Perdoar sempre

    Neste último final de semana, ao celebramos o XXIV Domingo do Tempo Comum recordamos a importância de uma nova ordem para deter a espiral da violência no mundo: o perdão! Nesse domingo a liturgia nos falou da realidade do perdão. No Evangelho, Pedro faz uma pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?”. Jesus vai responder que deve-se perdoar sempre: setenta vezes sete.
    O verdadeiro rosto de Deus é o do Pai misericordioso e que mostra que é esse o caminho da vida cristã! Com a medida que medirdes, sereis medidos.
    A primeira leitura Eclo 27,33-28,9 – apresenta que o mundo antigo era um mundo de guerras e vinganças e os Israelitas, perseguidos, sonhavam com a vingança contra seus inimigos. Mas o profeta recorda que o rancor e a raiva são coisas detestáveis! (…) Pensa na Aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia!”.
    Na segunda leitura Rm 14,7-9 – O Apóstolo Paulo recorda-nos que pertencemos ao Senhor e, por isso, vivamos em paz para a glória do próprio Deus!  Deus não alimenta o ódio, mas o perdão! O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).
    O Evangelho Mt 18,21-35 – ensina que todos somos devedores de Deus e não cobradores de nossos irmãos! E na oração do “Pai nosso”, damos a Deus o metro para medir o perdão que d’Ele esperamos!  “Perdoai a nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido!” Pensemos na vida eterna e sejamos generosos no perdão em nossa vida diária.
    O Senhor Jesus nos adverte que o perdão deve ser dado sempre porque o coração do Pai, como o do rei da parábola, é assim: cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida. Jesus começa dizendo que o Reino dos Céus é assim: o reinado de um rei que é Pai e perdoa. Ora, o Pai somente reina no coração de quem perdoa como ele mesmo perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o espaço, o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão mil vezes, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele Coração aberto na cruz.
    Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a Ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.
    Somos convidados pelo Senhor a sempre viver e praticar o perdão. Deus é misericordioso e assim também devemos agir com misericórdia diante de nossos do nosso próximo. Perdoar é um ato de acolher e de amar. Por isso, olhando para Jesus saibamos apreender a ser sinal de misericórdia para tantos que vivem no rancor e no ódio.

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