O sim é sempre para Deus!

    Ao iniciar o mês de outubro, mês dedicado às missões, a liturgia do 26º Domingo do Tempo Comum é clarividente ao colocar como centro de reflexão de que Deus chama todos os homens e mulheres a se empenhar na construção de um mundo novo de justiça e de paz que Deus sonhou e que quer propor a todos os homens.
    Qual será a nossa atitude diante da proposta de Deus? Elas são duas: ou dizer “sim” a Deus e colaborar com Ele, ou escolher caminhos de egoísmo, de comodismo, de isolamento e nos afastarmos do compromisso que Deus nos pede. A Palavra de Deus nos exorta a um compromisso sério e coerente com Deus – um compromisso que signifique um empenho real e exigente na construção de um mundo novo, de justiça, de fraternidade, de solidariedade, de misericórdia e de paz.
    Na primeira leitura(cf Ez 18,25-28), o profeta Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilônia a se comprometerem de forma séria e consequente com Deus, sem rodeios, sem evasivas, sem subterfúgios. Cada batizado deve tomar consciência das consequências do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as implicações práticas da sua adesão a Deus e à Aliança. Por meio do profeta, Deus toma a palavra e põe as intenções humanas às claras: os caminhos humanos é que são tortuosos, mas, apesar disso, Deus continua chamando, respeitando o livre-arbítrio e perdoando cada um de seus filhos. Ezequiel exorta todos à conversão, e a todos está destinado o perdão de Deus.
    O Evangelho(cf. Mt 21,28-32) diz como se concretiza o compromisso do crente com Deus. O “sim” que Deus nos pede não é uma declaração teórica de boas intenções, sem implicações práticas; mas é um compromisso firme, coerente, sério e exigente com o Reino, com os seus valores, com o seguimento de Jesus Cristo. O verdadeiro batizado não é aquele que “dá boa impressão”, que finge respeitar as regras e que tem um comportamento irrepreensível do ponto de vista das convenções sociais; mas é aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus. Fazer a vontade de Deus é muito mais acolhê-lo na vida diária do que proclamar discursos vazios, destituídos de testemunho de vida. Deus nos chama constantemente a viver seu amor na doação total de nossa vida ao irmão. Deve-se viver esse chamado nos atos cotidianos, nas relações interpessoais, nas próprias escolhas. Fazendo assim, caminha-se na justiça e no testemunho fidedigno do reino de Deus.
    A segunda leitura(cf. Fl 2,1-11 ou a mais breve 2,1-5) apresenta aos cristãos de Filipos (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) o exemplo de Cristo: apesar de ser Filho de Deus, Cristo não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumiu a realidade da fragilidade humana, fazendo-se servidor dos homens para nos ensinar a suprema lição do amor, do serviço, da entrega total da vida por amor. Os cristãos são chamados por Deus a seguir Jesus e a viver do mesmo jeito, na entrega total ao Pai e aos seus projetos. Mas quais seriam os sentimentos de Cristo que o São Paulo deseja inculcar nos filipenses? Para definir bem de que se trata, Paulo usa o termo “esvaziamento” ou “abaixamento”, que significa privar-se de poder ou abdicar de um direito que se possui. Cristo não se apegou à sua condição divina nem usou dos privilégios dela em favor de si mesmo, mas assumiu a existência humana como servo. O abaixamento de Cristo não é apenas tornar-se humano, mas, além disso, tornar-se servo. Jesus quis atender ao bem-estar e aos interesses dos outros, em vez de ter interesses egocêntricos. Esse modo de viver de Jesus nos ensina o caminho para Deus. É descendo a escada da humildade que ascendemos ao reino definitivo. Esses critérios são diferentes dos critérios humanos, mas são o único e legítimo caminho para a verdadeira humanização e para Deus.
    Que nosso sim seja sempre sim para fazer a vontade de Deus. E a vontade de Deus se exprime na gratuidade, no cuidado para com os mais fracos, descartados, excluídos, perseguidos e marginalizados. Nos tempos do eloquente testemunho do Papa Francisco somos convidados a viver a tolerância e construir pontes, com o diálogo que é construtor de comunidade, com generosidade, cuidando dos mais fracos.

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