Pró-Saúde gerencia mais de 2.000 leitos em todo o País; 37,91% dos leitos de internação são gerenciados por entidades filantrópicas
A saúde pública no Brasil passa por um dos momentos cruciais de sua história com a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19). Enquanto governos e municípios tentam diminuir a propagação do vírus, por meio do isolamento social e quarentenas, hospitais e unidades de saúde por todo o País buscam se preparar para oferecer socorro ao volume exponencial de pessoas contaminadas pela doença.
As instituições filantrópicas de saúde desempenham um papel ainda primordial no atendimento à população, pois, juntas, gerenciam 163.209 leitos de internação, o que representa 37,91% do total de leitos disponíveis no Brasil, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Entidades sem fins lucrativos, com o objetivo de propagar ações de interesse público, são protagonistas na gestão de serviços essenciais, como saúde, educação e assistência social. Entre os precursores desse trabalho na saúde, estão as Santas Casas, vinculadas ao trabalho promovido pela Igreja Católica e ao carisma cristão.
Para se ter uma ideia da importância da atuação dessas instituições na área da saúde pública do País, hoje elas disponibilizam mais do que o dobro de leitos de unidades gerenciadas diretamente por governos de Estado (69.205) e mais de 15 vezes em comparação com o Governo Federal (9.988).
Diante de um cenário desafiador e ainda incerto no Brasil, sobre os rumos da pandemia do novo coronavírus, a União deve repassar R$ 2 bilhões às Santas Casas e hospitais filantrópicos, destinados a uma ação emergencial no combate à Covid-19. Os recursos deverão fortalecer a maior rede assistencial de saúde do País. No entanto, governos Estaduais e Federal precisam garantir e promover políticas de saúde pública que suportem a demanda. As projeções do Ministério da Saúde estimam a criação de 1,6 mil leitos de UTI e mais de 22 mil leitos de enfermaria na primeira etapa de enfrentamento à doença, que irá ocorrer durante o mês de abril.
Nesse momento, a participação das instituições filantrópicas será fundamental no apoio e administração dos leitos, com profissionais que compreendem os desafios da pandemia e, ao mesmo tempo, promovam o gerenciamento da contenção da doença nos hospitais. Em muitos casos, são as filantrópicas que garantem a assistência à saúde em lugares remotos do país.
É inegável que as entidades filantrópicas vão desenvolver um importante suporte no atendimento da população durante o pico da Covid-19, previsto para os meses de abril e maio. Os diversos casos confirmados da doença apontam para a necessidade de treinamento adequado, instalações preparadas e o controle de riscos que reforcem a segurança do paciente. Desde o início da pandemia, não medimos esforços para manter contato com outros órgãos de saúde e promover o apoio necessário, além de orientação à comunidade onde os nossos hospitais gerenciados estão inseridos.
No caso da Pró-Saúde, são gerenciados cerca de 180 leitos de UTI e mais de 1.700 leitos de enfermaria, em 12 Estados brasileiros — a maioria no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde). Sustentando o título de uma das maiores instituições filantrópicas do país, com mais de 50 anos de atuação em gestão hospitalar e da saúde, a Pró-Saúde tem um exército de 16 mil colaboradores, e integra a rede de referência ao novo coronavírus em diversas regiões. Hospitais gerenciados no Pará, como os regionais de Marabá, Altamira e Santarém, localizados em região Amazônica, por exemplo, estão preparados e passaram por treinamento específico em relação à Covid-19.
Entre os inúmeros desafios a serem enfrentados no combate a essa doença, reforçamos nossa comunicação com as regiões remotas e nas fronteiras do Brasil – possivelmente, onde o impacto assistencial será ainda maior. Temos a expertise, a inteligência da gestão e mão de obra qualificada para o enfrentamento de um vírus altamente contagioso e que não poupa vidas em todo o mundo. Estamos diante de um momento histórico para a humanidade e todas as entidades filantrópicas são chamadas a oferecer aquilo que de melhor sabem fazer: uma assistência segura, humanizada e de qualidade, especialmente, aos nossos irmãos mais vulneráveis. Entre tantas incertezas de pesquisadores e especialistas, temos apenas uma convicção: a de que o trabalho de milhares de profissionais à frente das instituições filantrópicas sairá ainda mais fortalecido desta crise sem precedentes. A cada vida salva, terá valido a pena todo o esforço e sacrifício exigidos neste momento.
Dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG)
Presidente da Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar