500 dias depois do sequestro de mais de 200 alunas por militantes do Boko Haram, na noite de 14 de abril de 2014, na localidade do Estado de Borno, no norte da Nigéria, foi proclamada nesta quinta-feira uma marcha para recordá-las. Das “Meninas de Chibok”, como são agora conhecidas em todo o mundo, neste momento ainda não há notícias “de facto, agora tememos que muitas estejam já mortas ou a caminho do suicídio”: palavras do Cardeal John Onaiyekan, arcebispo de Abuja, ao microfone de Maria Caterina Bombarda:
Hoje é um dia especial, que abrange toda a população nigeriana. Na verdade, havia o perigo que a gente esquecesse, porque depois do desastre das “Chibok Girls” (meninas de Chibok), houve outros desastres, outros sequestros de modo que se corre o risco de não mais considera-la como uma grande coisa. Mas hoje, para os 500 dias do sequestro, todos devem recordar!
O que se sabe, hoje, daquelas meninas?
Não se sabe mesmo nada! Há histórias, boatos, mas notícias propriamente ditas não existem … Antes pelo contrário, temos sempre medo que talvez estas meninas já morreram, ou que estão já a caminho do suicídio, a que nós assistimos todos os dias … Algumas delas, poucos meses atrás, regressara, mas muito poucas. E as pessoas que conseguiram escapar do controle do Boko Haram disseram que viram as “Chibok Girls”. Parece que os terroristas as mantêm separadas dos outros refugiados que estão com eles, porque eles sabem o valor simbólico destas “Chibok Girls”. Dizem-nos que algumas delas já se tornaram membros do Boko Haram, passaram para a parte deles, enquanto algumas outras – de acordo com aquilo que nos informam – recusaram de converter-se ao islamismo e de ir com o Boko Haram … com consequências que só podemos imaginar.
Qual è a situação, hoje?
Agora pode-se dizer que houve progresso, no sentido de que quase todo o território nigeriano que Boko Haram tinha conquistado, foi libertado. Diz-se que toda a organização Boko Haram foi desmantelada e isto quer dizer que, do ponto de vista militar, caminhamos para o fim. Se é verdade, vamos vê-lo em breve. No entanto, o presidente prometeu aos nigerianos que em três meses no máximo vai colocar fim a esta coisa. Mas também podemos acrescentar: mesmo quando Boko Haram não representará qualquer perigo militar, existe ainda muito trabalho a fazer, e talvez será o trabalho mais difícil, ou seja, ganhar a paz naquelas zonas.
Sempre tem afirmado que não se trata de cristãos contra muçulmanos, mas que Boko Haram são terroristas que querem destruir o Estado …
Eu dizia estas coisas há três anos atrás, e quando as disse houve pessoas que me acusaram de não querer reconhecer a verdade, isto é – segundo eles – que se tratava de um plano de muçulmanos. Pelo menos hoje vemos as coisas de maneira muito mais clara: não é verdade que todos os muçulmanos estão por detrás do Boko Haram e contra os cristãos; agora vemos que aqueles que mais sofrem e se preocupam mais do Boko Haram são mesmo os muçulmanos da Nigéria, e em particular a comunidade muçulmana daquela área.
Como se sai desta espiral?
Em minha opinião, já iniciámos, no sentido de que a comunidade muçulmana da Nigéria já aceitou, finalmente, o facto de que os Boko Haram pertencem à casa do Islão e, agora, cabe à comunidade muçulmana encontrar a maneira de não dar apoio a estas pessoas, que são terroristas, extremistas. Não são muitos, mas são perigosos.
Fonte: Rádio Vaticano