Papa Francisco recebeu relíquia de Dom Oscar Romero

Na Audiência da manhã desta quinta-feira, o Presidente salvadorenho Carlos Maurício Funes presenteou o Papa Francisco com uma relíquia de Dom Oscar Arnulfo Romero.

A relíquia – um fragmento das vestes que Dom Romero usava quando recebeu um tiro em 1989 – está num relicário dourado, em forma de cruz, obra das Irmãs do Hospital da Divina Providência, em cuja capela o Arcebispo de San Salvador foi assassinado. Os braços foram realizados com a união de numerosas imagens de pessoas, que simbolizam a união do Arcebispo com o povo salvadorenho.

O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, disse ser muito evidente a mancha de sangue do Bispo assassinado presente no tecido. Lombardi também definiu como ‘significativo’ o fato que Romero tenha sido objeto do colóquio de Funes com o Papa Francisco

O Presidente salvadorenho veio a Roma também para defender a causa da Beatificação do Dom Romero. Junto com Papa Francisco, prestaram homenagem à memória do Arcebispo mártir, destacando “a importância do seu testemunho para toda a Nação”. Funes assegurou ao Papa Francisco que Romero estava sempre cercado pelo povo, especialmente por crianças. Ele acrescentou que numerosos artistas salvadorenhos representaram a vida de Romero em murais, alguns deles colocados no Aeroporto de San Salvador.

O Chefe de Estado salvadorenho, entre outros, foi aluno do jesuíta Rutilio Grande, assassinado antes de Dom Romero e um de seus inspiradores.

Em finais de abril, o postulador da causa de beatificação de Dom Romero, o Arcebispo Vincenzo Paglia, declarou publicamente que ‘a causa de beatificação foi desbloqueada’. Tecnicamente favorável à retomada do processo, foi o testemunho dado em 2010 pelo responsável direto por sua morte, o Capitão Álvaro Rafel Saravia, o único condenado pelo homicídio. O militar disse que Romero foi ‘morto por ódio à fé’. A sensibilidade e experiência de Bergoglio, como latino-americano, pode ter contribuído também com o desbloqueio do processo de beatificação.

Poucos meses antes de ser vítima dos esquadrões da morte, Dom Romero havia afirmado que “o Concílio Vaticano II pede a todos os cristãos para serem mártires, isto é, dar a vida: a alguns pede isto até o sangue, mas a todos pede de dar a vida”.

Dom Romero acusava os militares, os paramilitares e os esquadrões da morte pelos assassinatos de opositores e dos defensores dos mais fracos, como o jesuíta Rutilio Grande. (JE)