Obra-prima da arte sacra é redescoberta graças a crianças e seus chicletes

A pintura, que representa a Imaculada Conceição, quase caiu no esquecimento

Uma rara obra-prima de um grande mestre espanhol não está guardada em nenhum museu. A pintura da Imaculada Conceição, de Francisco de Zurbarán, fica discretamente atrás de grades, em um nicho da igreja de Saint Gervais-Saint Protais, em Langon, na França.

A obra foi concluída nos últimos anos de vida do pintor e tem como tema a Virgem Maria no momento da Assunção. Maria aparece rezando e envolta num manto azul ondulando no ar, que parece empurrá-la para o céu.

De fato, Zurbarán pintou várias telas representando a Imaculada Conceição, nas quais a Virgem aparece quase como uma criança, com a lua sob seus pés e uma coroa de doze estrelas acima de sua cabeça, conforme descrito no Apocalipse. Uma delas está no Museu de Belas Artes de Budapeste, outras no Museu do Prado, em Madri, na igreja de São João Batista em Sevilha e no museu diocesano de Sigüenza, também na Espanha.

Esta abundância de pinturas não impediu que a Imaculada Conceição de Langon fosse solicitada por museus europeus para inúmeras exposições. Nos últimos anos, a tela viajou para Paris, Bilbao e Dusseldorf, entre outros locais.

Imaculada Conceição, Francisco de Zurbarán, 1661, Igreja de Saint Gervais-Saint Protais, em Langon.

Obra de arte desaparecida

Curiosamente, a pintura ficou desaparecida há anos. Entretanto, foi encontrada na sacristia de Saint Gervais, em 1966, pelo Pe. Ferbos, o pároco. 

A história oficial é que o padre encontrou o quadro pendurado no alto da sacristia, coberto de poeira e excrementos de pombo. No entanto, a descrição inscrita dentro da igreja conta uma história muito mais divertida. A tela teria sido coberta com tinta para evitar que ladrões a roubassem, e sua verdadeira identidade e valor foram esquecidos. Entretanto, as crianças que faziam as aulas de catecismo usavam a pintura como alvo para as gomas de mascar. Provavelmente, o peso das gomas na camada extra de tinta a fez descascar e, assim, a obra-prima foi revelada.

A pintura foi originalmente doada à cidade de Langon em 1863 por Emile Pereire, deputado do 3º distrito de Gironde de 1863 a 1869. Foi classificada como monumento histórico em 5 de março de 1969.

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