O Tempo da Quaresma

                A coleção Cadernos do Concílio, nº 13, do Dicastério para a Evangelização -– Os Tempos Fortes do Ano Litúrgico – traduzida pelas Edições CNBB – tem como primeiro capítulo: “O Tempo da Quaresma: purificados pelas águas do Batismo e pelas lágrimas da penitência”, comenta o nº 109 da Constituição Sacrosanctum Concilium. Diante de dúvidas e de interpretações variadas sobre a quaresma é oportuno ouvir a palavra oficial.

                “O texto conciliar, ao sublinhar os principais elementos que sustentam o caminho quaresmal da Igreja, isto é, o Batismo – com a sua memória e preparação -, a Penitência, a escuta assídua da Palavra de Deus e a oração, pretende indicar a referência fundamental para compreender seu valor e significado. No processo de formação deste período de preparação para a Páscoa, a referência ao Batismo e à Penitência foi a chave de interpretação da Quaresma e da sua relação com a vida do cristão e da Igreja. Para a primeira dimensão, o Concílio recomenda a recuperação dos elementos batismais; para a segunda, insiste no significado pessoal e social do pecado” (p.13).

                            O Evangelho toca todas as realidades e relações humanas, tanto as pessoais quanto as comunitárias e sociais. Os clássicos exercícios quaresmais apontam na mesma direção, seja a relação com Deus pela oração, consigo mesmo pela penitência e com o próximo pela caridade. A Sacrosanctum Concilium “insiste no significado pessoal e social do pecado”. A Campanha da Fraternidade ao indicar um campo onde a fraternidade está rompida, ou esfriada, ou onde há indiferença em relação ao próximo, aponta para o caminho da penitência para converter-se e crer no Evangelho.

                O tema da Campanha da Fraternidade de 2024 é: “Fraternidade e Amizade Social” e o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf.Mt 23,8). O tema não é novo. O Compêndio da Doutrina Social da Igreja, publicado por São João Paulo II em 2004, ensinando sobre a presença dos cristãos na sociedade, afirma: “O significado profundo da convivência civil e política não emerge imediatamente do elenco dos direitos e deveres da pessoa. Tal convivência só adquire todo o seu significado se for baseada na amizade civil e na fraternidade. De fato, o campo do direito é o do interesse tutelado e do respeito exterior, de proteção dos bens materiais e da repartição de acordo com as regras estabelecidas; o campo da amizade é, pelo contrário, o do desinteresse, do desprendimento dos bens materiais, da sua doação, da disponibilidade interior às exigências do outro. A amizade civil, assim entendida, é a atuação mais autêntica do princípio da fraternidade, que é inseparável do de liberdade e de igualdade” (390).

                Santo Tomás de Aquino (1225 + 1274) esclarece bem o significado da amizade social. São Francisco de Assis, faleceu em 1226, é um exemplo de conversão e de fé no Evangelho. A vida de São Francisco de Assis é um exemplo da vivência da fraternidade ensinada por Jesus Cristo. Santo Tomás de Aquino, ilustre santo, teólogo e filósofo, escreveu de forma sábia sobre a amizade civil. Os dois santos que viveram no mesmo século, inspiram a Carta Encíclica Fraetelli Tutti do Papa Francisco sobre a Fraternidade e a Amizade Social.

    O tempo da Quaresma é um período favorável para a Igreja, isto é, cada cristão, alcançar a Cristo no seu Mistério de Paixão, Morte e Ressurreição acolhendo o ensinamento do Senhor: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15 – p.15). Vale recordar o título do capítulo já citado: “O tempo da quaresma: purificados pelas águas do batismo e pelas lágrimas da penitência”.

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