Os 50 anos da Sala das Audiências

“O aspecto singular desta sala grande e moderna, leva-nos a torná-la objeto das nossas palavras, que, todavia, não perdem o seu habitual significado religioso”. Assim Paulo VI explicava a obra aos fiéis no primeiro encontro na nova Sala das Audiências inaugurada 50 anos atrás, no dia 30 de junho de 1971. Desde então todas as quartas-feiras, os Papas têm encontro marcado com os fiéis, peregrinos e turistas presentes na cidade

Jane Nogara – Vatican News

Na quarta-feira do dia 30 de junho de 1971, com a primeira Audiência Geral na nova sala, o Papa Paulo VI inaugurava a Sala das Audiências, projetada e executada pelo arquiteto Pier Luigi Nervi. Em seu discurso inaugural, alternado com passagens animadas e profunda reflexão com os fiéis que lotavam a nova sala, o Papa Paulo VI explicava os motivos pelos quais fora construída a obra. Para o Papa “já fazia parte da missão no Pontificado romano” e destacava a importância do encontro das quartas-feiras com os fiéis vindos de todo o mundo.

Paulo VI iniciou o seu discurso explicando os motivos da construção da obra: “Inauguramos esta bonita e grande sala, que quisemos fosse construída, sobretudo por dois motivos: para evitar que a Basílica de São Pedro tivesse o afluxo, que se tornara normal, da multidão heterogênea e animada, que enche as nossas audiências públicas, e para oferecer, a quem nos vem visitar, uma Sala de recepções mais adequada”. “Mas o aspecto singular desta sala – explicava o Papa – grande e moderna, leva-nos a torná-la objeto das nossas palavras, que, todavia, não perdem o seu habitual significado religioso”. E esclarecia: “Esta inauguração, como vedes, não tem carácter oficial e solene, mas ordinário e familiar”.

Inauguração da Sala Paulo VI, 30 de junho de 1971
Inauguração da Sala Paulo VI, 30 de junho de 1971

O arquiteto Pier Luigi Nervi

Depois de agradecer o arquiteo Pier Luigi Nervi, o Papa disse: “O amor à potência ou à ostentação não inspirou o projeto do novo edifício; bem vedes que aqui nada manifesta orgulho monumental ou vaidade ornamental; mas a exigência das coisas e, ainda mais, das ideias, que aqui se realizam, provoca pensamentos profundos e inspirados em quem se detém neste lugar, além de concepções não menos profundas e ousadas, em quem devia estabelecer as suas dimensões”. E recordando ainda “somos pequenas criaturas e humildes cristãos e esta consciência nunca nos deve abandonar; mas cumprimos um desígnio imenso e até infinito, um pensamento divino, de cuja expressão, no tempo e nas coisas, somos ministros: os destinos transcendentes da humanidade, a unidade da fé no mundo, a difusão universal da caridade, a humildade vitoriosa do Evangelho e da Cruz, a glória de Deus e a paz de Cristo”.

A alegria de encontrar os fiéis

E Paulo VI explica seu sentimento de necessidade de encontrar os fiéis: “Sentimos que este dever de ocasional e momentânea hospitalidade se torna cada vez mais importante para nós. Cremos que o Papa nunca recebeu tanta gente, que o deseja ver, ouvir e receber a sua bênção”. “Isto, como se compreende, aumenta, de certo modo, o nosso trabalho; mas é recompensado pelo imenso prazer que as visitas, como a vossa, nos proporcionam e pela consciência de correspondermos ao nosso ministério”.

Inauguração da Sala Paulo VI, 30 de junho de 1971
Inauguração da Sala Paulo VI, 30 de junho de 1971

O serviço que está destinada esta sala

Paulo VI segue afirmando que o Papa “é ‘servo dos servos de Deus’; o Papa é para todos. A todos ‘sou devedor’. Desejamos apenas comunicar a todos o nosso testemunho de fé e de caridade. Podemos fazer nossas, e aplicá-las ao serviço a que está destinada esta Sala, as palavras que São Paulo escreveu aos Romanos: ‘Na verdade, desejo-vos ver, para vos comunicar alguma graça espiritual, a fim de vos fortalecer, ou antes, para convosco me reconfortar no meio de vós, pela fé que nos é comum a vós e a mim’”.

Por fim Paulo VI conclui saudando a todos: “Em nome de Cristo, saudamo-vos, caros Peregrinos e Visitantes; e a todos desejamos que este encontro, tendo como símbolo a Sala que abrimos para vós, seja um incentivo espiritual para conhecer e apreciar melhor a Igreja e o seu transcendente mistério, e que a nossa Bênção Apostólica seja propiciadora de todos os favores divinos”.

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