Cidade do Vaticano (RV) – Por ocasião do Simpósio Inter-religioso que começou na quarta-feira (07/09), o Papa enviou uma mensagem de encorajamento aos participantes do evento, exaltando a importância de reconhecer cada ser humano como um presente de Deus.
Francisco também agradeceu pela iniciativa e desejou que esse diálogo ultrapasse as fronteiras.
“Me alegra dar as boas-vindas a todos vocês que participam deste primeiro encontro: ‘América em diálogo – Nossa Casa Comum’, agradeço a Organização dos Estados Americanos e ao Instituto de Diálogo Inter-religioso de Buenos Aires e seus esforços para tornar real esse evento, assim como a colaboração do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Sei que estão trabalhando juntos no projeto de um Instituto de Diálogo que possa abranger todo o continente americano. Trabalhar juntos é uma iniciativa louvável e os convido a seguir adiante para o bem, não somente da América, mas do mundo inteiro”.
Admirar e contemplar a beleza da Criação
“Este primeiro encontro está centrado no estudo da Encíclica Laudato si. Ela tem chamado a atenção para a importância de amar, respeitar e salvaguardar nossa Casa Comum. Não podemos deixar de admirar a beleza e a harmonia que existe em toda a criação; é um presente que Deus nos dá para que possamos encontrá-lo e contemplá-lo em sua obra. É importante apostar em uma ‘ecologia integral’, no respeito pelas criaturas e na valorização da riqueza contida em cada uma delas, além de colocar o ser humano como ponto culminante da criação”.
Cultura do Encontro
O Papa exemplificou o encontro com o próximo “como uma sementinha que se planta; se for regada, cuidada com respeito, com verdade, crescerá uma árvore frondosa, com muitos frutos, na qual todos podem se proteger e se alimentar, ninguém está excluído e todos farão parte de um projeto comum, unindo seus esforços e aspirações”.
“Nossas tradições religiosas são uma fonte necessária de inspiração para fomentar a cultura do encontro. É fundamental uma cooperação inter-religiosa baseada na promoção de um diálogo sincero e respeitoso. Se não existe respeito recíproco não existirá diálogo inter-religioso; essa é a base para poder caminhar juntos e enfrentar desafios. Este diálogo está fundamentado na própria identidade e na confiança mútua que nasce quando sou capaz de reconhecer o outro como dom de Deus e aceito que ele tem algo a me dizer. Neste caminho para o diálogo somos testemunhas da bondade de Deus que nos deu a vida; que é sagrada e dever ser respeitada, não menosprezada”.
Defensores da vida
“Quem acredita em Deus é um defensor da criação e da vida; não pode permanecer mudo ou de braços cruzados diante de tantos direitos aniquilados impunemente; o homem e a mulher de fé são chamados a defender a vida em todas as suas fases, a integridade física e as liberdades fundamentais, como a liberdade de consciência, de pensamento, de expressão e de religião. É um dever que temos, pois acreditamos que Deus é o Criador e nós instrumentos em suas mãos para que todos os homens e mulheres sejam respeitados em sua dignidade e direitos e que possam realizar-se como pessoas”.
Papa Francisco ainda pediu coerência na vida cotidiana com o respeito à Criação.
“O mundo constantemente nos observa para comprovar qual é a nossa atitude diante da Casa Comum e dos direitos humanos; além disso nos pede que colaboremos entre nós e com os homens e mulheres de boa vontade que não professam nenhuma religião para darmos respostas efetivas às tantas chagas no nosso mundo, como a guerra e a fome, a miséria que aflige milhares de pessoas, a crise ambiental, a violência, a corrupção e o degrado moral, a crise da família, da economia e sobretudo, a falta de esperança. O mundo de hoje sofre e necessita da nossa ajuda, ele está nos pedindo”.
Em nome da religião…
“É dolorido constatar que, às vezes, o nome da religião é usado para cometer atrocidades como o terrorismo, espalhar o medo e a violência, e como consequência disso, as religiões são apontadas como responsáveis pelo mal que nos rodeia. É necessário condenar de forma conjunta as ações abomináveis e se distanciar de tudo aquilo que quer envenenar os ânimos, dividir e destruir a convivência; falta mostrar os valores positivos inerentes às nossas tradições religiosas para alcançar a esperança. Por esses motivos, encontros como este são importantes. É necessário compartilhar as dores e também as esperanças para poder caminhar juntos cuidando um do outro e também da Criação e na defesa da promoção do bem comum. Que bom seria deixar o mundo melhor de quando o encontramos”.
Jubileu da Misericórdia
“Por último, este encontro é realizado no ano dedicado ao Jubileu da Misericórdia; isto tem um valor universal que abarca tanto os que acreditam como aqueles que não, porque o Amor misericordioso de Deus não tem limites: nem de cultura, nem de língua, nem de religião; abraça todos os que sofrem em corpo e espírito. O amor de Deus envolve toda a criação; nós como quem acredita em Deus temos a responsabilidade de defender, cuidar e sanar o que falta. Que a circunstância do Ano Jubilar seja uma ocasião para abrir espaços de diálogo, para sair ao encontro do irmão que sofre, como também para lutar para que nossa Casa Comum seja um lugar onde estejamos todos: ninguém é excluído e nem eliminado. Cada ser humano é o maior presente que Deus poderia nos dar”.
“Vos convido a trabalhar e impulsionar iniciativas em conjunto para que todos tomemos consciência do cuidado e da proteção da Casa Comum, construindo um mundo cada vez mais humano, onde nada sobre e todos são necessários”.
Fonte: Rádio Vaticano