Agosto é, para nós, mês vocacional. Um tempo em que a Igreja no Brasil se reúne em oração e reflexão para redescobrir a beleza de cada chamado que brota do coração de Deus e se concretiza na vida de seus filhos e filhas. Ao longo destas semanas, recordamos com gratidão os ministros ordenados, a vida consagrada, a família e, de modo muito especial neste quarto domingo, a vocação dos leigos e leigas.
O leigo é aquele que, mergulhado no mundo, carrega consigo a missão de testemunhar o Evangelho no trabalho, na vida política, na cultura, na economia, nas artes e nas mais diversas expressões do convívio humano. Como nos recorda o Concílio Ecumênico Vaticano II, sua missão é “ordenar as coisas temporais segundo Deus”, ou seja, transformar o mundo a partir de dentro, como fermento na massa. É uma vocação grandiosa, que não se restringe a colaborar com o padre na comunidade, mas que se desdobra no dia a dia, onde a vida acontece.
Vivemos um tempo novo na Igreja. O Papa Francisco, cuja partida nos encheu de saudade e gratidão, marcou profundamente nosso século com a centralidade do Evangelho dos pobres, da fraternidade e do cuidado com a Casa Comum. Hoje, sob o pastoreio de Leão XIV, continuamos a caminhada, convictos de que o Espírito Santo jamais abandona a Igreja. É belo perceber como este tempo de transição nos recorda que a Igreja é maior que cada um de seus pastores, porque pertence a Cristo.
Neste contexto, os leigos assumem uma responsabilidade ainda maior: sustentar a fé, testemunhar a esperança e construir a paz. Em meio às crises sociais e às divisões políticas que marcam nosso Brasil e o mundo, cabe ao laicato ser ponte, sinal de unidade e de diálogo. Não podemos esperar que somente os sacerdotes e religiosos façam frente aos desafios da sociedade. O leigo é chamado a ser discípulo missionário, e sua missão começa no lar, se estende ao bairro e alcança os espaços de decisão que moldam a vida coletiva.
No mês de agosto, a Igreja no Brasil nos ajuda a redescobrir que a vocação do leigo não é uma opção secundária, mas parte essencial do Corpo de Cristo. “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mt 5,13-14) é o chamado de Jesus que ressoa com força neste tempo. Ser sal e luz não é privilégio de poucos, mas missão de todos.
Diante disso, é urgente recordar que o testemunho dos leigos não pode ser tímido. Num mundo marcado por injustiças, desigualdades e indiferença religiosa, o cristão leigo é convocado a ser voz profética, capaz de denunciar o mal e anunciar o bem. É sua tarefa não apenas “falar de Deus”, mas revelar Deus no modo de viver: na honestidade, na solidariedade, no serviço aos pobres e na promoção da paz.
Que o Senhor nos conceda, neste mês vocacional, a graça de fortalecer a vocação de cada leigo e leiga. Que, unidos ao Papa Leão XIV e em comunhão com toda a Igreja, sejamos testemunhas corajosas do Evangelho. E que o Espírito Santo, que conduziu a história da Igreja até aqui, continue a renovar nosso ardor missionário, para que o Reino de Deus floresça no meio de nós.