Os Santos de Junho

    Junho é o mês das festas populares de inspiração religiosa: Santo Antônio, São João Batista e São Pedro. São festas que não deixam morrer costumes e tradições do passado: danças, músicas, trajes e comidas típicas.
    As festas juninas vieram para o Brasil na época da colonização, trazidas pelos portugueses. A base é de origem francesa, por isso nas danças aparecem várias palavras nessa língua.
    A Conferência de Aparecida ressalta que: “Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel tão nobre e orientador que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante Seus olhos, não obstante as diferenças sociais, étnicas ou de qualquer outro tipo”. (DAp, 37)
    Assim continua: “Esta maneira de expressar a fé está presente de diversas formas em todos os setores sociais, em uma multidão que merece nosso respeito e carinho, porque sua piedade reflete uma sede de Deus que somente os pobres e simples podem conhecer. A religião do povo latino-americano é expressão da fé católica. É um catolicismo popular, profundamente inculturado, que contém a dimensão mais valiosa da cultura latino-americana”. (DAp, 258)
    O que caracteriza essas festas é que elas mantêm a pureza e a beleza iniciais, desafiando modismos ou inovações. Ainda hoje são celebradas com entusiasmo, com comidas e bebidas típicas, com trajes caipiras e danças, sobretudo da “quadrilha”, sendo eloquente expressão de convivência e de fraternidade, apanágios fundamentais para o escopo da sociedade humana, em que somos convidados a viver em harmonia e construir a paz e o respeito mútuo.
    São vários os símbolos dessa festa, entre os quais temos: A fogueira – criada desde os tempos mais antigos para agradecer pela fertilização da terra e pelas fartas colheitas. Além disso, por manifestar tanto o bem quanto o mau; o bem por representar a criação, a luz, e o mau por ser um elemento destruidor. Os balões foram criados para lembrar as pessoas do início da festa. Porém, essa prática deu início a grandes incêndios, e passou a ser proibida. Hoje existe uma lei que proíbe o uso dos mesmos, a fim de evitar acidentes. As bandeirolas surgiram por causa dos três santos: São João, Santo Antônio e São Pedro, onde estes eram pregados nas bandeiras para serem admirados durante a festa. Assim, passaram a fazer bandeirinhas pequenas e coloridas para alegrar o ambiente da festa. O mastro que se levanta tanto pode ser de cada um em particular como dos 3 santos juninos, também faz parte dessa tradição.
    No dia 13 junho, a Igreja Católica celebra o dia de Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares, venerado não somente em Pádua, onde foi construída uma basílica que acolhe os restos mortais dele, mas no mundo inteiro. São estimadas pelos fiéis as imagens e estátuas que o representam com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, que lembram uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.     A comemoração religiosa, com missa, procissão, bênção dos pães e do bolo, é participada por tantos devotos, sobretudo por aquelas que sonham com um bom casamento. É um misto de religiosidade, folclore e crendice, que expressam a alma simples do nosso povo que venera este grande santo.
    A Mãe Igreja celebra, solenemente, no dia 24 de junho, o nascimento de São João Batista. Santo que, juntamente com a Virgem Maria, é o único a ter o aniversário natalício celebrado pela liturgia. É o precursor, que por aquele que anuncia o “cordeiro de Deus”, é também assim representado. Nesse dia, a fogueira é um dos elementos mais comuns e tradicionais, além das comidas típicas que, no Brasil, variam de acordo com a região.
    Celebramos no dia 29 a festa de dois Apóstolos, colunas da Igreja: São Pedro e São Paulo. Aqui no Brasil, em geral, essa festa é transferida para o domingo seguinte. Duas figuras tão diferentes que, no entanto, se uniram no testemunho de Cristo até a morte. Pedro é objeto de uma atenção especial por parte de Cristo. Homem corajoso e decidido, que confessa sua fé em Cristo, está disposto a acompanhá-Lo em sua paixão, caminha sobre as águas, quer defender o seu Senhor, mas ao mesmo tempo tão frágil a ponto de trair o seu Mestre, negando conhecê-Lo por três vezes. Mas é sobre esta fragilidade fundamentada na fé que Cristo quer edificar a Sua Igreja. Paulo não conhecera Jesus segundo a carne. Foi perseguidor ferrenho dos cristãos, até ser alcançado pelo Senhor ressuscitado na estrada de Damasco. Jesus o fez seu apóstolo. Pregou o Evangelho incansavelmente pelas principais cidades do Império Romano e fundou inúmeras igrejas. Combateu ardentemente pela fidelidade à novidade cristã, separando a Igreja da Sinagoga. Por fim, foi preso e decapitado em Roma, sob o Imperador Nero.
    Que possamos viver com toda intensidade este mês de junho! Que o exemplo destes santos nos inspirem a amar mais o Nosso Deus e doar ainda mais a nossa vida ao próximo. Que as nossas comunidades saibam valorizar as festas juninas como serviço à fraternidade e como manifestação autêntica da verdadeira alegria.

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