O Papa: Foucauld, profeta do nosso tempo, soube trazer à luz a essencialidade da fé

O Papa Francisco em audiência à Associação Familia Espiritual Charles de Foucauld

“O novo Santo viveu seu ser cristão como um irmão para todos, a começar pelos pequenos. Seu objetivo não era converter outros, mas viver o amor gratuito de Deus, vivendo ‘o apostolado da bondade’”: disse o Papa Francisco ao receber em audiência esta quarta-feira (18/05) a Associação Família Espiritual de Charles de Foucauld, cujo novo Santo foi canonizado no domingo, 15 de maio, na Missa presidida pelo Pontífice na Praça São Pedro, no Vaticano

Raimundo de Lima – Vatican News

“Como Igreja, precisamos voltar ao essencial – voltar ao essencial! – não nos perder em tantas coisas secundárias, com o risco de perder de vista a pureza simples do Evangelho.” Foi o que disse o Papa Francisco ao receber em audiência, na manhã desta quarta-feira (18/05) na pequena sala da Sala Paulo VI, no Vaticano, os membros da Associação Família Espiritual Charles de Foucauld.

Após expressar sua satisfação em encontrá-los e partilhar com eles a alegria pela canonização do Irmão Charles, no domingo, 15 de maio, o Santo Padre definiu o novo Santo um profeta do nosso tempo, que soube trazer à luz a essencialidade e a universalidade da fé, duas palavras em torno das quais Francisco articulou e desenvolveu seu breve discurso.

Essencialidade

essencialidade, condensando o significado do crer em duas palavras simples, nas quais está tudo: “Iesus – Caritas”; disse o Santo Padre, e, sobretudo, voltando ao espírito das origens, ao espírito de Nazaré.

Francisco fez votos de que também eles, como o Irmão Charles, continuem a imaginar Jesus caminhando no meio povo, que leva adiante pacientemente um trabalho árduo, que vive na cotidianidade de uma família e de uma cidade. “Como o Senhor fica contente por ver que o imitamos no caminho da pequenez, da humildade, da partilha com os pobres!” – enfatizou.

Charles de Foucauld, no silêncio da vida eremita, em adoração e serviço aos irmãos e irmãs, escreveu que enquanto “somos levados a colocar em primeiro lugar as obras, cujos efeitos são visíveis e tangíveis, Deus dá o primeiro lugar ao amor e depois ao sacrifício inspirado pelo amor e à obediência derivada do amor”.

Universalidade

Em seguida, Francisco destacou a universalidade. “O novo Santo viveu seu ser cristão como um irmão para todos, a começar pelos pequenos. Seu objetivo não era converter outros, mas viver o amor gratuito de Deus, vivendo ‘o apostolado da bondade’.”

Assim ele escreveu – prosseguiu o Pontífice: “Quero acostumar todos os habitantes cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras a considerar-me como seu irmão, o irmão universal”. E para fazer isso, observou o Papa, ele abriu as portas de sua casa para que ela pudesse ser “um porto” para todos, “o teto do Bom Pastor”.

Francisco agradeceu os presentes por levarem adiante este testemunho, que faz muito bem, “especialmente em um tempo em que há o risco de fechar-se nos particularismos, de aumentar a distância, de perder de vista o irmão. Infelizmente, vemos isso nas notícias de todos os dias”, frisou.

Testemunho do Papa: espiritualidade de Foucauld em sua vida

Antes de despedir-se, o Santo Padre deixou um seu testemunho sobre o novo Santo:

E também eu gostaria de agradecer a São Charles de Foucauld porque sua espiritualidade me fez muito bem quando eu estudava teologia, um tempo de amadurecimento e também de crise, e que me chegou através do Padre Paoli e através dos livros de Boignot que li constantemente, e me ajudou muito a superar crises e a encontrar uma forma de vida cristã mais simples, menos pelagiana, mais próxima do Senhor. Agradeço ao Santo e dou testemunho disso, porque me fez muito bem.

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