Perdoar e ser perdoado

             Estamos celebrando o Vigésimo quarto domingo do tempo comum, neste segundo domingo do mês da Bíblia, em que estudamos o Livro do Deuteronômio, com o tema “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11), a liturgia nos fala da realidade do perdão. No Evangelho, Pedro faz uma pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (cf. Mt 18,21).

             O vigésimo quarto domingo do tempo comum ao apresentar o Evangelho sobre o perdão (cf. Mt 18,21-35), nos mostra a visão a respeito de Deus e de como Deus olha para a pessoas. E vemos isso na liturgia deste final de semana como a imagem de Deus-Pai que Jesus nos revela no Novo Testamento, e também no Antigo Testamento, que, no texto do livro do Eclesiástico (Primeira Leitura – Eclo 27,33-28,9), nos afirma que Deus não é vingativo, embora a limitação linguística faça o autor dizer que Deus exerce vingança contra quem se vinga… (28, 1; o Evangelho de Mt 18,21-35 ilustra esse pensamento). O verdadeiro rosto de Deus é o do Pai misericordioso, superior à vingança. Deus não é mesquinho! Seis séculos antes, o profeta Oséias já anunciara: “Não darei curso à minha ira ardente… pois sou Deus, e não um homem” (Os 11, 9).

             A primeira leitura (cf. Eclo 27,33-28,9) – ensina que o mundo antigo era um mundo de guerras e vinganças e os Israelitas, perseguidos, sonhavam com a vingança contra seus inimigos. Mas o profeta recorda que o rancor e a raiva são coisas detestáveis! (…) “Pensa na Aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia!” (cf. Eclo 28,9).

             Na segunda leitura (cf. Rm 14,7-9) – o Apóstolo Paulo recorda-nos que pertencemos ao Senhor e, por isso, vivamos em paz para a glória do próprio Deus!  Deus não alimenta o ódio, mas o perdão! O perdão é a expressão maior do amor. É aceitar e querer bem ao próximo assim como ele é; é agir como Deus; é agir a exemplo de Cristo. Perdoando, é para o Senhor que vivemos e para o Senhor que morremos (cf. Rm 14, 7-9).

             O Evangelho (cf. Mt 18,21-35) – apresenta que todos somos devedores de Deus e não cobradores de nossos irmãos! E na oração do “Pai nosso”, damos a Deus o metro para medir o perdão que d’Ele esperamos!  “Perdoai a nossas dívidas assim como nós perdoamos nossos devedores!” Pensemos na vida eterna e sejamos generosos no perdão em nossa vida diária.

             O Senhor Jesus nos adverte que o perdão deve ser dado sempre porque o coração do Pai, como o do rei da parábola, é assim: cheio de compaixão, capaz de perdoar toda a dívida. Observem, caríssimos, que Jesus começa dizendo que o Reino dos Céus é assim: o reinado de um rei que é Pai e perdoa. Ora, o Pai somente reina no coração de quem perdoa como ele mesmo perdoa, como ele mesmo nos perdoou e acolheu em Jesus, que morreu e ressuscitou para ser o perdão de Deus para nós! Eis o que é a Igreja: o espaço, o ambiente no qual o reinado de Deus deve manifestar-se no mundo; lugar da misericórdia, do acolhimento, do amor, do perdão mil vezes, da esperança que não desiste, da doçura aprendida e bebida daquele Coração aberto na cruz.

             Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a Ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.

             Contudo, meus irmãos e minhas irmãs, somos convidados pelo Senhor a sempre viver e praticar o perdão. Deus é misericordioso e assim também devemos agir com misericórdia diante de nossos do nosso próximo. Perdoar é um ato de acolher e de amar. Por isso, olhando para Jesus saibamos apreender a ser sinal de misericórdia para tantos que vivem no rancor e no ódio.

    Neste domingo, nos dias 12 e 13 de setembro, iremos fazer a Coleta em favor dos Lugares Santos. Essa coleta era na sexta-feira santa que foi transferida para próximo da festa da Exaltação da Santa Cruz (dia 14). As comunidades cristãs da Terra Santa, também expostas ao risco de contágio e que vivem em contextos já muito provados, se beneficiam a cada ano da generosa solidariedade dos fiéis de todo o mundo, para que possam continuar com sua presença naquelas terras. Ademais, os recursos ajudam a manter abertas escolas e estruturas assistenciais a todos os cidadãos, para uma educação humana, a convivência pacífica e o cuidado, sobretudo, dos pequenos e mais pobres. Por esse motivo, o Santo Padre o  Papa Francisco, aprovou a proposta de que a Coleta da Terra Santa, para o ano 2020, seja realizada no domingo 13 de setembro, próximo à Festa da Exaltação da Santa Cruz. Quer no Oriente, como no Ocidente, a celebração que recorda a descoberta da Relíquia da Cruz por Santa Helena e, de fato, o início do culto público em Jerusalém com a construção da Basílica do Santo Sepulcro, será um sinal de esperança e salvação reencontrado após a Paixão à qual muitos povos estão agora unidos, bem como a solidária proximidade com aqueles que continuam a viver o Evangelho de Jesus na Terra, onde “tudo começou”. Sejamos generosos na nossa adesão na Coleta em favor da Terra Santa!

    Vivamos intensamente a realidade do perdão evangélico! Que participando da celebração da nossa Páscoa semanal, a missa dominical, celebremos em torno das mesas da Palavra e da Eucaristia, em que o Senhor nos comunica a sua vida. A Eucaristia que celebramos é a força motivadora, que nos fortalece no caminho do perdão e da concórdia! Perdoar faz sempre bem e nos renova nos caminhos pedidos pelo Senhor: “Não te digo perdoar até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.

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