O que é considerado pecado mortal?

O pecado mortal é caracterizado por “três condições”

A Igreja Católica ensina que os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. Para isso, distingue entre pecado mortal e pecado venial.O pecado mortal é o tipo de pecado que destrói a caridade no coração da pessoa por uma infração grave à Lei de Deus. Desvia o ser humano de Deus.

De acordo com o Catecismo da Igreja, o pecado mortal ataca em nós o princípio vital que é a caridade. Assim, faz-se necessária uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, através do sacramento da Reconciliação (Confissão).

«Quando […] a vontade se deixa atrair por uma coisa de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados para o nosso fim último, o pecado, pelo seu próprio objeto, deve considerar-se mortal […], quer seja contra o amor de Deus (como a blasfémia, o perjúrio, etc.), quer contra o amor do próximo (como o homicídio, o adultério, etc.) […] (CIC 1856)

O pecado mortal é caracterizado por “três condições”: 1. tem por objeto uma matéria grave; 2. é cometido com plena consciência; 3. e de propósito deliberado.

Em relação à primeira “condição”, a matéria grave é precisada pelos dez Mandamentos, segundo a resposta que Jesus deu ao jovem rico: «Não mates, não cometas adultério, não furtes, não levantes falsos testemunhos, não cometas fraudes, honra pai e mãe» (Mc 10, 18).

A gravidade dos pecados é maior ou menor: um homicídio é mais grave que um roubo. A qualidade das pessoas lesadas também é levada em conta: a violência cometida contra pessoas de família é, por sua natureza, mais grave que a exercida contra estranhos.

Em relação à segunda “condição”, a plena consciência pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do ato, da sua oposição à Lei de Deus.

Já em relação à terceira “condição”, ototal consentimento implica também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma opção pessoal.

De acordo com o Catecismo da Igreja, a ignorância simulada e o endurecimento do coração não diminuem, mas sim aumentam o carácter voluntário do pecado.

A ignorância involuntária pode diminuir, ou mesmo desculpar, a imputabilidade duma falta grave. Mas parte-se do princípio de que ninguém ignora os princípios da lei moral, inscritos na consciência de todo o homem.

Os impulsos da sensibilidade e as paixões podem também diminuir o carácter voluntário e livre da falta. O mesmo se diga de pressões externas e de perturbações patológicas. O pecado cometido por malícia, por escolha deliberada do mal, é o mais grave. (CIC 1860)

A Igreja ensina que o pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como consequência a perda da caridade e a privação da graça santificante, ou seja, do estado de graça.

E se não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no Inferno, uma vez que a nossa liberdade tem capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis. No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é, em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as pessoas à justiça e à misericórdia de Deus. (CIC 1861)

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