Pequena reflexão sobre a dimensão bíblico-religiosa do ano litúrgico

    Texto inspirador: “Isto é o meu corpo, dado por vós.” “Fazei isto, em memória de mim. Está é a nova aliança em meu sangue, derramado por vós”. (Lc 22,19-20)

    A liturgia cristã católica é cristocentricamente trinitária: Ele é o caminho a verdade e a vida, daqueles que desejam chegar à casa do Pai, pelo Espírito Santo. (Jo 14,6) Não há outra possibilidade. Ele interveio na história humana, encarnando-se, ou seja, assumindo como Verbo divino a natureza humana, para nos salvar: viveu, morreu e ressuscitou. Venceu. Por isso, afirmam as Escrituras: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; Ele o será para eternidade”. (Hb 13,8) Cristo participou da nossa história, em tudo, menos no pecado do qual nos veio salvar. Ele não viveu num tempo mítico, nasceu em nossa história, tornando-a salvífica.

    Com a reforma da liturgia, para podermos celebrar melhor, o ano litúrgico e aprimorar a evangelização, através da melhor apresentação da riqueza bíblica do velho e novo testamento, principalmente deste, dividiu os anos: em “A”, “B”, “C”. Assim: ano “A” (São Mateus), ano “B” (São Marcos), e ano “C” (São Lucas). João ficou mais para as solenidades e tempos especiais. A Igreja forma seus filhos, com a Palavra de Deus e os alimenta pela eucaristia, para assim poderem viver, de modo mais digno, a própria vocação e missão, buscando a santificação da vida na comunidade.

    O ano litúrgico é a celebração do grande memorial, da obra da salvação, na história humana. À raiz de toda celebração litúrgica cristã, está o mandamento ou a ordem de Jesus, “fazei isto, em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,23-34). Celebramos o nascimento, vida, morte e ressureição de Cristo. O povo da antiga Aliança celebrava sua libertação da escravidão, através de Moisés. Fazia-o, pelo rito da ceia Pascal, chamado de “memorial”, porque tornava presente, para os Hebreus de todos os tempos, a libertação dos seus pais do Egito. Eles diziam: “hoje o Senhor celebrou conosco (comigo) sua Aliança”. Celebro, hoje, também eu, minha libertação: minha Páscoa. Hoje, nos tornamos todos salvos. (Dt 5, 2-3) 3.1 Portanto, celebrando, “hoje”, a Eucaristia, sob a ordem de Cristo (fazei isto, em memória de mim), não estamos, apenas, recordando eventos passados, como que olhando, o álbum da história salvífica: mas, eu mesmo celebro a minha (nossa salvação), hoje com os irmãos. Não é, portanto, apenas, uma representação de acontecimento do passado, mas de algo, que acontece, aqui e agora. Não uma gélida recordação de realidade passada, mas é Cristo mesmo, que através do ministro, celebra Seu mistério (seus mistérios), perenemente presente e operante na história. É o próprio Cristo, ontem, hoje e por todos os séculos presente (Hb 13,8). Ele acrescentou ainda “eu estarei convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28,20). No centro de tudo, está a Páscoa, agora a de Cristo.

    Finalidade do ano litúrgico: este possui uma força sacramental e uma eficácia particular, para alimentar a vida cristã. O que se espera de todos, é uma participação, pela fé, esperança e caridade, na vivência do mistério de Cristo, apresentado e celebrado, durante todo ano. A celebração eucarística, não deve, portanto, torna-se uma fria e apressada “faturação” de algo do passado. Pergunto, portanto: como celebramos, este grande acontecimento? Pergunto, mais: onde ficam nossa evangelização e celebrações? Dão a impressão, de que estamos felizes, com o Cristo ressuscitado, ou apenas, junto ao Seu tumulo, tristes como aquelas mulheres do Evangelho? (Mc 16,6-8) Não celebramos um funeral (o de Cristo), mas sua vitória gloriosa e nossa salvação, no hoje de nossa existência. (cf. Messale e lezionario meditato, edições “EDB” 1974. Aos cuidados A. Tessarolo scj).

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