Silvonei José – Vatican News
“O rito do lava-pés não é folclore, mas nos diz como devemos ser”. “Todos podem escorregar, Jesus nos ama como somos”. É a mensagem que o Papa Francisco deixa aos jovens na sua breve homilia durante a missa em Coena Domini (Missa do lava-pés), no Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo.
Bergoglio, em sua homilia pronunciada sem texto, recorda Jesus lavando os pés dos Apóstolos: “Os discípulos ficaram espantados quando viram Jesus fazendo trabalho de escravo. Se nós ouvíssemos isto de Jesus, iríamos imediatamente nos ajudar uns aos outros, mas em vez disso nos fazemos de espertos, aproveitando-se um do outro. É bonito ajudar, isso nasce de um “coração nobre””. Cada um de vocês pode dizer: “mas, se o Papa soubesse o que eu tenho dentro. Mas Jesus nos ama como somos, Ele não tem medo de nossas fraquezas. Ele quer nos acompanhar, nos levar pela mão. Farei o mesmo gesto de lavar os pés, mas não é folclore, é um gesto que anuncia como devemos ser”.
”Na sociedade – a reflexão – há muitas injustiças: pessoas sem trabalho, pessoas que trabalham e são pagas pela metade, famílias desfeitas. Cada um de nós pode escorregar e isso nos dá a dignidade de ser pecadores. É por isso que Jesus quis lavar os pés para ajudar uns aos outros. Assim, a vida é mais bonita”. E Francisco conclui: “Eu espero conseguir porque não consigo andar bem, mas vocês pensem: Jesus lavou os meus pés”.
Depois da homilia o Papa realizou o rito do lava-pés da Quinta-feira Santa. Ele lavou e beijou os pés de 12 jovens detentos que simbolizam os apóstolos. Entre eles duas jovens. O Papa, que se movia com dificuldade, realizou o rito com grandes sorrisos e cumprimentou um a um os jovens escolhidos para este rito.
Agradecimento da diretora
No final da celebração a diretora do Instituto Penal dirigiu algumas palavras ao Santo Padre dizendo da “tarefa muito difícil de encontrar as palavras certas para poder agradecer-lhe pela imensa alegria que nos deu! Mas na realidade eu acho que não estou à altura…”
“O senhor nesta situação nos desarma – continuou ela – por causa de sua imensa doçura que nos revela e nos reconduz ao essencial, então eu pensei que teria que recorrer a palavras que minha mente me ditaria de forma refinada, mas em vez disso são simplesmente aquelas que fluem do coração que são as mais importantes que eu quero dirigir ao senhor em nome de todos nós”.
“Seu sorriso – disse ainda a diretora emocionada – é uma doce carícia para nós, apoiando-nos, encorajando-nos diante de todas as dificuldades diárias que encontramos. O exemplo que o senhor nos deu e o dom que nos fez de estarmos juntos neste abraço nos mostra o caminho diário, o de estarmos sempre juntos, abraçados, unidos, de mãos dadas, sempre olhando para cima, pensando no bem, sem distinção e buscando dentro de nós mesmos a força que o olhar do outro nos dá”.
Por isso, – concluiu – “quero realmente agradecer em nome de todos por este maravilhoso poema que o senhor nos deu hoje. Continuaremos a agradecer-Lhe todos os dias de nossas vidas pelo ensinamento e rezaremos juntos com o senhor, pelo bem, pela paz no mundo. Muito obrigado, Santo Padre! Muito obrigado!”
Despedida
Na conclusão da Santa Missa o Papa abençoou a placa de inauguração da capela dedicada ao beato Pino Puglisi. Sucessivamente, ao saudar alguns jovens detentos, o Papa Francisco recebeu de presente uma cruz realizada pelos jovens que seguem o curso de carpintaria, alguns biscoitos e um pacote de massa, ambos realizados na panificadora recentemente inaugurada dentro do cárcere. Aos jovens detentos, à diretora e aos funcionários o Papa deu de presente alguns Terços e ovos e chocolate.
Casal de Marmo
Na tarde desta quinta-feira (06) o Papa Francisco foi ao Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma para celebrar a Missa da Ceia do Senhor com o rito do Lava-Pés. Em 2013 o Papa foi a esta prisão celebrar esta Liturgia, no seu primeiro ano de Pontificado, agora retornou e o jovem capelão padre Nicolò Ceccolini falando ao Vatican News da expectativa dos jovens, recordou que não seriam os mesmos jovens que o Papa encontrou dez anos atrás. “Felizmente”, brinca o capelão, afirmando em seguida “é sinal de que evidentemente os caminhos educacionais e de reabilitação realizados pela comunidade de trabalho sempre ativa para os detentos, estão funcionando. Uma palavra, detentos, que o padre Nicolò nunca usa no decorrer da entrevista. Para ele, são sempre e somente os “jovens”, cerca de cinquenta mulheres e homens de 14 a 25 anos de idade, italianos, árabes, africanos, ciganos, ateus ou católicos, ortodoxos e até mesmo cerca de quinze muçulmanos que nestes dias estão vivenciando o Ramadã. “Para eles também é uma ocasião especial, muito esperada”, afirma o capelão, “nem que seja pela curiosidade de conhecer uma pessoa que eles sabem que é importante e que vem visitá-los”.