O povo que Deus procura

    No plano de Lucas, o Evangelho que escreveu continua nos Atos dos Apóstolos. No Evangelho, relatou o caminho de Jesus, nos Atos dos Apóstolos, o caminho das comunidades que procuram atualizar as palavras e ações do Mestre, em outros tempos e lugares. A caminhada das comunidades é, portanto, o prolongamento das práticas do Filho de Deus. Lido à luz do evangelho deste domingo, o texto de Atos ajuda a entender e a atualizar a realeza e o serviço de Jesus em nossos dias.
    Em Atos, temos uma situação histórica nova para a comunidade cristã a do contato com os pagãos. Esse contato era proibido pela legislação judaica. Quem convivesse com eles tornava-se impuro. Os judeus chegavam a admitir que um pagão pudesse se salvar, mas essa concessão não supunha a convivência debaixo do mesmo teto, nem a partilha de pão na mesa comum.
    Simão Pedro é o primeiro a romper esse esquema discriminador, salientando o novo modo de ser da comunidade cristã. De fato, antes de entrar na casa de Cornélio, ele está hospedado na casa de um curtidor de peles de nome Simão. A gente fica se perguntando se se trata de simples coincidência de nomes, ou se já é sinal de identificação com os marginalizados. Os curtidores de peles eram tidos como pessoas impuras por parte dos judeus. Era preciso evitar o contato com tais pessoas.
    Cornélio era um militar romano e vivia em Cesareia, nos confins do território judaico. Os versículos que lemos na liturgia deste domingo pertencem ao discurso de Pedro na casa de Cornélio.
    Aí chegando, ele constata e anuncia que Deus não faz distinção de pessoas. O povo de Deus não está ligado a uma raça ou nação.O critério para fazer parte do povo de Deus é temê-lo e praticar a justiça.
    Jesus foi quem deu dimensões universais a esse povo: “Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa Nova da paz por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos os homens”. Esse tema é muito freqüente no Novo Testamento, por exemplo, “Cristo é a nossa paz”. De dois povos, Ele fez um só. Na sua carne, derrubou o muro da separação: o ódio.e construiu a grande novidade dos Atos dos Apóstolos e de toda a pregação de Paulo. Pedro sintetiza a inteira atividade de Jesus com estas palavras: “Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder.Ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando todos os que estavam dominados pelo demônio, porque Deus estava com Ele. ” A missão de Pedro, como a de Jesus, é movida pelo Espírito que leva à criação de novas relações (bem, liberdade) entre as pessoas e povos.É este o povo que Deus procura.

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