Peçamos perdão de nossos pecados!

    A liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum nos propõe a continuação da reflexão iniciada no passado domingo. Recorda, uma vez mais, que Deus ama cada homem e cada mulher e chama-o à vida plena e verdadeira. A resposta do homem ao chamamento de Deus passa por um caminho de conversão pessoal e de identificação com Jesus. As leituras giram em torno da necessidade de pedirmos perdão de nossos pecados.
    Pergunto, inicialmente, a cada um dos meus leitores? Qual foi a última vez que você se confessou? Foi no Advento ou na Quaresma de 2017? Sabemos todos que aproximar-se do confessionário e pedir o perdão de Deus, recebendo a absolvição sacramental, é uma graça que devemos cultivar com mais frequência em nossa vida sacramental. Como é bom confessar e fazer uma faxina espiritual. Reconciliados com Deus e com a Igreja reiniciamos uma vida nova. Por isso a confissão é precedida de um minucioso exame de consciência, de uma vontade plena de mudança de vida e de início do itinerário penitencial. Somente pela conversão e pela penitência, diariamente assumidas, que é possível perseverar estavelmente no serviço do Senhor. Hoje são três as categorias de pessoas que experimentaram o perdão de Deus: os ninivitas, na primeira leitura; os ouvintes de Jesus vão acolher o Reino; e nós vamos, pela participação na Santa Eucaristia, receber em nosso corpo e alma o Filho de Deus pela santa comunhão.
    A primeira leitura(cf. Jn 3,1-5.10) nos adverte – através da história do envio do profeta Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive – que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. A disponibilidade dos ninivitas em escutar os apelos de Deus e em percorrer um caminho imediato de conversão constitui um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus.
    No Evangelho(cf. Mc 1,14-20) aparece o convite que Jesus faz a todos os homens para se tornarem seus discípulos e para integrarem a sua comunidade. Marcos avisa, contudo, que a entrada para a comunidade do Reino pressupõe um caminho de “conversão” e de adesão a Jesus e ao Evangelho.
    O cenário da vocação dos primeiros Apóstolos é o lago da Galileia. Jesus acabara de iniciar a pregação do Reino de Deus, quando o seu olhar se pousou sobre dois pares de irmãos:  Simão e André, Tiago e João. São pregadores, empenhados no seu trabalho quotidiano. Lançam as redes, consertam-nas. Mas outra pesca os aguarda. Jesus chama-os com decisão e eles seguem-nO imediatamente: agora serão “pescadores de homens” (cf. Mc 1, 17; Mt 4, 19).
    A quem serão enviados os Apóstolos? No Evangelho parece que Jesus limita a sua missão unicamente a Israel: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15, 24). De modo análogo parece que ele circunscreve a missão confiada aos Doze: “Jesus enviou estes Doze, depois de lhes ter dado as seguintes instruções: “Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel”” (Mt 10, 5s.).
    Jesus é o pastor escatológico, que reúne as ovelhas perdidas da casa de Israel e vai à procura delas, porque as conhece e ama (cf. Lc 15, 4-7 e Mt 18, 12-14; cf. também a figura do bom pastor em Jo 10, 11ss.). Através desta “reunião” o Reino de Deus é anunciado a todas as nações: “Manifestarei a minha glória entre as nações, e todas me verão executar a minha justiça e aplicar a minha mão sobre eles” (Ez 39, 21). E Jesus segue precisamente este caminho profético. O primeiro passo é a “reunião” do povo de Israel, para que assim todas as nações, chamadas a reunirem-se na comunhão com o Senhor, possam ver e crer.
    Assim os Doze, chamados a participar na mesma missão de Jesus, cooperam com o Pastor dos últimos tempos, indo também eles, em primeiro lugar, até às ovelhas perdidas da casa de Israel, isto é, dirigindo-se ao povo da promessa, cuja reunião é o sinal de salvação para todos os povos, o início da universalização da Aliança. Longe de contradizer a abertura universalista da ação messiânica do Nazareno, a inicial limitação a Israel da sua missão e da dos Doze torna-se assim o seu sinal profético mais eficaz. Depois da paixão e da ressurreição de Cristo este sinal será esclarecido: o caráter universal da missão dos Apóstolos tornar-se-á mais explícito. Cristo enviará os Apóstolos “a todo o mundo” (Mc 16, 15), a “todas as nações” (Mt 28, 19); (Lc 24, 47), “até aos extremos confins da terra” (At 1, 8). E esta missão continua. Continua sempre o mandato do Senhor de reunir os povos na unidade do seu amor. Esta é a nossa esperança e este é também o nosso mandato: contribuir para esta universalidade, para esta verdadeira unidade na riqueza das culturas, em comunhão com o nosso verdadeiro Senhor Jesus Cristo.
    A segunda leitura(cf. 1Cor 7,29-31) convida o cristão a ter consciência de que “o tempo é breve” – isto é, que as realidades e valores deste mundo são passageiros e não devem ser absolutizados. Deus convida cada cristão, em marcha pela história, a viver de olhos postos no mundo futuro – quer dizer, a dar prioridade aos valores eternos, a converter-se aos valores do “Reino”.
    O mesmo convite de Jesus aos apóstolos para que fossem pescadores de homens é feito a cada um dos batizados. Particularmente neste ano do Laicato, por desejo da CNBB, lembramos que todos os batizados têm o dever urgente de anunciar o Evangelho e pregar o chamado universal da conversão. As palavras de Jesus vão nos acompanhar nesta semana para vivermos uma vida renovada: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”(cf. Mc 1,15).
    Vamos nos aproximar do confessionário e buscar a graça de Deus. Peçamos perdão de nossos pecados! Jesus não desiste de nenhum dos seus filhos. Ele nos ama. Ele nos chama. Ele nos confirma na missão de testemunhá-lo com uma vida santa nos novos areópagos do mundo contemporâneo. Pela vitória de Jesus sobre o pecado e a morte vivamos, neste mundo, com os olhos fixos nas realidades celestes para que sejamos, em Cristo Ressuscitado, sermos participantes de Seu glorioso triunfo sobre o mal.

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