Páscoa de Dona Latiff Aga Biasin.

    Soube hoje do retorno ao Pai de uma grande amiga dos meus tempos de Pároco da Paróquia de São Roque e também dos primeiros anos de Bispo em São José do Rio Preto. São mulheres assim que vejo que nós construímos o amanhã cristão.
    Dona Latiff Aga Biasin foi nossa antiga paroquiana da Paróquia de São Roque e oblata secular de nosso Mosteiro. Participava da Pastoral da Escuta da paroquia e dirigia as Obras Sociais.
    Quando já com cerca dos seus 70 anos quis voluntariamente me ajudar como governanta do Palácio Episcopal Dom Lafayette Libânio, São João do Rio Preto. Dela guardo as melhores recordações de vivo agradecimento pela sua dedicação à minha pessoa e aos meus colaboradores mais próximos que residiam comigo ou comigo trabalharam quando fui o Bispo Diocesano de São José do Rio Preto.  Quis expressar esta gratidão na minha última visita à nossa terra natal, a amada e sempre presente cidade de São José do Rio Pardo, SP, quando tive a graça de visita-la. Não sabia, porém, que seria a última visita que faria a ela. Agora quero unir-me a sua distinta família em ação de graças pelo testemunho bonito de vivência dos valores evangélicos da estimada amiga que partiu.
    Mãe, esposa, participação consciente e ativa na vida paroquial, uma mulher extremamente caridosa. Pessoa pura, de uma intimidade muito profunda com Deus. Quando de minha juventude trabalhei na mesma empresa junto ao seu esposo falecido precocemente. Recordo muito bem de seu trabalho e missão. O filho sempre dedicado e com seus afazeres de marido e pai sempre deu atenção à mãe viúva que, juntamente com os familiares, puderam sempre perceber a mão de Deus a cada momento de suas vidas.
    Dona Latiff, buscando a inspiração no modelo perfeito de mulher, que é a Bem-Aventurada Virgem Maria viveu o que nos ensinou o grande São João Paulo II, na sua Encíclica Redemptoris Mater Esta dimensão mariana da vida cristã assume um relevo particular no que respeita à mulher e à condição feminina. Com efeito, a feminilidade encontra-se numa relação singular com a Mãe do Redentor, assunto que poderá ser aprofundado num outro contexto. Aqui desejaria somente salientar que a figura de Maria de Nazaré projeta luz sobre a mulher enquanto tal, pelo fato exatamente de Deus, no sublime acontecimento da Encarnação do Filho, se ter confiado aos bons préstimos, livres e ativos da mulher. Pode, portanto, afirmar-se que a mulher, olhando para Maria, nela encontrará o segredo para viver dignamente a sua feminilidade e levar a efeito a sua verdadeira promoção. A luz de Maria, a Igreja lê no rosto da mulher os reflexos de uma beleza, que é espelho dos mais elevados sentimentos que o coração humano pode albergar: a totalidade do dom de si por amor; a força que é capaz de resistir aos grandes sofrimentos; a fidelidade sem limites, a operosidade incansável e a capacidade de conjugar a intuição penetrante com a palavra de apoio e encorajamento” (RM 46).
    Dona Latiff foi uma mulher admirável, de virtuosíssima modéstia e de grande temor a Deus. De uma beleza interior esplêndida, soube dar testemunho da alegria generosa do Evangelho, vivendo a sua vida em favor da evangelização e do anúncio silencioso do Evangelho da vida. Não podia passar em frente sua casa no Jardim São Roque sem entrar para saborear um dos seus famosos quitutes que também levava para as festas paroquiais.
    Agora do céu, Dona Latiff que na terra colocou a sua confiança unicamente em Deus e rezamos para que O veja face a face na bem aventurança eterna. Tenhamos presentes, como sempre o teve a saudosa amiga Dona Latiff, a confiante invocação de Jesus na cruz: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Realmente esta foi a profissão de fé de Dona Latiff. De nossa parte, agradecidos pelo seu excelente testemunho eclesial, desejamos acompanhar a nossa amada irmã Dona Latiff, enquanto cumpre a sua passagem deste mundo para o Pai. Neste momento, meu pensamento não pode deixar de ir para a Igreja Matriz e a Capela Abacial do Mosteiro em São José do Rio Pardo, minha casa espiritual fundante. Espiritualmente voltados àquele lugar de oração, confiamos à Virgem Santa, a Senhora de São Bernardo, a nossa oração de sufrágio pela falecida Dona Latiff. Ela nasceu próximo àquele Mosteiro e junto deste o Santuário de São Roque, aonde aprendeu a conformar a sua vida a Cristo segundo a Regra beneditina, e morreu à sombra deste lugar de oração, casa de Deus. Nossa Senhora, São Roque e São Bernardo acompanhem esta fiel discípula do Senhor no seu Reino de luz e de paz. Amém.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here