzidos pela serpente e atraídos pelo fruto proibido, acabaram comendo.

    Após comerem do fruto da árvore, os olhos deles se abriram e começaram a sentir vergonha um do outro, pois estavam nus, mas até comerem do fruto da árvore, eles não sentiam vergonha um do outro, pois não tinham pudor e nem malícia, mas ao comerem do fruto da árvore ficaram envergonhados. Também se esconderam de Deus de quem passaram a ter medo. Nesse período quaresmal, somos convidados a vencer as seduções do inimigo e nos aproximarmos de Deus.

    O salmo responsorial é o 50 (51). O salmista eleva um salmo de arrependimento ao Senhor pelos pecados cometidos. O pecado nos deixa abatidos, tristes e longe de Deus, já o perdão nos aproxima do amor e da misericórdia de Deus.

    A segunda leitura da missa desse domingo é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,12-19). Paulo diz que o pecado entrou no mundo através de um só homem e a humanidade foi resgatada do pecado através paixão, morte e ressurreição de Jesus. A morte entrou no mundo por meio do pecado de um só homem, mas através de Jesus Cristo entendemos que a morte não é o fim, mas é o começo de uma nova vida ao lado de Deus.

    O evangelho da missa desse domingo é de Mateus (Mt 4,1-11). Esse trecho do Evangelho de Mateus nos diz que Jesus, após o batismo, foi conduzido ao deserto movido pelo Espírito Santo para sofrer as tentações. Após sofrer as tentações e vencê-las, Jesus inicia a vida pública. Jesus ficou 40 dias e 40 noites no deserto, jejuou e rezou muito. Por isso, celebramos a Quaresma recordando esses dias que ficou no deserto e os 40 anos que o povo de Deus passou no deserto até chegar à Terra Prometida, também os 40 dias do dilúvio e tantos outros episódios parecidos.

    Somos convidados ao longo da Quaresma a ficar com Jesus no deserto, a orar, a jejuar e a vencer as tentações do inimigo assim como Ele venceu. Do mesmo modo que Jesus, recebemos o Espírito Santo no batismo, e esse mesmo Espírito conduz a nossa vida. Temos que guiar a nossa vida segundo o Espírito Santo e não segundo a carne, por meio da ação do Espírito Santo podemos vencer as tentações que aparecem diariamente em nossa vida.

    Aproveitemos esse tempo quaresmal para confessar os nossos pecados e nos reconciliar com Deus. Façamos desse tempo quaresmal um grande retiro. Sempre quando terminamos um retiro, chegamos ao final renovados, que cheguemos à celebração da Páscoa renovados e cheios do amor de Deus.

    Meus irmãos, celebremos com o coração aberto este primeiro domingo da Quaresma e trilhemos o caminho do amor e da misericórdia de Deus. O Senhor sempre está a nossa espera e nunca nos pune em proporção às nossas faltas, mas nos acolhe com amor de Pai. Eis o tempo favorável, eis o dia da Salvação.

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