Amedeo Lomonaco – Cidade do Vaticano
A viagem apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos, também se cruza com uma densa história de fé. Uma página de secular presença cristã na Península Arábica, escrita por tantos capuchinhos, agora revivida pela comunidade formada por de católicos, especialmente, mais de 900.000 migrantes que vivem nos Emirados Árabes Unidos. Entrevistado pelo Vatican News, o padre Egidio Picucci se concentra na viagem apostólica e traça a história da presença dos capuchinos no país.
R. – Francisco será bem recebido porque ele foi convidado oficialmente pelo xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, que não somente permitiu que o Papa seja o primeiro a viajar para os Emirados Árabes Unidos, mas também permitiu que seja celebrado publicamente um serviço religioso aberto. E isso não é permitido aos católicos, porque eles podem exercer seu culto, mas somente na igreja ou dentro do complexo da própria igreja. O Papa também foi convidado pelo Vigário Apostólico, capuchinho, Dom Paul Hinder.
Nesta visita, um papel importante é o do vicariato. Qual é a história desta preciosa realidade na Península Arábica?
R. – O vicariato chegou aos Emirados Árabes Unidos depois de ter sido fundado em 1841, em Aden, por um frade servita. Em 1971, foi levado por um certo padre Damião, capuchinho, no Golfo Pérsico em Abu Dhabi. Uma cidade que, na época, se preparava para ser a capital desses cinco Emirados. Os vigários apostólicos eram até agora sempre capuchinhos, a começar pelo prefeito apostólico, em 1888, dom Lasserre. O vigário hoje tem sua sede em Abu Dhabi, capital dos Emirados. Abu Dhabi quer dizer “pai da gazela”.
O Papa vai como pastor e vai ao encontro do rebanho de cristãos nos Emirados …
R. – O Papa vai oficialmente para um encontro internacional sobre a fraternidade humana. O tema desta viagem é retirado do primeiro verso da oração atribuída a São Francisco: “Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz”. O Pontífice encontrará uma realidade muito bonita, porque os católicos são mais de um milhão nos Emirados Árabes Unidos. Eles são todos imigrantes. No país existem sacerdotes diocesanos, religiosos, freiras e diáconos. E assim há toda uma hierarquia que ajuda esse grande rebanho cristão. Um povo de fiéis provenientes de 100 países do mundo. A dificuldade que os católicos enfrentam hoje nos Emirados Árabes Unidos não vem das autoridades. Vem em vez disso de seitas protestantes que tentam fazer proselitismo: não sendo capaz de se dirigir ao mundo muçulmano, vai ‘pescar’ prosélitos entre os católicos e isso, de acordo com o vigário apostólico Paul Hinder, é uma grande dificuldade para a presença dos católicos nos Emirados.
A presença franciscana tem uma longa história nos Emirados Árabes Unidos. Como pano de fundo desta viagem, há também os 800 anos do encontro entre São Francisco e o Sultão. O modelo de vida franciscana, que marca deixou no país?
R. – Um sinal de fraternidade, nascida do respeito que os missionários e os católicos tiveram pelas tradições, pelos hábitos, até mesmo nos sinais da civilização muçulmana. E isso causou muita impressão. Quando em 1972 o vigário apostólico Dom Bernardo Gremoli chegou em Abu Dhabi, o xeique enviou um representante seu para recebê-lo no aeroporto. No país, os capuchinhos fundaram igrejas e escolas. Quando monsenhor Gremoli deixou o vicariato, o responsável pela educação deu a ele um reconhecimento que consistia nisso: a sua fotografia, com esta inscrição: “Para meu caro Bernardo foi um prazer conhecê-lo, porque é um amigo, um homem de paz, de tolerância, realmente uma ótima pessoa e um verdadeiro homem de Deus, desejo-lhe todo o bem”. Então, como um sinal de Francesco e desta irmandade haverá esse abraço com esse espírito franciscano que os nossos missionários e todos os capuchinos deixaram neste pedaço da terra muçulmana.