OS JUROS DA SALVAÇÃO

                Pensar a dinâmica do Reino de Deus com os critérios do reino dos homens é coisa própria do materialismo humano. Por isso Jesus explica essa dinâmica falando de dinheiro, juros e correções monetárias, para que a cabecinha oca de alguns consiga penetrar nos mistérios e na grandiosidade do que seja esse Reino que nos aguarda. Os talentos eram uma espécie de moeda vigente à época. Tornou-se nossa moeda de troca para nossa própria salvação. Mas não uma moedinha qualquer! Senão, vejamos…

                Qualquer recurso que a vida coloque em nossas mãos, no caminho que trilhamos, na história que aqui vivemos, deve ser um trampolim de crescimento, um meio de obtermos vantagens e provarmos nossa capacidade de renovação de forças. Isso é o mínimo que Deus nos pede diante dos homens. Que aproveitemos as chances que temos, que valorizemos os recursos, os dons recebidos em vida. Se a um lhe foi dado cinco, no mínimo, há o dever da multiplicação. Dois, o dobro. Um apenas…, que este não se perca no desânimo dos derrotistas, dos insatisfeitos, dos invejosos! Pois esse um também pode render tanto quanto os talentos daquele que foi melhor agraciado e que teve maiores responsabilidades, mais trabalho a desenvolver.

                Sinceramente, nesta perspectiva, prefiro ser aquele que recebeu menos. Pois multiplicar o pouco é mais fácil do que administrar fortunas. Mas a ingenuidade do pequeno é se deixar enterrar na derrota, diante da grandiosidade dos que possuem mais. Inveja pura e simples! Esse é o caminho dos que se deixam vencer pelo “olho gordo” sobre as graças daqueles que imaginamos privilegiados diante de Deus. “Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez!” (Mt 25,28). O pouco com Deus é muito, nos diz a sabedoria do povo. Ou seja, é preciso valorizar o “pouco” que pensamos receber, para que a generosidade do Pai se manifeste em nós. Os juros e dividendos dessa matemática são proporcionalmente mais rentáveis que a lógica calculista dos banqueiros do nosso mercantilismo social. Aos olhos de Deus o que conta é nossa ação, nossos esforços a serviço do Reino. A serviço do Reino deveria ser um adesivo em nossas vidas!

                Mas eis que, não contentes e corroídos pela inveja e preguiça, escondemos ou enterramos dons e talentos graciosamente recebidos. Perdemos o segredo da Eternidade; ignoramos a lógica da graça, que é contrária à lógica mundana, pois, aos olhos de Deus, “aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado” (Mt 25-29). Cuidado! Não interprete esse versículo com os critérios da visão materialista, apenas. Aqui não se trata do sonoro tilintar de nossas falíveis e desvalorizáveis moedas – invencionice humana – , mas dos preciosíssimos dons e talentos que um dia recebemos de Deus. Nessa perspectiva, os juros que destes possamos gerar é que nos garantirão a Salvação esperada. Sé é que seja esta sua maior ambição. Caso contrário, delete tudo o que leu até aqui.

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