O poder é serviço

    Nos próximos dias serão eleitos no Brasil pessoas para os poderes executivo e legislativo. Transcorridos os trâmites da legalidade das candidaturas, a eleição entre os candidatos para os respectivos cargos e, por fim, a posse para exercício da devida função, os eleitos serão empossados e revestidos de poder para cumprirem as obrigações inerentes ao cargo. A Justiça Eleitoral chancela a sua legalidade.

     O que é poder? Por que autoridade? O dicionário Aurélio apresenta múltiplos significados de poder: ter faculdade de; ter possibilidade de, ou autorização para; arriscar-se, expor-se a; ter ocasião, ter oportunidade, meio de; ter ocasião ou oportunidade de; dispor de força ou autoridade; ter força física ou moral; ter influência, entre outros. Percebe-se nestas poucas palavras que o poder e a autoridade não têm nada de pejorativo, mas abrem espaço para inúmeras possibilidades de realizar o bem comum. O problema não está no poder, mas no seu exercício, no abuso ou na omissão.

    O Evangelho registra uma disputa de poder entre os apóstolos causando um conflito entre eles. Jesus aproveita a oportunidade para ensinar o que é poder e como ele deve ser exercido. Acompanhados pela mãe, dois discípulos pedem os dois cargos mais importantes e recebem como resposta que estes lugares não se conquistam deste modo e para chegarem lá precisarão mostrar serviço e não será pela pressão. “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo” (Mateus 23, 25-27). É direta e límpida a resposta de Jesus que poder é serviço e assim deve ser exercido.

    O poder exercido como dominação contrapõe-se ao poder como serviço. O poder como dominação é exercido sobre pessoas, grupos, se impõe pela força, pelo engano e não objetiva os interesses comuns, mas próprios. Temos um noticiário farto destes abusos e suas respectivas consequências. O poder-serviço tem como foco quem conferiu o poder, isto é, os cidadãos. O modo de exercer o poder legitima quem o exerce e lhe confere autoridade moral. Se alguém ocupa a função legalmente, mas a exerce de forma abusiva ou desleixada perde a credibilidade, a autoridade moral e questiona-se até a sua legalidade.

    A nação brasileira tem múltiplas necessidades, muitas delas são urgentes e necessitam de medidas eficazes. Quanto maiores são os problemas, as soluções paliativas não são suficientes e nem é possível resolvê-los em pouco tempo. Da sintonia entre a efetiva participação da sociedade e os eleitos, os quais receberão um grande poder de servir os Estados e a Nação, deverão surgir os meios para promover o desenvolvimento de todas as dimensões da sociedade. Diz o ditado que “não se pode tapar o sol com a peneira”. Espera-se de quem for revestido de poder não use deste artifício para tapar os problemas.

    “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjugam a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação” (Papa Francisco, aos políticos latino-americanos em dezembro 2017)

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