Pedir a sabedoria divina!

    A Palavra de Deus, meditada no 17º. Domingo do Tempo Comum, nos recorda a oração que Salomão dirigiu a Deus, no início de seu reinado. Ele não pediu longos anos de vida, riquezas ou a morte de seus inimigos, mas suplicou a Deus que lhe concedesse inteligência, sabedoria e discernimento: “Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal”(cf. 1Rs 3,9). Sem sombra de dúvida o pedido de Salomão, ou seja, da sabedoria divina, é o que todos nós devemos fazer no nosso dia a dia. Salomão elevou a Deus com humildade de coração e foi essa a sua virtude que Deus se agradou e concedeu-lhe a sabedoria necessária, para o seu reinado(cf 1Rs 3,10-12).
    O Evangelho deste domingo(cf Mt 13,44-52) nos apresenta três parábolas, com as quais Jesus comparou o Reino de Deus: o tesouro encontrado no campo, o comprador que procura pedras preciosas e a rede lançada ao mar que apanha peixes de todos os tipos.
    No Evangelho, recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.
    Na teleologia do Evangelho o tesouro escondido, pelo qual é preciso vender tudo, é, sim, o Reino dos Céus, isto é, uma realidade, mas é também em primeiro lugar uma pessoa: é o próprio Jesus.
    Ao seguir Nosso Senhor Jesus Cristo, escolhendo pela vida autêntica e voltar a escolhendo sempre de novo, ser Seu discípulo, significa ter feito a escolha certa, a única que assegura o tesouro nos céus. É Ele a pérola preciosa. O tesouro significa a abundância de dons; a pérola, a beleza do Reino. O tesouro apresenta-se de repente, a pérola supõe, pelo contrário, uma busca esforçada; mas em ambos os casos o que a encontra fica inundado de uma profunda alegria. Assim é a fé, a vocação, a verdadeira sabedoria, o desejo do céu: por vezes, apresenta-se de modo inesperado, outras segue-se a uma intensa busca. A atitude do homem, em ambas as parábolas, está descrita com os mesmos termos: “vai e vende tudo o quanto tem e compra-a: o desprendimento, a generosidade, é condição indispensável para o alcançar.
    O Reino de Deus é um Reino de “paz, justiça e gozo no Espírito Santo”. Vem, Senhor, a nós esse vosso Reino, vem nos ensinar que vale a pena perder tudo, entregar tudo para ter a Vós, único e verdadeiro Bem.
    “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar que apanha peixes de todo o tipo” (Mt13,47). Esta rede lançada ao mar é imagem da Igreja, em cujo seio há justos e pecadores: até o fim dos tempos, haverá nela santos, como haverá os que abandonaram a casa paterna, dilapidando a herança recebida no Batismo; e uns e outros pertencem a ela, ainda que de modo diverso.
    Muitas vezes, nós nos enganamos, nos iludimos e vamos por caminhos errados; achamos que os bens materiais e que os tesouros deste mundo dão sentido e valor à nossa vida. Outras vezes, paramos em pessoas e em situações e não descobrimos o tesouro essencial. Quem encontra o Cristo encontra o sentido para a sua vida! Quem se encontra com Jesus, quem O descobre, quem entra no tesouro precioso, que é o Coração de Jesus, encontra a sua razão de viver. Assim como os apóstolos um dia encontraram o Senhor e tudo deixaram por Ele, quando nós encontramos Jesus deixamos de confiar em outras coisas e deixamos de colocar o nosso coração em outros valores que não são os valores do Reino de Deus.
    São Paulo(cf Rm 8,28-30) aos Romanos proclama que fomos predestinados para sermos conforme a imagem do Filho. O que Deus quer de cada um de nós, os batizados, é que nos tornemos, pelo nosso modo de ser, de viver e de agir, uma imagem viva de seu Filho, Jesus Cristo. Isso é uma graça de Deus que devemos pedir. A segunda leitura nos convida a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas.
    Nesta semana vamos pedir como Salomão. Deus responde a Salomão “Pede o que quiseres…” Se a mesma questão nos fosse posta hoje, qual seria a nossa resposta? Por que tesouro estamos dispostos a sacrificar tudo? “Um coração que escute e saiba discernir o essencial do acessório!” A oração de Salomão poderia inspirar a nossa oração ao longo da semana, para pedirmos sempre as coisas do Alto e a sabedoria divina para viver neste mundo tão violento e conturbado que necessita reencontrar a centralidade de Deus e viver em harmonia e paz!

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