O perdão do pai

    No caminho da Quaresma, a conversão é um dos elementos essenciais. Converter-se é abandonar os caminhos que nos conduzem à perdição e encontrar o caminho correto que nos leva ao Pai, que nos faça encontrar com os demais como irmãos para, dessa forma, nos sentirmos em casa. Converter-se significa voltar à casa do Pai.
    A parábola do Evangelho do quarto domingo da Quaresma nos fala exatamente da conversão do filho pródigo. Ele tinha ido por outros caminhos e, sem perceber, tinha se extraviado, havia dissipado o que possuía de melhor: o amor de sua família, o carinho de seu pai, a segurança que lhe dá sentir-se querido. Acreditou que poderia viver por sua própria conta. Estava certo de que, graças às suas próprias forças, poderia alcançar tudo a que se propusera. E se encontrou com o fracasso. Só não foi pior porque, quando estava mergulhado em suas dores, percebeu o que deveria fazer: voltar para a casa de seu pai. A volta significava reconhecer o próprio engano.
    É necessário notar que, quando o filho pródigo pensou em retornar, cuidou de criar algumas frases. Ele as diria a seu pai para pedir-lhe perdão: “Pai, pequei contra o céu e contra ti, já não mereço ser chamado de teu filho, trata-me como a um dos teus empregados.” Quando o filho chega à presença do pai, começa a dizer as frases que havia pensado. Mas o pai o interrompe, não permite que termine. E, assim, não é pronunciada a última parte da frase – “trata-me como a um de seus empregados”. Não sabemos se não chegou a dizê-la ou se o pai não a quis ouvir porque, no encontro entre o pai e o filho, o que se destaca é a alegria e a satisfação do pai.
    A partir desse momento, o protagonista da parábola é o pai. O filho é tratado como se não houvesse levado a sua parte da herança, não a tivesse desperdiçado, não houvesse se comportado mal em relação a seu pai e a sua família, como se nada houvesse acontecido. O pai pede que seja celebrada uma grande festa na casa. É a alegria do perdão, do encontro. Para o pai, o mais importante é ter a família unida.
    Para nós, a Quaresma continua sendo uma oportunidade para nos convertermos. Não precisamos preparar muitas frases. Deus ficará muito contente quando voltarmos para casa. Irá preparar uma festa. Por que sentir medo na sua frente? Não há razão alguma. Todos os dias Ele examina os caminhos para ver se nos aproximamos. Não estamos cansados de comer frutos amargos quando poderíamos participar do banquete de amor e de felicidade que Deus nos preparou?
    É bom que pensemos como o filho pródigo, reconheçamos nossos enganos e peçamos perdão a esse pai tão generoso cujo nome, como diz o Papa Francisco, é misericórdia.

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