Neste tempo quaresmal, três práticas nos ajudam em nossa espiritualidade: a oração, jejum e esmola como escutamos na liturgia de quarta-feira de cinzas. O Papa Francisco, diante da violência do mundo de hoje, convocou todo o orbe católico para que nesta sexta-feira, dia 23 de fevereiro, todos nós possamos nos unir em oração e fazer jejum em prol da paz, ou como ele diz: clamar a Deus pela paz.
Em Nossa Arquidiocese nós teremos a seguinte programação em todas as paróquias e vicariatos. Em âmbito arquidiocesano programamos assim: 7hs – Missa presidida pelo Arcebispo Metropolitano na Igreja de Santa Rita; 11hs – Recitação do Santo Terço no Largo da Carioca; 15hs – Terço da Misericórdia na Paróquia Nossa Senhora da Paz e 20hs – Hora Santa na Cidade de Deus todos esses eventos transmitidos pela Rádio Catedral FM.
Em todas as paróquias e comunidades haverão atividades particulares, sendo que a Hora Santa sugerimos que seja rezada em toda a Arquidiocese.
O Papa convocou uma jornada mundial de oração e jejum pela paz, e dedicou especial atenção e intenção pelo fim da violência na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul. “Perante o trágico arrastamento de situações de conflito em diversas partes do mundo, convido todos os fiéis para uma jornada especial de oração e jejum pela paz, a 23 de fevereiro, sexta-feira da primeira semana da Quaresma”, anunciou o Papa Francisco. (Retirado do site: https://www.dn.pt/mundo/interior/papa-convoca-oracao-mundial-pela-paz-a-23-de-fevereiro-9096561.html/ último acesso: 20/02/2018).
A convocação foi lançada na continuação da oração do Ângelus do dia 4 de fevereiro último, tendo o Papa convidado outras confissões religiosas a juntarem-se aos cristãos nesta oração mundial pela paz. “Como noutras ocasiões similares, convido os irmãos e irmãs não-católicos e não-cristãos a associarem-se a esta iniciativa, das formas que julgarem mais oportunas, mas todos juntos”. (Retirado do site: https://www.dn.pt/mundo/interior/papa-convoca-oracao-mundial-pela-paz-a-23-de-fevereiro-9096561.html/ último acesso: 20/02/2018). O Papa adiantou ainda que o momento será mais do que uma oração, será a oportunidade de cada um dizer “não à violência” considerando que as vitórias obtidas com a violência são falsas vitórias.
A violência continua infelizmente um tema constante. Os motivos que alimentam conflitos e guerras são diversos: a injustiça que obriga dois bilhões a sobreviver com menos de um dólar por dia, divergências culturais e religiosas, sistema militar e necessidades da indústria de armamentos… Tudo faz parte de uma “iniquidade estrutural” que se traduz nas violências nossas de cada dia. Traduzimos isso em nossa carta pastoral como “cultura da violência”.
Vivemos portanto essa cultura de violência, fomentada por diversos ciclos viciosos, presentes em todos os lugares: na mídia, nos brinquedos, no trânsito. Isso somado à individualidade e à busca pela satisfação imediata faz com que as pessoas sejam menos capazes de lidar com suas frustrações e estejam mais propensas a transformar pequenos atritos em grandes confrontos. Tudo inicia com o pecado que habita no coração da pessoa humana e de onde procedem todos os males.
Em nossa Carta Pastoral “Bem-Aventurados os que constroem a Paz”, de 20 de janeiro de 2018, escrevíamos que: “Um segundo caminho para a superação da violência consiste no fortalecer dos relacionamentos e isso acontece através do efetivo convívio em família, em comunidade e nos diversos espaços onde o encontro entre as pessoas adquire valor maior do que outras finalidades para estarem juntas. No convívio fraterno, conhecemos as pessoas de um modo diferente daquele que nos é passado pelos mecanismos geradores de violência. Todos nós possuímos valores e limites. A violência tende a nos fazer enxergar somente os limites. Por sua vez, o convívio nos leva a enxergar também os valores. Por isso é tão importante fortalecer em especial a família, ela que tem sido alvo de tantos ataques, agressões e desvalorizações. Nela aprendemos a reciprocidade. Nela, aprendemos a dar e receber, a contemporizar, a perdoar e ser perdoado, a acolher e ser acolhido, a corrigir e ser corrigido. Por isso, é preciso “destacar a importância social da família, sonhada por Deus como o fruto do amor dos esposos, o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos outros”. [1]. Trabalhar pela família é, portanto, um caminho sólido para a superação da violência e a construção da cultura da paz.”(cf. número 37).
A paz não pode sobreviver sem um pacto, sem uma aliança ampla, que seja fruto do conjunto de todos os esforços humanos em vista da sobrevivência planetária. O caminho para a não violência passa pelo respeito à diversidade de culturas, religiões e povos. Se a relação com o outro for profunda, implica o desafio de repensar a realidade e as relações sociais a partir de outros critérios e paradigmas. Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um. Demanda uma autêntica conversão pessoal.
A não violência não é apenas um ideal a ser buscado, mas uma forma permanente de vida, baseada na justiça e na inclusão social. É preciso cuidar do outro com o verdadeiro sentido da palavra. O cuidado é uma condição essencial do ser humano e abrange também o contexto da exclusão social, bem como o conjunto da vida em nosso planeta. Quem aprofunda este caminho percebe que os atos violentos – assaltos, sequestros, assassinatos, manifestações de racismo, de discriminação social e outras injustiças – são apenas expressões ou consequências da estrutura da sociedade, firmada, ela própria, na violência, nascidas em um coração violento e ainda escravo do pecado.
Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um. Essa consciência passa inevitavelmente pelas famílias, escolas, universidades. É na família, escola e universidade, com o convívio e o estudo, que aumentamos a nossa liberdade. Porque a liberdade só se constrói quando se tem uma noção de quais são as opções. Se eu tenho só uma opção na minha frente, que liberdade é essa? Mas se eu sei que existem muitos caminhos, a minha liberdade será vivida com mais plenitude. Somente através da educação a pessoa se torna mais consciente e consequentemente mais humana. É Cristo a nossa Paz!
A presença de Deus na terra dos homens é anunciada com uma exclamação e desejo de Paz: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado” (Lc 2,14). Ele, o Príncipe da Paz, o Arauto da Paz, Ele a nossa Paz! Nova presença, nova vida, novo horizonte: proximidade, acolhida, fraternidade. “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo, 14, 27). Paz no Reino novo onde reinará a justiça, o perdão, o diálogo; cultura da paz. Em todos os momentos em que o Cristo Ressuscitado se encontra com a Igreja nascente a saudação é sempre de Paz! Portanto a Paz é fruto da Ressurreição do Senhor e que nós, cristãos, somos chamados a transmitir ao mundo.
Peço a todos que neste dia intensifiquemos a nossa oração e o jejum pedindo pela paz. A nossa alegria nasce da paz que Cristo hoje nos concede pois, a primeira palavra de Jesus, que rompe o silêncio da morte e o abismo do vazio do nada sem Deus, é “a paz esteja convosco”. É a novidade do “Shalom” de Deus, não se trata de uma simples paz, mas da paz bíblica, prometida para o dia do Senhor, paz da presença constante de Deus em nossa vida, da vida plena, da vitória sobre a morte. Para este dia teremos algumas atividades, estas estão elencadas em nosso site: http://arqrio.org/noticias/detalhes/6497/papa-convoca-dia-de-jejum-e-oracao-pela-paz, último acesso em 20 de fevereiro de 2018.
Proclamemos a paz em nossa cidade e que nosso testemunho se irradie para o Sudão do Sul e para o Congo como pede o Papa Francisco e para todo o mundo: “Como é bom e agradável que vivamos unidos como irmãos! ” (Sl 133,1)
[1] PAPA FRANCISCO, Discuso aos Membros do Governo da Colômbia…